Fanfic: A Ilha das Ilusões *Adaptada* dyu (Terminada)

— Quanto tempo deverá durar? — ela gritou, segurando-se no banco, enquanto Chris lutava para conservar o carro estável.

— Está nas mãos de Deus — ele respondeu, também aos berros. — Algumas horas ou uns dois dias. Nós estaremos seguros em casa.

Se é que conseguiremos chegar lá. Dulce pensou. Lutava contra o medo que a invadia e fazia força para ficar sentada no banco. Jenny não dissera uma palavra desde que tinha entrado no carro, mas não parecia aterrorizada. Provavelmente estava acostumada a tais caprichos da natureza, ou então estava muito confusa para perceber o que acontecia lá fora. Dulce rezava, apesar de achar pou­co provável, para que ela não tivesse ouvido o que Chris havia dito. Era muito cruel. Como esperar que uma criança entendesse os sentimentos de um homem que tinha vivido com ela durante nove anos com aquele tipo de dúvida? Se ao menos pudesse encontrar uma maneira de convencê-lo de que ele estava errado. Mas como? Chris não ia acreditar nunca, porque simplesmente não queria. Se aceitasse a filha de Helen como sua própria filha, perderia o prin­cipal motivo para desprezar a memória dela.

Foi um verdadeiro milagre eles conseguirem chegar a Silverwood. Anna os esperava no hall. As janelas estavam fechadas com barras, o todos os móveis tinham sido retirados da varanda.

— Você não pode sair de novo com esse tempo! — Dulce implorou, assustada, quando Chris caminhou para a porta.

— Tenho que chegar ao porto enquanto ainda é possível. Vamos precisar de toda ajuda para manter aquele navio atracado.

—  Você quer dizer que o vendaval ainda pode piorar? — per­guntou, apreensiva.

—  E bem possível. Não saia novamente, por nenhuma razão. Ouviu bem? Volto quando puder,

Tamu e um outro empregado correram para a porta quando ele saiu, trancando-a em seguida. Lá dentro o barulho do vento era mais suave, mas nem por isso a tensão diminuíra.

— Não se preocupe, Chris sabe o que faz — Anna disse, tentando acalmar Dulce. — Onde vocês estavam quando começou?

— Taki Hill. Chris achou perigoso ir até Tuhai quando percebeu que a tempestade estava chegando, embora eu não consiga imagi­nar como ele adivinhou isso.

—  É uma sensação que fica no ar e a gente não esquece. Na verdade, eu esperava que ele cancelasse tudo hoje de manhã.

—  Acho que ele não queria desapontar Jenny. — Dulce olhou preocupada para a menina, que andava de um lado para o outro dentro da biblioteca, com as mãos nos bolsos. — Essas coisas não a afetam nem um pouco?

—  Não que eu tenha reparado. — Anna tentava disfarçar seu nervosismo movimentando-se sem parar.

— Nós não podemos ficar sem fazer nada. Vamos tomar chá. E muito cedo, mas que fazer?

Como Chris tinha previsto, a tempestade aumentou com o cair da noite, quebrando telhas e batendo as janelas contra as barras de segurança. Apesar do barulho, Jenny foi para o seu quarto na hora habitual, sem ter dito mais que algumas poucas palavras des­de que voltara para casa. Dulce sentia que não podia fazer nada para consolá-la, enquanto não soubesse o que ela havia escutado. Sempre existia a possibilidade de que seu estado de ânimo fosse simplesmente pelo fato de ter visto ela e Chris juntos, e tão absortos que nem haviam notado a sua presença. Se fosse isso, ela sem dúvida logo melhoraria. Dulce só podia esperar que estivesse certa!

Era besteira esperar que Chris voltasse aquela noite, é claro. Mas Dulce ficou esperando, assustando-se com todos os barulhos que ouvia, sempre na esperança de que fosse o carro dele. Nem ela nem Anna tinham vontade de deitar. De qualquer modo, era im­possível dormir. Elas ficaram ouvindo música e lendo, com a luz fraca fornecida pelo gerador de emergência.

Nas primeiras horas da madrugada a tempestade finalmente acabou, tão subitamente quanto tinha começado, deixando no ar um silêncio mortal. As duas mulheres levantaram-se das cadeiras onde estiveram sentadas durante todo o tempo e, de comum acordo, foram olhar lá fora. Mesmo à luz da lua, a devastação causada era de espantar. Anna, entretanto, reagia com um aparente descaso, como seja estivesse acostumada com aquilo. Sem dúvida o prejuízo parecia pior do que era, na realidade. A operação de limpeza só poderia começar com o raiar do dia, o que demoraria ainda umas duas horas. Agora que as coisas tinham acalmado, deitar parecia a única idéia sensata.

Deitada em sua cama, solitária, Dulce procurou não se preocupar demais com o fato de Chris ainda não ter voltado. Devia ter muita coisa para fazer no cais antes que acabassem de carregar o navio. Isso sem falar dos nativos. Aquela hora, a clínica devia estar lotada, sem dúvida, com os acidentes causados por destroços carregados pelo vento, ou com os incêndios nas casas. Agora entendia por que as cabanas dos nativos eram construídas de materiais leves: eles quase não machucavam quando caíam sobre as pessoas, e davam poucos prejuízos se fossem carregados pelo vento.

Embora Dulce não acreditasse que tempestades como aquela fos­sem de fato muito frequentes em Mataleta, começou a pensar que, quando elas vinham, fosse para valer. Por isso todos estavam sem­pre preparados para enfrentá-las.

Parecia ter demorado séculos antes que ela, finalmente, conse­guisse dormir.

Bem gente por hoje é só a wn ta entrando na reta final naum deixem de acompannhar e comentarr