Fanfic: Fruto da Paixão | Tema: Vondy / Adaptada

Ele soava tão frio que Dulce  estremeceu. Christopher mantinha sua vida dividida em duas partes distintas, e era claro que nunca pensara permitir sua entrada naquela marcada como "pessoal".

— Mas se tivesse me contado, eu poderia ter... não sei... — ela fez uma pausa, sentindo-se impotente — ajudar de alguma maneira.

— Como? Não poderia trazê-lo de volta e eu não precisava de ajuda. Consegui lidar com meu sofrimento. — Não tinha procurado simpatia de ninguém, Christopher  pensou, estava determinado a lidar com a perda do pai a seu modo e seguir sua vida.

Depois da morte das gêmeas, a mãe tinha afundado numa depressão profunda que havia durado quase toda sua adolescência. Ficara chocado com o poder do amor e o via como uma emoção destrutiva que tinha devastado a vida de seus pais. Por isso decidira que nunca se renderia às próprias emoções.

Quando o pai morreu, a mãe ficou desconsolada e ele viu-se tendo de enfrentar o sofrimento dela mais uma vez. Mas o doce sorriso de Dulce e sua desembaraçada sensualidade tinham sido um contraponto agradável ao turbilhão emotivo de Alexandra Uckermann. Não queria falar sobre dor ou perda na época; queria esquecer tudo e desfrutar de seu corpo glorioso... até descobrir que aquele corpo não pertencia exclusivamente a ele.

A expressão de Christopher revelava que não aceitava bem a intromissão numa área de sua vida da qual nunca tinha falado antes, mas Dulce  insistiu, determinada a aprender mais sobre o homem que ainda continuava a ser um estranho para ela.

 — Chester disse que você teve de trabalhar duro para provar ao conselho da Uckermann que merecia suceder seu pai. Se tivesse me explicado por que praticamente vivia no escritório, eu teria compreendido.

— Mas acabou ficando cansada de me esperar e foi procurar sexo em outro lugar — Ucker deu uma gargalhada desagradável. — Mon Dieu, eu a satisfazia todas as noites, mas não era suficiente, não é. Você era insaciável, me queria manhã, tarde e noite. Como não lhe dei atenção suficiente, agiu feito uma garotinha mimada.

 — Não foi assim — Dulce se defendeu. — Só queria que tivéssemos a vida normal de um casal, que passássemos o fim de semana juntos. Mas você chegava em casa à meia-noite e me levava para a cama como se eu fosse uma... prostituta paga para lhe dar prazer. — Depositou a xícara com força sobre a mesa, o corpo tenso ao ver Christopher cruzar a sala e parar diante dela.

— Mas você era exatamente isso — respondeu selvagemente. — Eu a mantive como amante e paguei por todos os luxos que desejava em troca de seus... serviços. — O desprezo em seus olhos a deixou enjoada. Dulce  sacudiu a cabeça vivazmente.

 — Nunca pedi que me comprasse roupas ou jóias. Nunca pedi nada, só um pouco do seu tempo. Eu queria você, Christopher , não as coisas que poderia me dar — sussurrou.