Fanfic: Inocência cativa (Adaptada) Anahí & Alfonso | Tema: AyA romance

Uma página foi virada, e um par de sobrancelhas grossas ergueu-se.

– Aqui diz que você tem um bom conhecimento prático de gaélico.

– Estou um pouco enferrujada, mas morei até os 8 anos em Harris. Meu pai era veterinário. Fui morar em Londres depois da morte de meus pais. – Anny não tinha lembranças do terrível acidente do qual escapara ilesa.

Todos disseram que fora um milagre, mas Anny achava que milagres deveriam ser mais gentis.

– Então, viver e trabalhar nas Terras Altas seria retornar às minhas raízes, algo que eu sempre quis fazer.

A convicção de que sua vida – e talvez seu coração congelado – pertencia às Terras Altas a fez ignorar os conselhos e ir em frente com a candidatura ao cargo de professora principal naquela minúscula escola primária, em uma área isolada e linda da costa noroeste da Escócia.

Aquilo não era uma reação adversa ao ex, Mark, e ao casamento que quase se concretizara – e ela definitivamente não estava fugindo.

Cerrando os dentes, afastou aqueles pensamentos e endireitou a coluna.

Mark, a quem ela nunca conseguira persuadir a viajar para algum lugar sem sol e praia, muito menos ao norte da fronteira, teria ficado perplexo com a escolha de Anny, mas isso não era mais um fator a se considerar.

Ela era livre, e desejava a Mark e à modelo de lingerie dele toda a felicidade que ambos tanto mereciam. E se isso fizesse com que aquela loira magrela ganhasse 50 quilos, melhor ainda!

Anny podia não estar com o coração partido ou devastada – ela sabia o que era uma pessoa devastada, e tomara muito cuidado para evitar tornar-se uma –, mas era humana.

Ela iria provar para os incrédulos que era capaz, mas primeiro precisava do emprego. Afastando as dúvidas, forçou-se a continuar otimista, esperando desesperadamente que isso fosse o suficiente para convencer a banca de que merecia aquela chance.

Até ali, tudo bem. Mas será que aquele otimismo abriria as portas para que o destino a sabotasse?

Anny tentou se concentrar na pergunta que lhe era dirigida, determinada a não estragar tudo àquela altura do campeonato. Não estava ali apenas como mais uma candidata, como meio que esperava. A verdade era clara: ela realmente tinha uma chance.

Estava indo tudo bem.

Muito bem, ela se corrigiu em seu íntimo quando o presidente da bancada reclinou-se na cadeira e a encarou por sobre os óculos de meio aro, sorrindo pela primeira vez.