Fanfic: ♥O Duque e Eu♥(Adaptada) | Tema: Vondy

CAPÍTULO 17

Dizer que os homens são teimosos como mulas seria insultar as mulas.

REVISTA DE SOCIEDADE DO LADY WHISTLEDOWN,

2 de junho de 1813

Afinal, Dulce fez a única coisa que sabia fazer. Os Saviñón sempre tinham sido uma família muito escandalosa, e nenhum deles era muito dado a guardar segredos ou rancor.

Assim tentou falar com Christopher. Raciocinar com ele.

Pela manhã não tinha nem ideia de onde tinha dormido Christopher; embora sabia onde não o tinha feito: em sua cama o encontrou no escritório. Era um aposento escuro e terrivelmente masculino, certamente decorado pelo pai de Christopher. Dulce estava muito surpreendida que estivesse à vontade ali porque odiava tudo o que lhe recordava ao defunto duque.

Entretanto, Christopher não estava a desgosto. Estava sentado na poltrona da escrivaninha, com as duas pernas insolentemente apoiadas em cima do couro que protegia a preciosa madeira da mesa. Na mão tinha uma pedra polida que fazia girar uma e outra vez. Na mesa, junto a ele, havia uma garrafa de uísque e Dulce soube que estava ali toda a noite.

Entretanto, não tinha bebido muito. Dulce agradeceu.

A porta estava entreaberta, de modo que não bateu. Mas tampouco foi tão atrevida para entrar diretamente sem dizer nada.

-Christopher? -disse, de pé, perto da porta.

Ele a olhou e arqueou uma sobrancelha.

-Está ocupado?

Deixou a pedra na mesa.

-Obviamente, não.

Dulce apontou a pedra.

-É de suas viagens?

-Do Caribe. Uma lembrança da praia.

Dulce viu que falava perfeitamente. Não havia nem rastro da gagueira da noite anterior. Agora estava mais tranquilo. Tanto que quase doía.

-A praia do Caribe é muito diferente da daqui? -perguntou.

Christopher levantou uma arrogante sobrancelha.

-Faz mais calor.

-Oh. Bom, isso já o supunha.

Olhou-a fixamente.

-Dulce, sei que não veio para falar do tempo no Caribe.

Tinha razão, sim, mas Dulce sabia que não ia ser uma conversa fácil e não achava que fosse uma covarde por querer adiá-la uns minutos.

Respirou fundo.

-Temos que falar do que se passou ontem de noite.

-Estou certo de que acha que temos que fazê-lo.

Dulce fez um esforço para não jogar-se sobre ele e lhe tirar aquela impassível expressão do rosto.

-Não é que ache. Sei.

Christopher ficou calado um momento e depois disse:

-Lamento muito que sinta que a traí...

-Não é isso, exatamente.

-... Mas deve recordar que tentei evitar este matrimônio.

-É uma bonita maneira de dizê-lo, sim senhor - sussurrou ela.

Christopher falou como se estivesse fazendo um discurso.

-Sabe que nunca quis me casar.

-Esse não é o problema Christopher.

-É exatamente o problema. -De repente, desceu as pernas ao chão, levantou-se e a cadeira, que se tinha estado balançando sobre as duas pernas posteriores, caiu para trás fazendo muito ruído - por que acha que queria evitar o casamento com tanta determinação?Era porque não queria ter uma esposa e depois lhe fazer dano negando os filhos.

-Nunca pensou em sua esposa potencial - respondeu Dulce-. Só pensava em você.

-Talvez - disse ele-, mas quando essa esposa potencial foi você, tudo mudou.

-Ao que parece, não - disse ela, acidamente.

Christopher encolheu os ombros.

-Sabe que a tenho na mais alta estima. Nunca quis fazer-lhe mal.

-Pois agora me está fazendo isso - sussurrou ela.

Christopher teve um momento de remorso, mas em seguida o substituiu por determinação.

-Se recorda, recusei me casar com você inclusive quando seu irmão me pediu isso. Inclusive -fez uma pausa- quando significava minha própria morte.