Fanfic: Lua Nova AyA (Terminada)

Eu me dei conta do porque de os olhos dela estarem implorando pela minha compreensão. Ela estava protegendo Christian, á nossas custas, e talvez as custas de Alfonso também. Eu entendi, e não pensei mal dela. Eu balancei a cabeça.

- Contudo, será que Alfonso não poderia ouvir seus pensamentos? - eu perguntei. - Ele não ia saber, assim que ouvisse seus pensamentos, que eu estou viva, que não havia necessidade pra isso?

Não que isso fosse uma justificativa, de qualquer jeito. Eu ainda não acreditava que ele fosse capaz de reagir dessa forma. Isso não fazia nenhum sentido! Eu me lembrava com dolorosa clareza das suas palavras naquele dia no sofá, enquanto nós assistíamos Romeu e Julieta se matarem. Eu não ia viver sem você, ele havia dito, como se isso fosse uma conclusão muito óbvia. Mas as palavras que ele havia dito na floresta quando ele me deixou haviam cancelado essa coisa toda - forçadamente.

- Se ele estivesse ouvindo - ela explicou. - Mas acredite ou não, é possível mentir em pensamento. Se você tivesse morrido, eu ainda tentaria impedir ele. E eu estaria pensando `Ela está viva, ela está viva` o máximo que eu pudesse. Ele sabe disso. - Eu tranquei os dentes com uma frustração muda. - Se houvesse uma forma de fazer isso sem você, Any, eu não estaria te colocando em risco dessa forma. É muito errado da minha parte.

- Não seja estúpida. Eu sou a última coisa com a qual você deve se preocupar.- Eu balancei a cabeça impacientemente. - Me diga o que você quis dizer quando disse que odiava mentir pra Christian.

Ela deu um sorriso tímido.

- Eu prometi a ele que ia me mandar antes que eles me matassem também. Não é uma coisa que eu posso garantir, não por muito tempo. - Ela ergueu as sobrancelhas, como se estivesse desejando que eu levasse o perigo mais a sério.

- Quem são esses Volturi? - eu quis saber em um suspiro. - O que os torna tão mais perigosos do que Emmett, Christian, Rosalie e você? - era difícil imaginar uma coisa mais assustadora do que isso.

Ela respirou fundo, e então abruptamente deu uma olhada obscura por cima do meu ombro. Eu me virei a tempo de ver um homem sentado na poltrona ao lado se virando como se estivesse nos escutando. Ele aparentava ser um homem de negócios, em um terno escuro e uma gravata poderosa e um laptop nos joelhos. Enquanto eu o encarava irritada, ele abriu o computador e muito notavelmente colocou fones de ouvido.

Eu me inclinei pra mais perto de Maite. Os lábios dela estavam no meu ouvido enquanto ela cochichava a história.

- Eu estava surpresa por você ter reconhecido o nome - ela disse. - Que você tenha reconhecido tão imediatamente o que ele significava, quando eu disse que ele estava indo para a Itália. Eu pensei que fosse ter que explicar. O quanto Alfonso te contou?

- Ele só disse que eles era uma família antiga, poderosa, como a realeza. Que você não devia chateá-los a menos que você quisesse... morrer. - Eu sussurrei. Essa última palavra foi difícil de botar pra fora.

- Você precisa entender - ela disse, com a voz lenta, mais comedida agora. - Nós Herrera somos únicos em mais maneiras do que você imagina. É... anormal tantos de nós vivendo juntos e em paz. Isso é o mesmo para a família de Tânia vivendo no norte, e Carlisle especula que a nossa abstinência facilita a nossa civilização, de forma que os nossos laços são mais de amor do que de sobrevivência ou de conveniência. Mesmo o pequeno grupo de três de James era extraordinariamente grande, e você viu como foi fácil pra Laurent abandoná-los. A nossa espécie viaja sozinha, ou em pares, como se fosse uma regra geral. A família de Carlisle até onde eu sei é a maior em existência, com uma excessão. Os Volturi. Haviam três deles originalmente, Aro, Caius, e Marcus.

- Eu vi eles - eu murmurei. - Numa tela na sala de estudos de Carlisle.

Maite balançou a cabeça.

- Duas fêmeas se juntaram a eles com o tempo, e eles cinco formavam a família. Eu não tenho certeza, mas eu acho que é a idade deles que dá a eles a habilidade de viverem juntos e em paz. Eles todos têm mais de trezentos anos. Ou talvez sejam os dons deles que os dá tolerância extra. Como Alfonso e eu, Aro e Marcus são... talentosos. - Ela continuou antes que eu pudesse perguntar. - Ou talvez seja apenas o amor deles por poder que os mantêm unidos. Realeza é uma descrição apta.

- Mas se só são cinco -

- Cinco que formam a família - ela me corrigiu. - Isso não inclui os guardas.

Eu respirei fundo.

- Isso parece... sério.

- Oh, e é - ela me assegurou. - Haviam nove membros da guarda que eram permanentes, da última vez que ouvimos falar. Os outros são mais... transitórios. Isso muda. E muitos deles tem dons também, com dons formidáveis, que fazem os meus parecerem um truque de circo. Os Volturi os escolhem pelas suas habilidades, físicas ou de outra espécie.