Fanfic: Acaso do Destino | Tema: Levyrroni

Tentou convencer-se de que andava estressada, por estar prestes a retornar aos deveres e às núpcias iminentes com um homem que jamais viu, sequer em fotografias, porém nada disso nunca interferiu com uma apresentação. Sempre adorou cantar. Adorava o públi­co comovido, as notas graves do baixo reverberando através dela. Não, não era o imperioso regresso a Londres que a deixou apreen­siva. E tampouco o casamento com um desconhecido. Foi este ho­mem.

WLevy— Por que Itália? - ele indagou, rompendo o silêncio.

MPerroni— Como assim?

WLevy — Por que cantar aqui? Por que não Londres?  Ela relaxou um pouquinho. Não seja paranóica, ajuizou, com certeza ele não sabe quem você é. — Não deseja cantar em Londres?

Londres. Era lógico que não poderia cantar lá.

MPerroni — Itália é... o meu lar.

WLevy — Nasceu aqui?

MPerroni — Minha mãe nasceu - acrescentou, assumindo a personagem que incorporou logo ao chegar.

Há 11 meses escurecera o cabelo castanho-claro, adotara um sotaque, e até usava óculos espalhafatosos para permane­cer incógnita. A Princesa Maite desaparecera. Lupita tomou seu lugar.

WLevy — Sua mãe é uma cantora também?

MPerroni — Por que tantas perguntas? — Era — corrigiu. — Antes de casar. Antes de morrer.

Ao contrário das irmãs mais velhas, Maite não se recordava dos pais. E era a mãe, em particular, que Maite mitificava. A mãe, Star, fora uma lendária cantora pop. E desistiu de tudo para desposar um príncipe estrangeiro. Muito irônico que Maite desistisse de tudo - titulo, país, prín­cipe - para tornar-se Star.

WLevy — Então Lupita é seu verdadeiro nome?

MPerroni — Mais ou menos.

A intensidade dos olhos dele fez sua pele titilar. Era quase como se a conhecesse. Clamasse. Ridículo.

WLevy — Mais ou menos — ele imitou. — Então mentiu...

MPerroni — Não menti.

WLevy — Mas não foi honesta.

Jamais fora confrontada por ninguém com tamanha autoridade. Ele exalava poder. Um poder esmagador.

MPerroni — Vivo no centro das atenções. É fundamental proteger minha indentidade.

WLevy —Tarde demais. Os pêlos na sua nuca arrepiaram. O que ele sabia? — Você me lembra alguém...

MPerroni — Sempre dizem que pareço alguém.

O sorriso de William não poderia ser mais falso. É claro que ele sabia quem ela era, Ela era a sua prometida.