Fanfic: noite com o inimigo ( adaptada AyA) | Tema: anahi e poncho/ ponny

A princípio, Any não entendeu, mas de repente processou as palavras e percebeu o jeito como Poncho a olhava. Ela soltou a mão dele, embaraçada por tê-la beijado. Estivera olhando para ele como se fosse uma tiete, e ele achava que… Ela ficou nauseada.

— Você acha que eu estou mentindo — falou ela sem expressão, consciente de que usava o roupão sem nada por baixo, e de ter se exposto. Como pudera esquecer que ele sempre pensava o pior a seu respeito? Só porque Poncho a protegera e fora cavalheiro? Ele não fizera nada que não faria por outra mulher em desespero. E ela vira um significado em tudo que ele fizera… Any desviou os olhos. Ainda que se declarasse inocente, seria a sua palavra contra a de Morales. — Afinal, por que lhe importaria?

Poncho sentiu um peso no peito. Acreditara em Any ao vê-la tão transtornada no corredor. Mas, quando enfrentara Morales, ele resmungara em voz pastosa:

— Com ciúmes, Rodrigues? Porque ela dormiu comigo, e não com você?

Ele vira tudo vermelho e, antes que percebesse, seu punho atingira a cara do homem. Poncho se reprovava por ter sido levado à violência — não tanto pelo que Morales fizera, mas pela possibilidade de que ela tivesse dormido realmente com ele. Há poucos minutos, quando ela lhe beijara os dedos e o fitara, ele quase mergulhara nos seus olhos azuis e se perdera — de novo. Da última vez que isto havia acontecido, ela o aniquilara. Ele não era mais um jovem imaturo, mas ela parecia ter lhe tirado uma camada protetora da pele, expondo novamente o seu eu mais escondido. Tentando se livrar do peso no peito, Poncho aparentou frieza.

— O que me importa é o fato de saber que um homem abusou de você. O resto não é da minha conta.

Any estava profundamente magoada por ele não confiar nela, e não acreditava que se deixara enganar por um pouco de ternura. Poncho provava o quanto ela era ingênua. Como se Alex Morales já não tivesse lhe mostrado.

— Tem razão. Não é da sua conta — falou ela friamente, voltando-se para pegar suas roupas no banheiro.

— Aonde você vai?

— Vou voltar para o meu hotel. O meu ônibus para Mendoza sai às seis da manhã.

Poncho soltou um palavrão que a fez corar.

— Você não vai voltar para aquele hotel. Já é tarde. Amanhã você voltará para casa comigo. Não vai fazer uma viagem de ônibus de 16 horas outra vez.

Any se irritou. Por que ele não a deixava ir embora?

— Eu acreditaria que você se importa, se não tivesse acabado de me acusar de dormir com um homem para garantir um benefício. Um homem violento! Francamente, o meu hotel infestado de baratas é mais atraente que a perspectiva de ficar aqui e ser julgada.

— Droga, Any. Eu consigo outro quarto, mas você não vai sair deste hotel nem que eu precise trancá-la aqui. Diga onde está a sua bagagem.

Any olhou para ele, fumegando por dentro e por fora.

— Diabos, Poncho Rodrigues. Você se acha tão perfeito? Como ousa se fingir de honrado, quando acha que eu não passo de uma prostit…

Poncho se aproximou rapidamente e ela recuou, com a pulsação latejando na garganta. Ele vibrava de raiva, mas não era por ela, e isto a abalou.

— O nome do hotel e o número do seu quarto, Any. Não vou aceitar “não” como resposta.

Para seu desgosto, quando Any pensou em voltar para o hotel pulguento e na torturante viagem de ônibus, teve vontade de chorar. Ainda se sentia fragilizada e vulnerável. Poncho achava que ela se vendera por suas terras, mas ainda insistia em cuidar dela, como se fosse um pacote desagradável que ele precisasse carregar.

Ele parecia determinado, e ela não duvidava que fosse capaz de trancá-la na suíte.

— Hotel Esmeralda, quarto 410.