Ele parecia precisar ser salvo.
Abrindo caminho pela multidão, Anahi adiantou-se na direção do bar. O volume da música era um tanto mais baixo ali, mas a cacofonia de vozes não ajudava. Ela estava a uns dois metros de distância quando Alfonso a notou. Um brilho de satisfação surgiu em seus intensos olhos verdes o que a fez arrepiar-se de imediato. Ficou contente por ter hesitado. Ficar toda excitada por causa de um estranho não era algo ruim. Mas não era nesse ponto de sua vida que estava no momento. Apesar do que havia dito a Michael, nutria sentimentos por Christopher Sentimentos que mereciam ser explorados. E não podia dar vazão ao que sentia por um homem enquanto outro exercia um impacto imediato em suas partes femininas. Não era certo. Mas podia deixar Alfonso ali, à mercê da loira oferecida? Como se percebesse a batalha interna que ela travava, Alfonso lhe lançou um olhar de desespero. Apenas moveu os lábios, mas a palavra silenciosa ficou clara: Depressa .
Anahi sorriu consigo mesma, mas seus pés tornaram a se mover. Passando pela loira, posicionou-se atrás de Alfonso Olhos pesadamente maquiados pousaram sobre ela, ignorando-a com um piscar de cílios postiços. Medidas mais drásticas seriam necessárias, compreendeu. Avisando a si mesma para não se excitar demais, aproximou-se mais e passou o braço pelos ombros musculosos de Alfonso Era como aço. Sólido, forte, rijo. Ficou com água na boca. A fim de fazer algo antes que acabasse babando, inclinou-se para lhe roçar o rosto com um beijo amistoso. Ele tinha uma fragrância agradável que lembrava o oceano. Fresca, envolvente, inebriante.
– Ele está comigo – declarou e acenou a cabeça de lado para que a loira se afastasse.
– Ele não está usando aliança. A expressão de Anahi não mudou. Tudo o que fez foi curvar a mão sobre o ombro de Alfonso De maneira possessiva. Então, inclinou o corpo para diminuir ainda mais o espaço entre ambos. Quer soubesse o que ela estava fazendo ou se decidiu usá-la como escudo, o fato foi que Alfonso a abraçou pela cintura, estreitando-a mais junto a si. Aquele toque fez com que uma onda de desejo a percorresse. Os mamilos ficaram imediatamente rijos, comprimindo-se contra a blusa, e um calor úmido espalhou-se por suas partes mais sensíveis. Pelo fato de estar sentado na banqueta do bar, a cabeça de Alfonso estava na altura do ombro dela. Se virasse a cabeça, seus lábios poderiam roçar os seus mamilos. Anahi teve de se esforçar para que a respiração voltasse ao normal, para que a visão se desanuviasse. Mas não pôde fazer nada quando os seus músculos internos se contraíram e as partes femininas se manifestaram.
– Como falei – repetiu ela, tão logo percebeu que sua voz estava firme –, ele está comigo. Nem um pouco satisfeita, a vampe forçou um sorriso, cerrando os dentes com tanta força que a veia de seu pescoço saltou, mas acabou dando de ombros.
– Certo. Divirtam-se. – Lançando um olhar de desafio a Anahi a vampe recostou-se em Alfonso exercendo tanta pressão com seu corpo que o silicone pulou para fora nas laterais da blusa decotada. Abraçou-o, então, pelo pescoço, puxou-lhe a cabeça e depositou-lhe um beijo molhado na boca chocada.
– Apenas para o caso de mudar de ideia – disse quando o soltou. Cerrando os dentes, Anahi teve de se conter para não estender a mão por cima do ombro dele e arrancar o sorriso do rosto da loira com um safanão. Quer fosse algo de sua natureza, ou uma características das Loiras o fato era que tinha propensão para a raiva. Mas o ciúme era uma emoção nova. Tentando reprimi-la, concluiu que era uma emoção da qual não gostava. Ainda assim, fechou o punho e estreitou os olhos enquanto encarava a outra mulher. Com seu 1,75 m e frequentadora assídua de academia de ginástica, teve certeza de que era perfeitamente capaz de enfrentá-la.
– Bem, acho que vou me reunir às minhas amigas agora – disse a loira, parecendo um tanto intimidada. Nada como uma boa mensagem subliminar. Percebendo que ainda cerrava o punho, Anahi respirou fundo para se acalmar e afrouxou os dedos. Então, para que o restante do corpo também relaxasse, retirou o braço dos ombros de Alfonso e colocou alguma distância entre ambos. Tocá-lo foi algo que a deixou com os nervos à flor da pele. Teve de respirar fundo novamente a fim de recobrar o controle suficiente para adquirir uma expressão amistosa e virar-se para olhá-lo.
– Obrigado. – Ele sacudiu a cabeça, enquanto observava a loira atrevida se afastar. Foi como se receasse que ela pudesse voltar subitamente para agarrá-lo se parasse de acompanhá-la com o olhar até que estivesse a uma distância segura.
– Essa não estava disposta a ouvir um não. – É uma palavra difícil para algumas pessoas aceitarem – concordou Anahi com uma careta, pensando no seu encontro do jantar.
– Passei a maior parte da vida enquanto crescia tentando fazer as pessoas ouvirem quando dizia não. Ou sim. Ou qualquer coisa, na verdade. Tentou rir para dissipar o constrangimento por ter feito um comentário pessoal demais com um desconhecido. A comunicação era importante. Mas era uma via de mão dupla, não um aterro emocional de um só lado. Alfonso, porém, não pareceu pouco à vontade. Apenas... Curioso.
– Você não me parece do tipo que fica choramingando – comentou depois de estudá-la por um longo momento.
– E não sou. E você é do tipo bom de conversa, certo? – disse ela, entre divertida e aliviada. Embora o moreno instigasse a imaginação feminina e fizesse uma mulher ter de se conter para não agarrá-lo, ela odiaria achar que estava no mesmo barco que a loira oferecida com sua abordagem agressiva aos homens.
– A boa conversa faz parte do jogo, não é? – Ele deu de ombros.
– Mas não faço jogos. Oh, interessante... Se o corpo sexy de Alfonso já não tivesse atraído a atenção dela, a ideia de descobrir se o homem era autêntico – ou se aquela declaração era simplesmente um jogo em si – já a teria convencido de que ali estava alguém que valia a pena conhecer melhor.