Fanfic: noite com o inimigo ( adaptada AyA) | Tema: anahi e poncho/ ponny

Eles chegaram à casa, que estava em péssimo estado, mas que ainda mantinha a grandeza dos seus melhores dias. Enquanto esperava que Any o fizesse entrar, Poncho percebeu que a reviravolta da sorte entre as duas propriedades se tornara evidente, mas isto não lhe proporcionou nenhuma sensação de triunfo.

Any agradeceu silenciosamente a presença de Maria, que viera recebê-los, e lhe pediu para servir um café. Era importante que Poncho não percebesse como as coisas iam mal. Se ela lhe desse a impressão de normalidade, ele não iria rodeá-la como um abutre espreitando a carniça. Ela já falara demais na noite passada, de várias maneiras… Ficou corada ao se lembrar do beijo e disfarçou, levando Poncho até o escritório e esperando que ele não notasse como estava empoeirado. Ela foi diretamente até a mesa, pegou as cartas e entregou a ele, curiosa para ver a sua reação. Maria trouxe o café e Any o serviu, enquanto Poncho se sentava e lia as cartas. Ela se sentou do outro lado da escrivaninha e se deu conta de que suas pernas tremiam. Até o momento, o rosto de Poncho se mantivera impassível, mas, quando ele chegou à última carta, ela o viu contrair as narinas e ficar muito vermelho. Any sentiu uma pontada no estômago: já percebera que ele estava furioso.

— Esta assinatura não é minha.

— O seu nome está embaixo.

— Eu sei— falou ele bruscamente. — Mas a assinatura não é minha. — Ele pegou um papel e uma caneta sobre a mesa, assinou seu nome e entregou-o a ela. — A minha assinatura é bem diferente porque eu uso a mão esquerda.

Any constatou que a assinatura era completamente diferente, que não passava de um rabisco arrogante. Não precisava investigar se ele mentia. Poncho era orgulhoso demais para negar, se tivesse mandado as cartas: odiava-a e queira que ela fosse embora.

— Então, quem as mandou?

— As primeiras são do meu pai e de seus advogados, mas, depois que ele morreu, alguém começou a falsificar a minha assinatura. Acho que sei quem foi, mas preciso confirmar antes, se você concordar.

Any assentiu. Poncho tomou o café de um só gole.

— Já tomei o seu tempo demais. — Os dois se levantaram, e ela ficou aliviada por ele estar indo embora.

Any se sentia constrangida por saber que não fora ele quem mandara as cartas. Levou-o até a porta e perguntou, hesitante:

— Isso quer dizer que a pressão para que eu venda a propriedade vai parar? — Ela se deu conta de com quem estava lidando, quando ele se voltou e lhe deu um sorriso em que não havia nem um traço dê cordialidade.

— Na verdade, nada mudou, Any. Eu ainda quero que você vá embora, porque nunca mais quero ver um Portilla. Existem outros meios de persuasão, além de cartas. Meios muito mais agradáveis.

Any amaldiçoou a própria ingenuidade e a maneira como o seu corpo reagira quando ele dissera “agradáveis”.

— Eu disse uma vez e repito, Rodrigues: só sobre o meu cadáver. Eu não vou a lugar algum.

— E nós estávamos indo tão bem… Usando nossos primeiros nomes. Encare os fatos, Any. Você precisa de um investimento maciço de capital para fazer com que as vinhas voltem a ser lucrativas e, mesmo assim, serão precisos anos de boas safras para recuperar os danos que já foram feitos. Apesar de louvável, o seu diploma de nada adianta quando você não tem vinho e vinhedos férteis. Você não tem sequer eletricidade.

Any deu um sorriso, apavorada por ter lhe contado tanta coisa.

— Na verdade, nós temos eletricidade. Eu consegui pagar uma parte das contas. Não estamos tão mal. Agora, se já terminou a sua investigação, eu gostaria que você desse o fora.

Any ficou satisfeita por bater a porta na cara de Poncho, e só respirou sossegada ao ouvir o ruído do jipe se afastando. Apoiou-se na porta e afastou os cabelos do rosto, enquanto Maria aparecia, vindo da cozinha.

— Precisamos de mais diesel para o gerador. Ele parou novamente.

Any teria rido se não temesse acabar chorando. Mentira a respeito da luz para que Poncho não soubesse como estava vulnerável. A verdade é que as coisas estavam muito piores do que ele desconfiava. Ela precisava realmente procurar um investidor e sabia exatamente quem não deveria procurar… Any estremeceu levemente ao pensar que os outros métodos de persuasão de Poncho teriam muito a ver com lhe mostrar o quanto ela o desejava e, enquanto isso, em se vingar pela maneira como ela o rejeitara oito anos antes. E pelo caso entre sua mãe e o pai dele, que desencadeara aquela guerra. Sabia que, se permitisse qualquer intimidade entre ela e Poncho, ele teria o poder de destruí-la, e não queria lhe dar aquela satisfação.