Fanfic: Fruto da Paixão | Tema: Vondy / Adaptada

Capítulo 3

Com um leve murmúrio, liberou a respiração e olhou para o rosto de Christopher , notando a beleza máscula dos maxilares pronunciados e do queixo quadrado, e a maneira como uma mecha do cabelo negro caía sobre a testa. Os olhos eram do mesmo Verde da água de verão mediterrâneo — a mesma tonalidade dos olhos de Luna. O pensamento fez com que Dulce  voltasse à realidade e estranhasse a maneira como a filha parecia contente nos braços dele. Era uma visão com a qual sonhava freqüentemente, mas nem em suas mais loucas fantasias esperava que isso acontecesse.
— O que você está fazendo aqui? E desde quando virou tio de Luna ? — O choque parecia ter roubado suas forças e, para seu lamento, a voz soava pateticamente fraca.
Christopher permaneceu em silêncio, as sobrancelhas escuras franzindo de modo desagradável.
— Era mais fácil dizer aos funcionários do hospital que sou um parente... ou esperava que eu explicasse que sou o homem que você alegou ser pai de sua filha? — ele perguntou em tom cordial, sabendo que qualquer sinal de agressividade na voz assustaria a menininha em seu colo.
Dulce deu uma risada amarga.
— Não é mentira, Christopher ... Luna é sua filha.
— Pois sim! — Christopher  abruptamente apoiou Aimee sobre a cama. Sorriu tranqüilamente para o bebê, fazendo um esforço hercúleo para disfarçar sua impaciência. Não era culpa da criança, lembrou a si mesmo. Com seu *halo de cachos castanhos  e grandes olhos verdes, Luna  era um anjo. A mãe é que era uma mentirosa. Se Dulce  não parecesse tão frágil no momento, ficaria tentado a estrangulá-la por manipular aquela situação.
— Já passamos por isso dois anos atrás, Dulce, quando anunciou que estava grávida. Minha resposta é a mesma desde então — disse em tom frio. — Pode ter convencido sua avó de minha paternidade, mas nós dois sabemos que você não estava dizendo a verdade... não é?
— Nunca menti para você — Dulce disparou, magoada com o desprezo nos olhos de Alfonso. Era a mesma expressão que tinha visto ao contar que estava esperando um bebê... a descrença desdenhosa, seguida pela devastadora acusação de que ela o havia traído. A dor em seu coração não era menos intensa agora, apesar da passagem do tempo. Era estranhamente pior. Vê-lo novamente reavivava a agonia, queria que Christopher fosse embora antes que sofresse a humilhação suprema de descontrolar-se na frente dele.
— Não me importa mais o que pensa — ela disse, cansada, incapaz de conter um gemido quando Luna arrastou-se sobre ela, atingindo suas costelas, doloridas pela força do impacto contra o cinto de segurança. — Não sei o que está fazendo aqui, mas acho que é melhor ir embora.
— Acredite, não estou aqui por escolha própria — Christopher respondeu irritado. — Estava esta manhã no escritório em Londres para uma coletiva de imprensa em que anunciaria os lucros recordes da loja em Oxford Street quando sua avó apareceu com sua filha. Imagino que você tenha planejado o momento da visita para criar o máximo de impacto — acrescentou em tom áspero. — A acusação dela, de que Luna  é minha filha, foi ouvida por vários jornalistas e funcionários, e os rumores já chegaram ao conselho da Uckermann.

— Luna em Londres! Não entendo — Dulce disse, franzindo as sobrancelhas, confusa. — O hospital ligou para minha avó ontem pedindo que cuidasse de Aimee. Onde vovó está agora?
— Sobrevoando o Atlântico para começar um cruzeiro, imagino — Christopher replicou. — Ela disse que economizou por anos para fazer uma viagem ao redor do mundo e afirmou que nada, nem mesmo o fato de você estar no hospital, faria com que perdesse essa viagem.
Os olhos dele escureceram ao lembrar do encontro com Marta Saviñón.