Fanfic: Fanfic sem Título

Capítulo 3
O Jantar

     Durante o jantar, sentei-me a mesa com minha mãe e a fiquei observando saboreando aquela comida. O silêncio era tamanho que só podia-se ouvir o som agitado dos talheres no prato de minha mãe. A noite estava tranqüila, passando ainda mais essa sensação de calmaria sob o jantar a luz de velas.

- Nem me lembro qual foi a última vez que jantei a luz de velas! - brincou minha mãe suspirando.
- Então acho que faz tempo mesmo que não acaba a energia de casa!

     Rimos da situação por alguns segundos. De repente comecei a me sentir um pouco zonzo e exausto. Parecia que eu tinha sido atropelado por um caminhão! - não que eu saiba como isso deve ser. Sentia-me fraco, sem forças, como se eu não fosse conseguir me levantar e sair andando.

     Minha mãe percebeu meu estado e tratou de me acalmar.

- Você deve estar já sem energias.
- E o que eu faço? Não me lembro de carregá-las e nem de me sentir assim antes.
- Você não se lembra porque nunca o fez!
- Eu nunca precisei sugar a energia de ninguém? De nenhuma pessoa?
- Nunca precisou e nem poderia! Caso não queira matar alguém.

     Naquele momento, minha mente foi invadida por uma lembrança de minha infância. Um episódio triste e que nunca foi muito claro para mim.

- Mãe, quando eu tinha dez anos, eu tinha aquele amigo... - antes que eu pudesse terminar minha fala ela me interrompeu.
- Alex, já faz tanto tempo! Não vamos falar disso agora!
- Sim, mas aquele amigo que eu tinha... - e mais uma vez fui interrompido.
- Venha! Vamos repor suas energias!

     Ela veio até mim e ajudou-me a levantar. Fui escorado nela a passos lentos até meu quarto.

- O que você vai fazer? Como vai repor minhas energias?
- Da mesma forma que venho fazendo há anos e anos! - sua resposta só aumentou ainda mais o mistério!
- Vamos mãe, me diga, como eu repus minhas energias todos esses anos se eu não me lembro de fazê-lo e nem de sentir esse mal estar?

     Ela então abriu a porta de meu quarto e pude avistar uma cotia!

- Mãe, o que uma cotia está fazendo no meu quarto?
- Shhh, quieto! Logo você vai se sentir bem.

     Ela tirou a luva de minha mão esquerda e pediu para que eu encostasse no corpo da cotia. Percebi o que ela estava querendo.

- Então quer dizer que todo esse tempo venho me alimentando energeticamente de... cotias? - eu disse ironizando a situação.
- Chega de gracinhas! Vai! Põe logo sua mão sobre a cotia.

     Atendi logo seu pedido, apesar de um pouco receoso. Levei minha mão lentamente até a cotia e ao encostá-la, foi como se o tempo tivesse parado. Senti um fluxo forte de energia entrando pelas minhas mãos e percorrendo todo o meu corpo! A sensação era maravilhosa demais! Eu podia sentir aquela energia preenchendo cada parte do meu corpo levando-me a um tremendo êxtase! Minha mão emanava um forte brilho branco azulado enquanto eu sentia a energia vital daquele pequeno animal sendo drenada para meu corpo.

     O resultado desta ação causava um barulho ensurdecedor, parecido com o barulho de uma turbina de avião! Era o som da energia sendo sugada. Um vento muito forte soprava sobre meu corpo causando-me sensações de levitação. Ao fundo, podia-se ouvir a voz apagada de minha mãe. Estava muito baixinha e eu não consegui descobrir o que ela dizia.

- Pare!Pare! Já chega! Vai matá-lo! Vai matá-lo!

     De repente o vento e o barulho sumiram bruscamente! Assim como o clarão branco azulado. Não sentia mais a energia entrando em meu corpo.

- Mais uma vez você não conseguiu parar! Quem sabe um dia você consiga se controlar.

     Eu havia sugado toda a energia vital daquele animal. Ele estava morto. Por mais estranho que pareça, não senti remorso. A sensação de sugar a energia, a sensação do poder que se sente é algo fabuloso demais. Eu estava me sentindo extraordinariamente bem! Eu podia sair correndo igual a um doido de tanta energia que eu sentia dentro de meu corpo. Sentia-me capaz de fazer tudo; o possível e o impossível. Apesar de me sentir tão bem eu não me sentia saciado. Parecia que faltava algo. Uma sensação bem estranha.

- Quero mais! - eu disse semelhante a um viciado implorando por sua droga.
- Você deve se controlar - disse minha mãe jogando um balde de água fria no meu desejo. - É normal você se sentir extasiado depois de absorver energia. Ponha sua luva de volta - peguei minha luva sobre a cama e a pus de volta em minha mão.
- Você viu o brilho que emanava de minha mão? Você ouviu o barulho? - eu dizia muito empolgado com toda a situação. Mas minha mãe não viu nada, aliás, nenhum humano pode ver essas coisas. Somente um vampiro energético é que enxerga e sente tudo isso.
- Essa sensação de "quero mais" você sempre irá sentir. Isso porque a energia vital dos animais é diferente da dos seres humanos. Você é um vampiro que precisa se alimentar da energia vital de humanos para se sentir devidamente carregado. Mas dá para "quebrar o galho" com a energia de animais, se é que me entende.

     Na hora passou pela minha cabeça que se sugar a energia de um animal já era absolutamente bom assim, imagine a energia de humanos! Bem, apesar de ter ficado curioso a respeito eu nunca seria capaz de matar alguém.

- Mãe, agora chegou a hora das explicações - acho que sempre irei conviver com as tais explicações. Mas eu queria muito saber como ela fez para me alimentar todo esse tempo sem eu saber de nada.
- É muito simples. Como você sabe, eu sempre escondi de você que você era um vampiro energético.
- Não precisa nem me lembrar!
- Pelo fato de eu não querer que você descobrisse sobre sua condição, eu tomava o cuidado de trazer pequenos animais, como gatos, cachorros e às vezes até aves, para te alimentar enquanto você dormia.

     Confesso que fiquei surpreso! Jamais imaginaria que todo esse tempo eu sugava energia de animais enquanto eu dormia! Por isso nunca desconfiei de nada. Nessa hora a luz de meu quarto se acendeu.

- Voltou a energia! - disse ela em um tom comemorativo.

     Ironicamente, eu não podia deixar de comparar que não só voltou a energia da casa como a minha própria também havia voltado.

- Bem Alex, agora que você já sabe de tudo e que não preciso mais esconder nada de você - mas sei que ela esconde ainda muita coisa de mim, como por exemplo, sobre meu pai - você pode buscar seu próprio alimento sempre que se sentir com seu mal estar. Agora, você deve aprender a ser independente.

     Senti que um novo capítulo de minha vida havia começado. Depois da descoberta e dos esclarecimentos, agora eu precisava me conhecer mais, testar meus limites, desvendar sobre meu passado. E quando eu digo passado quero dizer meu pai. Quero buscar minhas origens e aprofundar meus conhecimentos. A única pessoa que poderia me ajudar a entender isso tudo e desvendar parte da minha estória é meu pai. Como eu poderia encontrá-lo? Será que há outros como eu? Eu ainda tinha muitas dúvidas, mas por hoje já basta. Eu não queria chatear ainda mais minha mãe com esses assuntos.

- Alex, você tem que me prometer uma coisa.
- O que? - o fato de eu ter perguntado não significava que eu iria prometer.
- Você tem que me prometer que vai tomar cuidado para que ninguém descubra o que você é. Isso poderia ser muito ruim pra você. Ninguém pode saber da sua condição.

Continua...