Fanfic: Acaso do Destino | Tema: Levyrroni

Atrás do bar, no toalete apertado,  Maite usou um removedor de maquiagem para atenuar  o  delineador negro  em  torno dos olhos.  —Tem certeza que quer fazer isso? indagou ao próprio refle­xo. Porém Maite já sabia a resposta. Sim. E muito. Will pôs-se de pé quando Mai ressurgiu. Retirara a maquiagem pesada e vestira um jeans bem justo e uma camisa branca transparente  com dois botões abertos, deixando a mostra uma parte dos seios e do sutiã de renda.  Parecia ainda mais jovem.  E em um piscar de olhos o corpo dele tomou vida, a pélvis abrasou, em um surto quase febril a deixava louco. Acontecia o mesmo para ambos, Mai corou ao pressentir que Will a observava conforme se aproximava da mesa e, relutante, confrontou o semblante especulativo. Quando os olhos se encontraram, sentiu a mesma adrenalina maluca que experimentava no palco, quando vestia uma micro-saia com botas na altura das coxas.

WLevy —Sabe o que está fazendo, Lupi?

Ela forçou um sorriso ao mesmo tempo corando.

MPerroni —Espero que sim.

Saíram da boate, na cálida noite de junho, e Maite relaxou. Adorava ser autêntica. Maite esqueceu-se de quando a vida do Palácio a irri­tava, mas com a partida das irmãs passou a execrar a rotina. Odiava as formalidades, as cerimônias intermináveis. Anne era ótima para apertar mãos e beijar bebês. Dulce era a oradora suprema e colérica da família Real. Mas Maite julgava a constante demanda complicada e, quando a avó morreu, o fardo tornou-se intolerável. Como poderia sorrir se perdeu a única pessoa que a amava acima de tudo? E agora devia agir feito adulta e voar rumo a Londres amanhã. Porque Dulce suportou os deveres como Anne, e Maite cumpriria a sua parte, também. Pelos avós, senão por nada mais. Maite escutou os passos de ambos retinindo no pavimento ao caminharem calados. O TripAdvisor ficava logo adiante, e o quarto crescente irradiava um pálido luar. Amanhã à noite estaria em casa. Uma semana depois seria a festa do 85° aniversário do avô. Em seguida, o casamento. E ela seria Sua Alteza Real, a Princesa Perroni Levy.

WLevy —Esse foi o segundo suspiro - comentou Will, antes de abruptamente estender o braço na frente dela, detendo-a no meio-fio. Um táxi passou a toda, quase arrancando os paralelepípedos. Maite estremeceu quando a manga do terno roçou a blusa deli­cada.

MPerroni —Eu estava distraída - declarou, repelindo-o.

WLevy—Você é incorrigível.

MPerroni —Não sou. Vou a pé para casa toda noite, e conheço a cidade...

WLevy —Onde você mora?

MPerroni —A uns seis, sete quarteirões daqui.

WLevy —E vai andando? Sozinha?

MPerroni —Já que desaprova quase tudo o que digo ou faço, por que vai me levar para jantar?

WLevy—Estou tentando entender você.

MPerroni —O que há para entender? Tenho 22 anos, sou independente. Faço o que quero, vou aonde quero.

WLevy —Mesmo se isso a coloca em perigo?

MPerroni —Não estou em perigo.

WLevy —Como sabe que eu não sou perigoso?

MPerroni —Boa pergunta?  Maite não sabia. Ou sabia? Fitou-o, cismada, estudando as feições austeras. Tudo bem. Ele a assustou. Mas não ele não era violento. Controlador, sim.  —Você não me machucaria. Não é desse tipo de homem. Ele resmungou em italiano, e ela discerniu uma dupla de seletos palavrões junto com um enigmático

"você não sabe".

Voltaram a caminhar e atravessaram a Praça.