Fanfic: Dulce One-Shots | Tema: Dulce Maria, Anahi, Demi Lovato, Naya Rivera, Dianna Agron, Monica Raymund...

Jealous (Dulvato)

Eu não estava feliz. Para dizer o mínimo. Na verdade, se eu ficasse um pouco mais irritada, começaria parecer um desenho animado, com fumaça saindo das orelhas e um vermelho subindo pelo corpo até explodir minha cabeça.

Eu não deveria, na verdade. Eu tentava me convencer que não havia motivos para me sentir assim, mas, caramba, não havia como não sentir ciúmes da cena na minha frente.

Primeiro, porquê eu não sabia. Segundo, porquê ela não me contou. Terceiro, porquê mais ninguém sabe. Quarto, porquê ela não contou. Quinto, porquê só tem eles aqui.

Ok, tem mais duas pessoas no canto e elas estavam olhando atentamente, mas Demi tinha os braços em volta do pescoço dele e ria como se ouvisse a melhor piada do mundo.

Ela nunca, nunca, agia assim comigo em público. Mas com ele...

Tentei controlar minha raiva o máximo que podia e, respirando fundo, entrei no estúdio como se nada estivesse errado. Tudo estava errado.

Atravessei o lugar até as duas pessoas, que agora eu reconhecia. Um deles era Mitchell, o agente de Demi, que eu havia conhecido a quase dois meses. Ele foi extremamente gentil e pareceu querer discordar quando Demi falou que queria manter o relacionamento em segredo. O outro era o produtor musical, que eu havia esquecido o nome, mas ele tinha um sorriso enquanto olhava para a dupla no meio da sala de ensaio.

Parei ao lado de Mitchell, que me olhou na mesma hora e deu um pulo, parecendo assustado. Ele olhou para os dois, depois de volta para mim, para eles, para mim, para o chão, para o teto, para eles, para mim, e se levantou. “Ah, oi, eu não sabia que você iria vir aqui.”

“Pois é. Demi falou que tinha alguns ensaios hoje. Eu saí mais cedo das gravações e queria fazer uma surpresa.” Falei entre os dentes cerrados.

Ele acenou em acordo e coçou a nuca, parecendo bem desconfortável. “Uhun, e...” Outra risada interrompeu o que quer que ele fosse falar e agarrou minha atenção. O produtor estava com o celular na mão, gravando, e Demi parecia prestes a desmaiar de tanto rir. Joe Jonas estava rindo também, mas de uma forma mais controlada, com as mãos na cintura de Demi. Agora sim tem fumaça saindo da minha orelha.

“Acho que foi uma péssima ideia. Parece que estou atrapalhando algo por aqui.”

Mitchell abanou a mão na frente de seu rosto várias vezes. “Imagina, isso é...” Ele apontou para os dois, então abaixou a cabeça e suspirou. “Eu não sei o que falar.”

“Você nem precisa, não é você que eu namoro.” Bufei. “Ou namorava.”

O produtor guardou o celular. “Pronto!” Anunciou.

Demi, rapidamente, tirou as mãos do pescoço de Joe e tentou se afastar, mas ele continuou com as mãos em sua cintura. Mitchell agarrou minha atenção novamente. “Acho que você deve entender a situação primeiro, antes de tomar uma decisão precipitada que...”

“Mitchell!” Eu não queria gritar com ele, mas meu sangue já estava fervendo. “Eu já entendi.” Falei com a voz um pouco mais calma, mas ainda irritada.

“Dulce?” Virei-me para ver Demi se desvencilhando dos braços de Joe e caminhando até mim rapidamente. “O que está fazendo aqui?”

“Ah, você sabe, só vindo passar um tempo com a minha namorada, mas já vi que você está ocupada.”

“Ei, ei, ei.” Ela segurou meu braço quando me virei para ir embora. “O que foi?”

Eu queria lhe dizer exatamente o que estava errado, mas lembrei-me de que não estávamos sozinhas e que o motivo da minha fúria estava parado alguns metros de distancia, parecendo bem confuso sobre tudo. “Não vou falar sobre isso com você aqui.” Soltei seus dedos do meu braço e balancei a cabeça. “Termine o que quer que esteja fazendo, eu vou estar no meu apartamento.”

Saí antes que ela pudesse indagar mais alguma coisa. Eu precisava me resfriar antes de começar a conversa ou ia perder a cabeça completamente.

Por seis meses eu fiquei em silêncio e fiz o que ela quis. Mantive nosso relacionamento em segredo absoluto. Nem mesmo meus amigos sabiam, nem a minha família. Apenas nós duas, entre sete bilhões de pessoas. Mas me mantive firme, com o pensamento de que ela só precisava de um tempo para criar coragem de contar para sua família, depois amigos, depois fãs.

Porém, por seis meses, nada mudou. Fiquei quieta, sabendo como era difícil admitir algo desse tipo. Mas então eu vejo aquilo e posso pensar em outro motivo para ela não ter contado nada a ninguém. Ela não queria um futuro entre nós, era só diversão, algo para passar o tempo quando ela estava entediada. Faz todo sentido agora. E eu fui tão burra e caí na coisa mais velha do mundo.

Por incrível que pareça, eu cheguei ao meu apartamento depois dela. Demi estava sentada na garagem, ao lado da minha vaga, esperando. Ela parecia ansiosa e preocupada, mas saí do carro e fui para o elevador sem lhe dirigir a palavra. O caminho até meu apartamento foi constrangedor e eu tinha certeza que ela podia sentir a minha raiva em ondas até ela.

Bati a porta do apartamento atrás de nós e joguei meu casaco em qualquer lugar, antes de me virar e cruzar os braços para me impedir de fazer uma idiotice. “Quero que pegue suas coisas e vá embora.”

“Eu gostaria de saber o motivo, antes de tudo.” Ela rebateu com igual velocidade.

Ri amargamente e balancei a cabeça. “Não se faça de desentendida. Eu vi.”

“Eu não sei o que você acha que viu.”

“Por favor, Demetria, deixe as coisas mais fáceis para mim. Você estava praticamente se jogando nele, enfiando a língua nas amídalas dele.”

Demi balançou a cabeça em negação rapidamente. “Você não entendeu...”

“Eu entendi perfeitamente bem! Seis meses!” Exclamei. Meu coração se acelerou e eu podia sentir o tique em meu pulso esquerdo começar. Um claro sinal de que eu estava furiosa. “A porcaria de seis meses! Eu fiquei me esgueirando por aí, usando disfarces para ir até o seu apartamento, ficando trancada em casa enquanto você ia para restaurantes e o diabo à quatro. Eu não sei porquê, no inferno, eu concordei com tudo isso. E, no final, nada disso significou nada para você!”

“Você não sabe do que está falando!”

“Eu vi!”

“Você não sabe o que viu!” Demi segurou seus cabelos e puxou um pouco, parecendo frustrada. “A ideia não foi minha!”

“É claro. Eu também saio agarrando ex-namorados por causa da ideia dos outros.”

Ela bufou e balançou a cabeça, parecendo com raiva. Como se ela tivesse o direito de se sentir assim. “A ideia foi de Jason.”

“Quem diabos é Jason?!”

“É o produtor da gravadora!” Demi exclamou, acenando em volta como se tentasse me mostrar algo. “Joe e eu estamos ensaiando juntos para cantar em um dos meus shows. Ele disse que seria uma boa ideia lançar um vídeo de nós dois juntos, algumas fotos, mas não explicar o motivo.”

“Claro, porque todo mundo ia pensar logo em uma música entre vocês dois. Ninguém, nem um único fã seu, iria achar que é porque vocês estão namorando. Ainda mais daquele jeito!”

“Essa era a intenção! Eu não queria fazer isso no começo, mas Jason disse que iria dar uma boa publicidade. Já fiz isso com Joe antes, caso você tenha esquecido, namoramos de mentira por um ano inteiro.”

“Tão de mentira que até transavam.” Zombei.

Seus olhos pareciam escurecer quando ela apontou um dedo para mim. “Não ouse falar nada sobre isso! Pelo que eu ouvi, você já fez isso também.”

“Sim, eu fingi um relacionamento com um dos meus melhores amigos por dois anos para ninguém desconfiar da minha sexualidade, mas eu nunca, nunca, beijei ele. Em lugar nenhum. Seja em público ou em casa. Inventamos uma história e a ensaiamos, e nunca passou disso!” Defendi-me rapidamente. Minha falsa história com Poncho não era a questão ali. Eu nunca me joguei nele daquela forma. Caramba.

“Desculpe-me se eu acabei me apaixonando! Isso acontece o tempo inteiro.”

“Ah, meu Deus, você é apaixonada por ele!” Exclamei quando uma dor cruzou meu coração.

“Eu era. Passado.”

Suspirei e olhei para meus pés, tentando reunir meus pensamentos novamente. Por que estávamos ali de qualquer forma? Eu só queria me enrolar na minha cama e chorar até dormir. Tentar apagar as imagens da minha cabeça. Tentar apagar a dor que elas causaram. Não deveria ser tão doloroso assim. Mas foi. Porque eu me apaixonei por ela. Nunca falei isso em voz alta, porque, caramba, Demi ainda nem admitiu que tem um relacionamento comigo.

“Não parecia.” Murmurei, balançando a cabeça, então olhei-a de novo, não me importando que meus olhos estavam marejados, que meu queixo tremia e que minha voz estava embargada. “Não quando você estava segurando ele daquele jeito. Tão perto daquele jeito.”

“Eu já disse o que aconteceu.” Demi sussurrou.

“E você acha que dói menos? Acha que não machuca saber que você prefere que achem que você voltou com seu namorado de adolescência do que terem o mais breve pensamento de que você está comigo? Acha que eu não queria ser ele para você querer segurar minha mão em público, para falar comigo em público?” Eu não me importava com as lágrimas, elas podiam descer o quanto quisessem. Não me importava com mais nada. “Eu não aguento mais isso, Demetria. Sinceramente, eu não consigo mais ser o seu segredinho sujo.”

Demi sempre odiou o seu nome, mas eu sempre achei um dos mais lindos que conhecia, por isso a chamava assim na maioria das vezes. Ela costumava reclamar no inicio, mas quando comecei a sussurrar isso na cama, ela parou. Parecia ter se acostumado. Desejo não ter feito isso, porque agora vai ficar gravado na minha mente, como um mantra ou algo do tipo.

“Então, por favor, pegue suas coisas e vai embora.” Honestamente, ela só tinha uma escova de dentes e um par de camisetas na minha casa. Nem mesmo uma sacola seria necessária. Ela nunca trouxe mais do que aquilo, e até as camisetas ficaram lá porque ela esqueceu. Eu devia ter percebido antes, mas fiquei tão cega que não via o óbvio.

“Não.” Ela falou com a voz um pouco falha. Como se quisesse chorar também. “Por favor, não.”

“Não quero ser seu estepe ou algo do tipo. Cansei, de verdade.”

“Como você pode ser o meu estepe quando eu te amo tanto?”

Congelei. Fiquei lá, de braços cruzados, rosto manchado em lágrimas, olhos arregalados e tremendo. Não era de frio, mas eu tremia descontroladamente. “O que?” Consegui murmurar com um suspiro.

Demi se aproximou hesitantemente, antes de parar bem na minha frente, apenas alguns centímetros de distancia. “Eu me apaixonei por você. Percebi isso faz algumas semanas. Eu estava encenando, estava mentindo. Nada do que fiz ou disse para Joe era verdade. Ele é meu amigo, só isso. E eu sei que não é justo o que fiz, mas eu estou em pânico. E se as pessoas me odiarem? Eu não posso lidar com mais ódio.” Ela respirou fundo. “Mas eu vou dizer. Vou escrever uma nota, postar uma foto, gritar do topo de um prédio, qualquer coisa que você me pedir. Mas, por favor, não me faça sair. Não me deixe.”

“Eu não quero te obrigar a fazer algo que não quer. Não é justo com você, nem comigo.” Sussurrei. Não podia ser verdade. Eu já havia chegado na aceitação de que fui enganada, mas ela... Não, não é verdade.

“Que se foda isso.” Ela me puxou para perto, deixando nossos rostos a milímetros de distância, nossos narizes se tocando. “Eu te amo. Eu posso jurar por qualquer merda que você quiser, que eu te amo como eu nunca amei ninguém antes.”

No dia seguinte, havia uma foto nossa em seu twitter. Seu status de relacionamento foi alterado e o vídeo com Joe, apagado.