Fanfic: Pesquisa Erótica | Tema: Vondy

Dirigindo com as janelas abertas, ela inalou os odores das árvores brotando,

as flores florescendo e o cheiro da Terra encharcada pela chuva. Sorrindo, ela tinha

prazer em tudo que via, sentindo-se como se tivesse sido uma mulher cega que, de

repente, lhe foi concedido o presente da visão. Mesmo ao voltar à cidade — repleta

de tráfego agitado lotando as ruas, maldições, passageiros irritados, e táxis

vociferando suas buzinas — não fez nada para diminuir sua perspectiva nova e feliz

da vida. Pela primeira vez, sentia-se livre. Livre para traçar seu curso e alcançar

seus objetivos. Objetivos estes que nada a impediria de alcançar.

Entrando em seu apartamento exatamente uma semana após ter deixado a

cabana, Dulce jogou a mala no quarto e se aventurou pela pequena escada de

incêndio. Sorrindo, ela gritou “Olá” para o bairro antigo e familiar antes de entrar

para desempacotar sua roupa, ciente de que seu tempo neste apartamento estava

acabando. As mudanças estavam chegando. Ela não era a mesma menina

quebrada que tinha sido quando rastejara para dentro e decidira chamar o lugar de

casa dez anos atrás. Tinha bastante dinheiro no banco, uma carreira bem

sucedida, e opções — um montão delas.

Alcançando, ela ligou o rádio, o som de Gloria Gaynor cantando “I Will

Survive”, de repente permeando o quarto. Cantando junto, Dulce passou a tarde

inteira fazendo todas as tarefas que tinha passado a vida inteira adiando —

limpando closets e armários de arquivo, colocando sua antiga vida em caixas,

abrindo espaço para a nova.

O toque da campainha a afastou de seu trabalho, no momento em que o sol

estava se pondo e seu estômago faminto estava começando a resmungar. Uma

espiada pelo olho mágico revelou, para sua surpresa, que era Chris. Ele teria

recebido seu manuscrito? Era por isso que estava aqui?

Tomando uma profunda respiração calmante, ela abriu a porta. Deu um

passo atrás para vê-lo entrar com uma grande pizza e um pacote com seis

cervejas.

“Bem-vinda ao lar.” Passou por ela com apenas um olhar de lado a caminho

da cozinha.

Atordoada e sem palavras, ela observou enquanto ele colocava a cerveja na

geladeira e pegava um par de pratos do balcão. Ela, silenciosamente se maravilhou

com o fato de que o tinha visto fazer exatamente a mesma coisa milhares de vezes

e, ainda assim, mesmo este ato tão simples parecia diferente, especial.

“O-o que está fazendo aqui?” Ela perguntou, chutando-se pelo tremor leve

em sua voz.

Calma, Dulce. Muita calma.

“É quinta-feira, Dul. Noite da pizza,” ele respondeu, como se ela fosse

duas fatias curtas de um grande extra. “Trouxe uma suprema para comemorar seu

retorno.”

“Eu sei que é quinta-feira, mas como você sabia que eu estava de volta?”

“Eu prometi a sua senhoria vinte dólares se ela me ligasse quando você

retornasse. Recebi o telefonema esta tarde e acertei minha dívida no caminho.”

“Meu, não somos engenhosos?” Ela sorriu timidamente, tentando

determinar seu humor.

“Eu não estou sem meus recursos.” Ele retornou seu sorriso com um dos

seus lânguidos. “Você parece bem.”

Dulce sentiu as lágrimas entupirem sua garganta com suas palavras. Pela

primeira vez, suas próprias palavras lhe faltavam. Por que não conseguia dizer em

voz alta todas as coisas que achava tão fácil escrever no papel?

Ele limpou um lugar na mesa de jantar, agora cheia de caixas embaladas.

“Dando um salto na limpeza de primavera?”

“Algo assim. Fico surpresa por vê-lo aqui. Pensei que depois que deixou à

cabana—”

“Eu te fiz uma promessa,” ele disse firmemente.

“Uma promessa?”

“Prometi que não importava como coisas terminassem na cabana, ainda

seríamos amigos. Então, aqui estou eu.”

Embora as palavras soassem amigáveis, o tom foi forçado e Dulce soube que

tinha muito a fazer para compensá-lo. Ela o tinha machucado terrivelmente e ainda

assim seu coração inchou no conhecimento de que ele ia engolir o próprio orgulho

ferido para manter uma promessa para ela. Simplesmente quando pensou que não

poderia amá-lo mais, ele a surpreendia com sua bondade, quando tudo que ela

realmente merecia era seu desdém.