Fanfic: *Pedazos* - Vondy | Tema: Vondy - Amor - Drama - Ódio - Passado.

Eu já havia chegado ao restaurante fazia meia hora e nada do tal “advogadinho eficiente” que Pablo estava mandando. Já estava cansada de ficar ali bebendo aquele vinho horrível e revisando a cada minuto todos os documentos necessários.

Mas vinte minutos se passaram e nada desse homem chegar eu resolvi ir embora, deixei o dinheiro do vinho – horrível. Me deu vontade de não pagar – e me levantei, quando eu ia saindo esbarro em alguém, me viro e dou de cara com um homem de olhos castanho-claros me observando.

- Você é Dulce? – Ele perguntou sorrindo.

- Sim. – Respondi o fitando, séria.

- Sou Christopher, Christopher Uckermann, seu advogado. Prazer. – Ele disse estendendo a mão. Eu observei por uns segundos até que ele retirou a mão quando viu que eu não iria apertar. – É, me desculpe pelo atraso. Tive uns problemas no escritório e o transito não está bom. – Ele sorriu novamente.

- Você se atrasou cinquenta minutos, Sr. Uckermann. – Disse o fitando com dureza.

- Bem que Pablo me avisou que você era uma pessoa super amável. – Sussurrou. – Me desculpe. Eu já disse o motivo.

- Veja se da próxima vez, chega no horário certo. Não tenho tempo, muito menos paciência para esperar-lhe. – Disse dura.

- Vou tentar madame. – Ele respondeu com um certo tom irônico na voz.

- Vamos, entre. Temos muito o que tratar. – Falei entrando novamente e me sentando.

Ficamos algum tempo lendo o cardápio e percebi que às vezes ele me olhava discretamente. Mas não tanto que eu não pudesse perceber.

Depois de minutos lendo e relendo o cardápio. Escolho um Böhmische Lendensteaks – Lombo à Boêmia – E peço. Ele pediu um Knodel. Até que iniciamos nossa conversa sobre negócios.

Estávamos falando sobre as ações. Grande parte estava comigo, porém havia uma pequena parte com minha mãe. Esta empresa, herdei do meu pai, que faleceu de um Enfarte Agudo. Só que quando ele ainda era vivo, passou 10% das ações para minha mãe, e mesmo que seja uma quantia um tanto pequena, preciso desses 10% para poder fazer as mudanças que pretendo fazer. O problema é, que minha mãezinha se recusa a vender essa parte, e então eu vou ter que optar pela negociação. Christopher, meu mais novo advogado, me ajudará com isso.

- Então está certo. Podemos entrar com o negócio. Há mais alguma coisa que queira saber? – Perguntou-me.

- Não. Quero essa parte das ações em minha mão até o fim do ano. – Disse por fim.

- Terá antes disso. – Falou me lançando um sorriso, que não fiz questão de retribuir.

- Assim espero. – Disse me levantando. – Bom, já vou indo. Até a próxima reunião Sr. Uckermann.

Ia saindo quando ouço alguém me chamar.

- Srtª Saviñon! – Ouvi a voz de Uckermann soar em meus ouvidos e me virei. – Adorei conhece-la, espero vê-la novamente. – Falou me fitando. O olhei friamente.

- Até a próxima reunião. – Dito, me virei e sai dali o mais rápido possível. Novamente, lembranças.

- “Sabe, te conhecer foi a melhor coisa que me aconteceu”.

- “Nossa sou tão boa assim?”

- “Não. Você é a melhor. E minha, só minha”.

- Só sua...

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- “NÃO. – Foi seu último grito antes de apagar completamente.”

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Narradora On.

Aquelas lembranças só martelavam em sua mente. Porque logo hoje, tudo aquilo que queria esquecer estava voltando para atormentá-la?

Pegou seu carro e foi em direção à sua casa. Não teve mais ânimo para voltar ao trabalho. Chegando em casa vai à procura de Anahí, a mesma estava dormindo no sofá. Dulce sentou-se ao braço do sofá e acariciou o cabelo de Anahí que estava jogado em seu rosto.

- Ah, se você soubesse o quanto eu sofro e preciso de você. – Disse deixando uma leve lágrima descer por seus olhos.

Ela foi até o quarto, vestiu uma camisola preta e larguinha, como sempre usava. Pegou seu travesseiro, deitou-se no chão perto o bastante do sofá, onde pôde capturar a mãe de Anahí e acaricia-la. “Como eu tenho saudades de me divertir com você, sair, passear, nosso tempo juntinhas”. – Pensou – Ela tinha vontade de voltar a ser a Dulce feliz de antes. Mas, a felicidade estava longe dela. Seu coração estava em pedaços. Ela queria, mas não conseguia. E logo hoje, tudo estava fazendo-a recordar de todo o passado que viveu. De tudo que sofreu.

E foi assim que adormeceu. Em meio aos pensamentos, e com a mão agarrada a de Anahí. Passado algum tempo a loira desperta e percebe a mão de Dulce sobre a sua. Ela sorriu, retirando a mãe vagarosamente para não acordá-la. O que infelizmente não foi possível, Dulce acordou.

- Desculpa, tentei não acordar você, mas não deu muito certo. – Ela disse com um sorriso amarelo.

- Sem problemas. – Dulce respondeu levantando-se e se espreguiçando.

- Sabe, tive um sonho estranho. – Anahí começou fazendo uma expressão diferente.

- Que sonho? – Perguntou ela, enquanto coçava os olhos. Ainda sentia sono.

- Sonhei que você estava sentada acima de minha cabeça, acariciando-me e dizendo palavras tão lindas. – O que Dulce não sabia, era que Annie tinha escutado tudo o que ela tinha dito.

- Ah! – Exclamou nervosa. “Annie escutou. Mas, como?” – Pensou – Deve que foi realmente um sonho, não?

- Parecia tão real. Era como se realmente as palavras “Como eu tenho saudades de me divertir com você, sair, passear, nosso tempo juntinhas” tivessem saído de você. – Ela estava a provocando. Sabia que Dulce havia dito isto. Mas queria que saísse de sua própria boca.

- Ok. Annie, você venceu. Sim, fui eu que disse isso. Pare de mandar indiretas. – Disse revirando os olhos.

- Dul, isso que eu queria falar com você. Sei que você se faz de durona e fria pelo que aconteceu. Não adianta me negar. Mas porque tem que descontar nas pessoas o que você sofreu? Porque não tentar ser feliz de novo? Não custa nada. Cadê aquela Dulce alegre, feliz e sorridente que eu conheci? – Anahí tentava convencê-la, mas Dulce Maria estava machucada. Não seria tão fácil reconstruir tudo outra vez. Seu coração estava destroçado e Anahí sabia disso.

- Ela morreu. – Disse friamente enquanto observava a parede sem um olhar fixo.

- Não pode deixar ela morrer. Dulce, não destrua sua vida por causa do sofrimento que outras pessoas lhe causaram. Olha pra mim. – Dulce a fitou. – Eu, mesmo com tudo que já passei, continuo firme. Continuo amando e agora estou grávida. – Os olhos de Anahí se enchiam de lágrimas. – Eu sei que você consegue. A Dul que eu conheço, e amo ainda está aí dentro. Ela não morreu.

Dizendo isso, se virou e foi em direção ao quarto. Dul ficou ali, pensando nas palavras de Anahí, e ao mesmo tempo flashes de tudo o que aconteceu voltaram ao seu pensamento.

Enquanto uma parte dela desejava viver, outra, estava morta.

“Definitivamente não, a vida não ajuda em nada”.