Fanfic: Fanfic sem Título

Capítulo 4
Um Susto Em Pleno Dia

     No dia seguinte o sol brilhava forte ao contrário do dia anterior que estava nublado. Há muito tempo que eu não dormia tão bem e não me sentia tão disposto a encarar mais um dia. Passei pela cozinha e minha mãe estava tomando café.

- Bom dia mocinho! - disse ela com uma voz suave e cantarolando - Dormiu bem?

Na minha cara estava estampada a resposta.

- E como dormi!

    Após um gole de café, minha mãe fechou o jornal sobre a mesa e disse:

- Acordou cedo hoje! O que está planejando?

     Como assim? Será que a resposta não estava óbvia demais? Depois de ontem, sinto-me como se tivesse renascido! Sentei-me na cadeira, pus meus óculos e disse:

- Sexto sentido materno. Nunca falha!
- Meu sexto sentido não vai me contar tudo, portanto pode ir me dizendo - eu sabia que ela não iria gostar nem um pouco do que eu iria dizer. Mas eu precisava!
- Depois de nossa conversa ontem, sinto vontade de aprender mais, investigar, desvendar meu passado. Quero me conhecer melhor, saber mais da minha condição, explorar esse novo mundo que se abriu diante de mim!

         Minha mãe fez um breve silêncio. Eu sabia qual seria sua reação, mas ela sabia que não poderia me impedir.

- Está pensando em procurar seu pai? - disse ela com a voz baixa e preocupada. Após analisar a situação eu sabia que não poderia mentir, pois se eu quisesse encontrar meu pai eu iria precisar da ajuda dela.
- Sim! - ao que respondi, ela baixou a cabeça e respirou fundo. Não sei o motivo pela qual ela não aprovava esse encontro. Mas era como devia ser, não havia outra saída.
- Mãe, não sei nada a respeito sobre suas desavenças com meu pai, mas ele é a chave para todo o meu entendimento! Eu quero ir atrás dele para saber tudo o que me cabe.
- Você tem razão! Você não sabe nada a respeito por isso devia me escutar!
- Mas mãe, eu...
- Alex, entendo que você queira abraçar o mundo depois de ter descoberto tudo ontem! Mas me escute, pode ser muito perigoso!
- O que pode ser perigoso? Meu pai? Meu pai é uma ameaça?
- Não! Não é bem isso. Mas é que há fatos que você ainda não sabe sobre seu pai.
- Pois então me conte! - ela ficou ali parada me olhando, como se estivesse se segurando para não dizer o que eu precisava ouvir.
- Não é tão simples assim.
- Mãe, você percebeu que você está agindo igualzinho a ontem? Relutando em me contar o que é de meu direito saber? - ela desviou o olhar do meu e fez um breve silêncio.
- Tudo bem Alex. Sei que qualquer tentativa minha de impedi-lo será em vão. Se você deseja tanto assim saber, você vai saber somente através de seu pai. Eu não quero ser responsável em contar o porquê o deixei! - parecia que ela estava quase começando a chorar. Se estava mesmo eu não sei, pois apesar dos olhos úmidos, ela não derrubou uma gota sequer.

     Entretanto, ela finalmente deixou escapar uma coisa. Ela o deixou! Ela nunca mencionou nada a respeito do relacionamento dela com meu pai durante todos esses anos. E agora ela afirma que ela o deixou. Eu ainda anseio em saber mais sobre esta estória que a meu ver tem muita coisa por detrás.

- Tudo bem então! Eu vou descobrir sozinho! - eu já estava de cabeça quente com essa conversa. Eu achava que depois de nossa conversa ontem, minha mãe fosse se abrir mais comigo, mas vejo que me enganei. Não sabia quais os motivos dela, mas não custava nada se esforçar para me dizer. Dirigi-me até a porta em passos largos e rápidos. Nervoso, abri a porta exercendo um pouco de força a mais do que precisaria para abri-la. E ao sair, ouço minha mãe gritar de dentro de casa.
- Alex espere! - confesso que eu deveria ter esperado. Aliás, eu nem deveria ter saído. Após alguns passos comecei a sentir minha pele queimando gradativamente. Era uma dor terrível que doía de dentro pra fora. Era como se meu corpo inteiro estivesse em chamas bem no meio de um deserto árido. Voltei-me em direção da porta e minha mãe estava parada na mesma, tomada de espanto.
- Depressa Alex! Venha!

     Sem pensar duas vezes voltei correndo para dentro de casa completamente assustado e desnorteado. Minha mãe fechou a porta bruscamente e me deitou no sofá da sala.

- Mãe o que é isso? O que está acontecendo comigo? - eu estava em pânico, sem saber o que fazer ou o que dizer. Senti que minhas energias estavam esgotadas e logo veio aquele mal estar.
- Calma filho - disse minha mãe desesperada. Ela saiu correndo para fora de casa sem dizer nada. Fiquei ali deitado no sofá por alguns minutos quando ela apareceu com um gato de rua nas mãos.
- Depressa! Suga o gato!

     Tirei minha luva e encostei a palma de minha mão naquele pobre gatinho. Ao toque da minha mão senti abruptamente uma forte descarga de energia passando pelas minhas mãos e percorrendo por todo o meu corpo. Eu podia sentir nitidamente aquela energia se movendo velozmente dentro de mim causando uma sensação magnífica. O vento sobre meu corpo estava tão forte que eu parecia estar flutuando! O barulho de turbina de avião e a luz que saía de minha mão causavam-me espanto.

     De repente todo esse processo foi interrompido de forma brusca. O gato já estava morto. Eu havia sugado toda a sua energia e me sentia completamente renovado. Como era boa a sensação! Nessa hora minha mãe respirou aliviada. Eu também já estava mais tranqüilo. Olhei para meus braços e eles estavam vermelhos como se eu tivesse tomado sol demais.

- Não se preocupe, logo esse vermelhão vai sair - disse ela depois de me ver preocupado olhando meus braços.
- Mas o que é isso? O que aconteceu?
- Isso é o que acontece se você tiver contato direto com os raios do sol.
- Raios do sol? Como assim? Eu vou derreter se sair ao sol? - eu disse com ironia.
- Quase isso - não pude esconder minha cara de pavor pela resposta. - Você pode até sair à luz do dia, mas deve ter o cuidado de não deixar os raios do sol tocar em você.
- Mas o que tem no sol? Por que não posso me expor no sol?
- Pra falar a verdade não sei muito bem. Tudo o que sei é que seu pai me disse que os raios ultravioletas do sol causam algum tipo de reação no corpo de um vampiro energético. Mas ele não entrou em detalhes. Só disse para eu me atentar a isso.
- Ótimo! E quando pretendia me avisar sobre isso? Quando eu tivesse virado caveira?
- Desculpe filho.

     Levantei meu corpo permanecendo sentado no sofá. Ficamos por alguns minutos naquele silêncio desconfortante. É por isso que viemos morar aqui em Nova Estação. Fica pertinho da conhecida cidade da garoa! A região aqui é sempre chuvosa - definitivamente uma cidade onde na maior parte do dia permanece nublado era tudo o que eu precisava para sobreviver!

- Alex, sei que você vai procurar pelo seu pai.
- Pode apostar nisso!
- Você não vai precisar procurar por muito tempo. Ele está aqui em Nova Estação.
- Ele está aqui? - aquela afirmação me causava muita surpresa, afinal, ele está aqui há quanto tempo? Ele sabe que estou aqui?
- Mas onde ele está?
- Não sei a localização exata. Mas Nova Estação não é tão grande assim para atrapalhá-lo - e com certeza não vai me atrapalhar! Esperar o sol baixar era o plano mais inteligente a se adotar.
- Antes que você saia filho, você deve saber que você não é o único. Há outros como você por aí. E não são todos amistosos.

     Minha mãe levantou-se do sofá e foi até a mesa da cozinha. Ela voltou trazendo o jornal na mão.

- Veja isso! - peguei o jornal e li a manchete.

"MORTES MISTERIOSAS CONTINUAM ASSOLANDO NOVA ESTAÇÃO. Quatro corpos com idades entre 24 e 30 anos foram encontrados nesta última noite em frente à Igreja Nossa Senhora. A causa da morte continua um mistério, já que os corpos não apresentam qualquer tipo de ferimento. A polícia está investigando porém ainda não há pistas ou suspeitos."

- Por que está me mostrando isso?
- Porque o responsável ou os responsáveis por estas mortes são vampiros energéticos!
- E como você pode ter certeza disso?
- Ora pelas circunstâncias da morte. Os investigadores não conseguem concluir o que matou aquelas pessoas. Não há ferimentos de nenhum tipo de arma.
- Pois eu acho que deve ter sim uma explicação plausível para estas mortes. E não acredito que seja obra de vampiros energéticos.
- Alex, você não sabe o que está dizendo!
- Pois então vamos esperar a conclusão do caso!
- Alex, nem todos são como você. Por isso lhe disse que era perigoso sair à procura de seu pai. Você pode se envolver em situações perigosas com pessoas perigosas e...
- Mãe, eu já sou bem grandinho para me defender!

     Para mim a conversa já estava terminada! Fui para meu quarto para esperar o sol se pôr para que eu começasse minhas buscas. E com certeza, o primeiro lugar que eu iria visitar era essa Igreja, o local das mortes misteriosas! A longa espera deixou-me sonolento e acabei pegando no sono.

Continua...