Fanfics Brasil - capitulo33♡ Sedução AyA Hot (adaptada)

Fanfic: Sedução AyA Hot (adaptada) | Tema: Ponny AyA


Capítulo: capitulo33♡

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CATORZE HORAS depois, Anahi  entendeu o que era o medo extraindo cada gota de energia de um corpo. Estava completamente entorpecida. Apoiando a cabeça nos braços junto à bancada do “laboratório”, tentou fazer com que os dentes parassem de bater. Desde a ponta dos pés descalços – que ficavam ainda mais frios a cada vez que olhava pela janela para a terrível nevasca lá fora – até o alto da cabeça latejante, estava congelada. Desesperada por um foco de pensamento que a desviasse das horrendas visões que seu raptor incutira em sua mente, apelara para os livros. Em algum momento por volta das 3h00, havia preenchido um caderno de anotações. Não era nada capaz de produzir os resultados que ele desejava. Mas talvez o suficiente para aparentar que eram possíveis, o que poderia ajudá-la a ganhar tempo. As palavras eram um borrão numa das páginas agora. Anahi levou um minuto para perceber que era porque estava chorando, as lágrimas faziam a tinta escorrer. Um som, não muito mais que um sussurro ao vento, chamou sua atenção. Seu corpo se preparou de imediato por dentro. A tensão, tão forte que até o couro cabeludo doeu, tomou-a de assalto. Mal se atrevendo a respirar, moveu a cabeça ainda apoiada nos braços apenas um pouco a fim de poder espiar por sobre o ombro. Droga. Piscou algumas vezes, tentando focar o olhar no vulto parado do lado de dentro de uma janela que devia ser pequena demais para que um corpo passasse por ela. O ar gelado envolveu-a como uma mortalha, fazendo-a piscar outra vez. Tremores se alastraram por seu corpo, sacudindo-o incontrolavelmente. Ela ainda não conseguiu reunir forças para erguer a cabeça. 

– Eu gostaria que as alucinações viessem junto com uma sensação de calor – resmungou para o próprio braço. O vulto se moveu. Ela piscou mais algumas vezes, esperando que ele se desvanecesse. Mas aproximou-se mais. E mais ainda. Quanto mais perto o vulto chegava, mais Anahi se convencia de que tudo era mera ilusão, criada por uma mente ávida por lhe dar uma doce válvula de escape. 

– Vamos – ordenou a ilusão. Ela não ficou surpresa com o fato de que a alucinação tinha a forma de Alfonso, sua voz possante. Afinal, todos os seus pensamentos sensuais, seus devaneios e fantasias giravam em torno do fuzileiro sexy. Na maior parte deles, porém, ele aparecia nu e os arrepios eram sempre de ordem sexual.

– Claro, vou com você – disse num tom de provocação. Talvez fosse melhor usar de bom humor com a mente já que se dera ao trabalho de conjurar uma imagem tão perfeita do homem dos seus sonhos. 

– Mas se eu for, terá que me recompensar com beijos e deleite sexual. Já fiz os cálculos. Ao aparecer na festa e se revelar um fruto proibido – disse à alucinação –você me privou de pelo menos 27 orgasmos. Concluí que seria o total que eu teria se a paixão tivesse seguido seu curso. O vulto gelou por um segundo e, então, sacudiu a cabeça como se quisesse livrar os ouvidos de estática. Parecia um arsenal ambulante, com uma arma automática pendurada no ombro, pistolas junto aos quadris e uma fileira de aparelhos de ar assustador no cinto. Usava uma jaqueta branca impermeável para frio intenso com capuz e uma máscara de tecido cobrindo a parte inferior do rosto. Apenas os olhos estavam visíveis. Eram do mesmo verde vívido que ela se lembrava. Então, tornaram a ficar distantes. Alertas, avaliando, movendo-se constantemente em torno do recinto e quase tão frios quanto a neve do lado de fora. 

– Vinte e sete, hein? – Ele se adiantou até a porta, com movimentos ágeis e silenciosos. Encostou o ouvido bem rente à parede, verificou um dispositivo em sua mão e, então, fez um gesto de comando, dando a entender que ela devia se levantar. – Vamos sair logo deste buraco e, então, poderemos conversar sobre um meio de compensar esses orgasmos perdidos. 

– Bem, quero uma compensação em dobro – disse Anahi sem hesitar. Por que, não? Afinal, aquela era a sua fantasia. Por um breve instante, viu um brilho divertido naqueles expressivos olhos verdes. Sentiu de imediato a mesma ligação poderosa que existira entre ela e o Alfonso Herrera  real quase um ano antes. Seu coração havia vibrado, feliz, certo de que encontrara o par perfeito. Coração tolo. Então, ele se moveu, tirando uma mochila das costas. Abriu-a, extraindo dali coisas ainda mais tentadoras do que 54 orgasmos incríveis. Roupas quentes. Meias grossas, botas pesadas e uma jaqueta. Anahi soltou um gemido. Uma jaqueta grossa, impermeável, com um capuz forrado de pele. Aquela fantasia estava se tornando cada vez melhor. Um vento gelado atravessou o laboratório. Anahi sentiu a rajada glacial atingir-lhe as costas e os flocos de neve contra o rosto e cabelo. Lentamente, aterrorizada com a possibilidade de que, caso se movesse demais, ele desaparecesse, ela ergueu a cabeça de cima dos braços. Alfonso continuava ali. Ela piscou. Ele lhe estendeu as meias e as botas. Umedecendo os lábios, Anahi hesitou. Então, tendo de saber de um jeito ou de outro, esticou a mão. As meias de lã eram como o fogo de uma lareira, quentes e bem-vindas. As botas balançaram. Seu olhar alternou entre o resistente calçado para o frio e o rosto do homem. Ele era real? Estava ali para resgatá-la? A mente de Anahi parecia não conseguir assimilar aquilo. Felizmente, porém, seu corpo estava todo entusiasmado com a ideia, e ela apanhou as meias, colocando-as nos pés gélidos. 

– Você é de verdade? – sussurrou, estendendo as mãos para pegar as botas. – Tão real quanto você, doçura. Vamos sair daqui. Temos cinco minutos antes que este lugar voe pelos ares. Ela deveria estar com medo, não deveria? Ou aliviada? Entusiasmada, estática, ou agradecida. Talvez o tempo incerto tivesse congelado suas emoções também porque não sentia nada. Exceto o frio. Como se estivesse se movendo dentro de um sonho, Anahi vestiu a confortável jaqueta branca camuflada. Sua mente estava anuviada enquanto tentava aceitar que Alfonso era real. A possibilidade de que ele fosse fruto de sua imaginação desesperada não a impediu de segui-lo até a janela de qualquer modo. Seus movimentos foram lentos enquanto aceitava a mão dele para ajudá-la a subir na cadeira. Desejou poder sentir-lhe a pele através da barreira das luvas grossas, seu corpo sentindo-se como se tivesse se recuperado de uma séria gripe. Ele era real. E estava ali.

Ela estava sendo resgatada. 

– Há uma equipe do lado de fora? – perguntou. Por mais que ansiasse por deixar aquele lugar, sabia que haveria um arsenal apontado para a janela. Os guardas armados do bando ficariam exultantes em poder usá-la para praticar tiro ao alvo. Sem mencionar que havia o risco de quebrar uma perna ao tentar descer pela janela do segundo andar. 

– Estamos sozinhos – disse Alfonso num tom manso, aproximando-se mais da janela e usando os binóculos de infravermelho para verificar a área em torno do complexo. – Há uma corda pendendo do lado de fora, logo além do parapeito. Consegue vê-la?

– Estamos sozinhos? Como era possível? Fuzileiros trabalhavam em equipe. De repente, o cérebro dela deu uma arrancada. Como um membro que despertasse, o formigamento foi doloroso, enquanto tentava entender o que estava acontecendo. – Onde está o restante da equipe? O seu reforço? – Foi uma pena que suas palavras tivessem soado estridentes, com um quê de histeria. Mas, bem, estava bem próxima da histeria e, portanto, isso já era esperado. 

– Nós somos a equipe, eu e você. Não precisaremos de reforço porque ninguém vai prestar atenção em nós dentro de... – Alfonso tornou a olhar o relógio. – Quatro minutos. Não estava histérico. Nem um pouco. Anahi franziu a testa, estudando-lhe o rosto para tentar ver se sua tranquilidade era meramente aparente, ou se estava mesmo confiante, sem se importar com o fato de estar conduzindo uma operação de resgate de um homem só. Quanto mais o olhou, mais calma sentiu. Como se estivesse absorvendo a confiança e a força dele. Era verdade que estava totalmente envolto pelos trajes especiais de inverno. Mas a voz, a postura, enfim, a figura inteira que apresentava irradiava total segurança. Era treinado para aquilo. Estivera em centenas, talvez milhares de missões com situações bem mais arriscadas. Servira em tempos de guerra, oras. Mas isso era ele. Quanto a si mesma, estava tremendo feito vara verde... 

– Estamos mesmo sozinhos? – sussurrou. Então, com um suspiro trêmulo, olhou para a triste bancada e a pilha de sucata destinada a servir de “aparelhagem”. Talvez devesse ficar ali.

– Você confia em mim? Ela desviou os olhos para o rosto de Alfonso. Mal pôde lhe distinguir os traços debaixo do capuz e dos óculos de proteção que colocara. 

– Confia em mim? – repetiu ele. Anahi engoliu em seco, esforçando-se para reprimir o medo. Teriam de fugir de um acampamento terrorista repleto de assassinos sanguinários para se esconderem no meio de uma nevasca implacável. Apenas os dois, sem reforços. Sem acesso algum a ajuda externa. Sem ninguém para resgatá-los caso algo desse errado. Evidentemente, se ficassem ali, voariam para os ares junto com o complexo dentro de quatro minutos.

Umedecendo os lábios muito secos, assentiu. 

– Confio em você. Alfonso pegou-lhe a mão direita e enfiou-lhe o punho da manga da jaqueta para dentro da luva térmica, que agora a aquecia. Fez o mesmo com a mão esquerda. O corpo dela despertou bem mais depressa que a mente. Um calor, como não sentira mais desde a última vez em que ele a tocara, percorreu-a por inteiro. Como um prazer líquido, permeou tudo lentamente, desde o alto da cabeça até a ponta dos pés. Blake fechou-lhe o zíper da jaqueta até quase abaixo do queixo. Com mãos tão gentis que quase a fez chorar, afastou-lhe o cabelo do rosto e ajeitou o capuz da jaqueta em sua cabeça. O tecido forrado era tão quente, tão grosso. Quando ele puxou os cordões e lhe amarrou o capuz sob o queixo, ela se sentiu como se estivesse num túnel seguro, com o som dos batimentos cardíacos ecoando em seus ouvidos. Ele a soltou apenas por um instante para pegar um par de óculos de proteção da mochila e colocou-os nela. Ajeitou melhor o zíper da jaqueta e prendeu o fecho no alto. Numa questão de segundos, não havia quase nada de seu rosto exposto. Anahi não se lembrou de já ter se sentido tão protegida, tão bem cuidada por alguém. 

– Faça o que eu lhe disser – falou Alfonso com gentileza, encarando-a intensamente. – Mantenha-se agachada, siga meus passos exatamente. Levarei você de volta para casa sã e salva. Prometo.

Incapaz de duvidar em contrário com Alfonso olhando-a daquele jeito, Anahi meneou a cabeça. – Preciso que confie realmente em mim. Não por eu ser o menor de dois males, mas porque tem absoluta certeza de que vou mantê-la a salvo. Porque acredita, sem sombra de dúvida, que sei exatamente o que estou fazendo, que sou muito bom nisso e que vou tirar você daqui. Ela teve dificuldade em vencer o grande nó na garganta e, em vez disso, apenas fez um gesto de assentimento em vez de falar. 

– Tem certeza? Ela respirou fundo, engolindo em seco. 

– Confio em você plenamente – prometeu ofegante. O sorriso dele foi como o sol nascente. Caloroso, radiante e bonito. Ela sentiu que derretia por dentro. Então, Alfonso puxou-a para si pela frente da jaqueta, inclinou a cabeça e beijou-a. Oh, puxa. Os lábios dele eram tão macios, deliciosos e mágicos quanto ela se lembrava. O beijo foi breve, breve demais, mas tão doce que a teria feito chorar de emoção se não estivesse com medo de que as lágrimas congelariam em seu rosto. Alfonso recuou devagar, fitando-lhe os olhos. Em seguida, pressionou um botão na lateral dos óculos de proteção, ativando um zumbido no ouvido dela. Era um aparelho de comunicações, compreendeu. 

– Para que foi isso? – sussurrou com o hálito se condensando no ar gelado entre ambos. 

– Para dar sorte?

– Não preciso de sorte, doçura. Sou o melhor. É por isso que fui escolhido a dedo para resgatar você. E isto... – Ele a beijou outra vez, apenas um breve roçar de seus lábios frios. – É porque senti sua falta. Nada como anuviar a mente de uma mulher e levar seu coração a vibrar de alegria para fazê-la descer por uma janela pequena até o campo nevado e traiçoeiro do inimigo. Ela não soube se devia admitir que sentira falta dele também. Se o fizesse, seria como uma confissão de morte, feita por achar que não teria outra chance. Podia ser uma superstição boba, mas preferia esperar para fazer qualquer declaração emotiva até que estivessem a salvo.

– Que sorte a minha – falou, colocando todas as coisas que não conseguia dizer num sorriso e esperando que ele entendesse. 

– Fico feliz em poder contar com o melhor. Alfonso  gostaria que Anahi não tivesse sorrido. Foi algo que o tocou bem no fundo, fez com que parecesse que havia muito mais ainda em jogo. Estava ali para realizar um trabalho, e não teria como fazer isso se deixasse as emoções interferirem. Qualquer tipo de emoção. A chave para uma missão bem-sucedida era uma mente tranquila, a habilidade de pensar três passos além e de lidar com o resultado de maneira sólida, de ir vencendo as etapas com fluidez, eficácia. Aprendera logo no início da carreira que o único meio de ter êxito era bloqueando o medo. A preocupação, de qualquer tipo, era o equivalente a pendurar um alvo nas costas. Não deveria ter beijado Anahi. Estava numa missão.

Ela era o centro de sua missão. Beijar a refém a ser resgatada era algo que fugia totalmente ao protocolo. Não conseguira resistir. Colocando as alças da mochila de volta nos ombros, verificou o relógio. Dois minutos. Vamos. Mantendo-a apoiada na cadeira, segurou o parapeito e subiu. Lançou-lhe um olhar. 

– Prometa que vai fazer exatamente o que eu disser. 

– Eu prometo. 

– Mesmo que eu diga para correr, sem mim, fará isso. Na sua jaqueta, há as coordenadas, um compasso e um GPS. Não a tire. Com os olhos imensos sob as lentes dos óculos de proteção, Anahi  meneou a cabeça levemente, mas apertou os lábios com determinação, e se as mãos tremiam debaixo das luvas, o tremor era leve. Iria se aguentar firme, disse a si mesma. Alfonso  lançou um novo olhar ao complexo ao redor e, então, ajeitou sobre a parte inferior do rosto dela o pano onde havia embutido um pequenino fio de comunicação. Fez o mesmo em si. 

– Pronta? – sussurrou. Ela reagiu com um pequeno sobressalto, indicando que o ouvira através dos fones e fez mais um gesto de assentimento com a cabeça. – Então, aqui vamos nós. Ele pressionou o botão em suas lentes, acionando os sensores de calor. Dois guardas do lado leste, um a oeste. Consultou o relógio. Um minuto. Desceu o corpo pela beirada do parapeito, segurando-se às pedras ao redor com a outra mão. Fez menção de ajudar Anahi em seguida, mas ela já se segurara ao parapeito e saía sozinha pela janela. Segurou-a, então, pela mão e se inclinou para agarrar a corda. – Espere até eu chegar lá em baixo e, depois, me siga – disse num tom baixo. Anahi percorreu as instalações abaixo com um olhar preocupado, como se estivesse à espera de que o inimigo se manifestasse a qualquer momento no acampamento. Mas assentiu. Usando a corda, de costas para a parede de modo que pudesse se manter atento a ameaças, Alfonso  desceu rapidamente até o chão. Afundou na neve até a altura dos tornozelos. Levou apenas um segundo para pegar a pequena mochila que deixara escondida junto à base da parede e tirou dali o calçado especial para neve. Totalmente alerta, com o dedo no gatilho de sua arma automática, calçou-o sem demora por cima das botas. 

– Venha – disse a Anahi. Ela desceu pela corda e, mesmo quando seu corpo bateu contra a parede duas vezes, não retardou seu progresso, evidentemente ansiosa para deixar aquele lugar. E ele não demoraria a fazer a vontade de uma garota. – Coloque isto – instruiu-a tão logo ela pousou os pés no chão e soltou a corda. Alfonso olhou para o relógio enquanto Anahi colocava o calçado apropriado. Passava um minuto do previsto. A explosão já deveria ter acontecido, fornecendo cobertura para a fuga de ambos. Tornou a olhar para os guardas. Continuavam em suas posições. Recordando uma das frases favoritas de Phil, “Não mostre preocupação para não chamar a atenção” , inclinou-se e pegou sua Glock de reserva da bota. – Pronta? – perguntou a abertura percorrendo-a com o olhar. 

– Pronta. Entregou-lhe a arma. Ela soltou uma exclamação perplexa, mas pegou-a. Com uma segurança que teria deixado o almirante orgulhoso, verificou o pente, a trava de segurança. Com a respiração alta no fone dele, assentiu mais uma vez. Que mulher. Sorrindo sob a máscara, Alfonso virou a cabeça na direção norte. Hora de irem. Tão logo saiu debaixo do alpendre do prédio, foi atingido pela força da tempestade de neve. – Segure-se no meu cinto. Um segundo depois, sentiu a pressão da mão dela. Ótimo. Agora, podia se concentrar no caminho à frente sem ter de se virar para acompanhar o progresso dela. Sem o vento e a neve, poderiam ter percorrido os cento e cinquenta metros até a cerca de arame farpado em menos de meio minuto. Mas avançando agachados por cima de uma camada de trinta centímetros de neve, levaram bem mais tempo.

Quando chegaram à cerca, ele parou e Anahi fez o mesmo logo atrás. Sempre vigilante, muniu-se do que pareceu um pequeno alicate emborrachado. Havia chegado pelo alto, fazendo rapel pelas árvores até o telhado do prédio de dois andares. Para saírem, seria necessário cortar o arame farpado da cerca que havia daquele lado. Hesitou por um momento. Tão logo cortasse o arame, um alarme soaria. Se o complexo onde o bando de sequestradores montava acampamento já tivesse sido atingido, o caos teria encoberto a fuga deles. A cerca, ou os portões, eram o único meio de saída. As ordens eram para se manter oculto e não ser descoberto pelo inimigo; não atacar. Assim, os dois se ateriam ao plano. E correriam um pouco mais depressa. Ele respirou fundo. Sabendo, então, o que provavelmente estava por vir, olhou para Anahi. Tinha os olhos azuis  assustados, os lábios brancos. Ainda assim, ela lhe sorriu. 

– Até agora, tudo bem – disse. 

– Sim. Tão logo eu cortar a cerca, vão saber da sua fuga. Há um veículo à espera um quilômetro e meio a leste. Vai encontrar um rádio lá caso precise se comunicar com alguém. – Alfonso hesitou e, então, concluiu que ela era forte o bastante, tinha de ser forte o bastante, para enfrentar a realidade. – Se formos descobertos, continue correndo. Não espere por mim. Não olhe para trás, nem tente me ajudar. Corra para o veículo e dê o fora daqui. 

– Mas... 

– Dê o fora daqui – repetiu ele com firmeza. Alfonso a estudou com fascínio enquanto, em poucos segundos, ela controlou o tremor no queixo, respirou fundo como se estivesse extraindo forças do ar e o fitou com um súbito brilho determinado nos olhos, meneando, então, a cabeça. 

– Isso mesmo, garota – sussurrou-lhe. Em seguida, cortou o arame num trecho da cerca. O mundo ao redor explodiu. Fogo se alastrou pelo ar. Pedras voaram. O chão tremeu. Anahi atirou-se no chão, cobrindo a parte detrás da cabeça com as mãos. 

– Chegou a cavalaria – disse Alfonso com um sorriso, acabando de cortar o arame. – Vá! Assustada e rente ao chão, Anahi,  soergueu-se para olhar rapidamente na direção das construções do complexo, agora em chamas, notando os vultos que corriam de cá para lá feito ratos desorientados. Posicionou-se melhor, então, junto à cerca, passando por baixo do arame cortado. 

– Segure o meu cinto e corra bem atrás de mim– instruiu-a Alfonso  tão logo passaram para o outro lado. – Na maioria dos casos, os inimigos vão estar concentrados na invasão. Mas se forem espertos, haverá gente vigiando o perímetro. 

– Não me pareceram muito espertos – disse ela, demonstrando um pouco daquele jeito atrevido que ele recordava com tanto gosto.

– Mas, de fato, agem por instinto, como animais. Assim, corra o mais depressa que quiser que eu acompanho você.

Os sons das rajadas disparadas pelas armas automáticas se elevaram. A equipe entrara em ação, percebeu Alfonso. E como os homens não faziam ideia de onde ele e Anahi estavam, os dois seriam confundidos como inimigos se fossem avistados. 

– Vamos. Confiando na promessa dela, Alfonso avançou depressa, mantendo-se o mais agachado que pôde. Movendo-se pela neve, tanto a da camada espessa que forrava o chão quanto a que caía e os açoitava pela frente, o progresso de ambos não foi muito rápido. Mas iam se afastando cada vez mais do complexo, de qualquer modo, e seguiam na direção certa, segundo confirmava o GPS. 

– Pare – ordenou, enfim, a um dado momento. Parou, ainda agachado e esquadrinhou a área com o olhar, à procura de sinais de calor corpóreo. Nada. 

– Está certo. Podemos ir. 

– Ir? Para onde? Como? 

– O veículo. – Alfonso apontou para o que parecia um dos muitos amontoados de neve na paisagem branca, indistinta. Enquanto Anahi sacudia a cabeça com ar confuso, ele afundou na neve quase até a altura do quadril e encontrou a ponta solta da lona branca. Puxando-a, descobriu a motoneve que havia deixado ali escondida. 

– Isso é um veículo? – exclamou ela. – Tem certeza? Alfonso sorriu largamente, sentando-se no veículo.

– Suba na garupa. Com um olhar duvidoso, Anahi sacudiu a cabeça antes de se sentar atrás dele na motoneve. Não havia nada de sexy em relação às camadas de roupa entre os corpos de ambos, mas Alfonso ainda sentiu a libido se manifestando quando ela o abraçou pela cintura com força e passou as coxas em torno de seus quadris. Concentrando-se, assim que percebeu que estava bem segura, deu a partida e, com um último olhar na direção do céu flamejante, a oeste das árvores, arrancou. Avançaram pela neve velozmente, com a neve castigando-os como se protestasse com sua partida. Ele verificou o GPS, checando duplamente os poucos marcos ao longo do caminho para ter certeza de que estavam no rumo exato. Vinte minutos mais tarde, depois de ter feito alguns desvios e voltado alguns trechos pelo mesmo caminho para verificar se não estavam sendo seguidos, chegaram ao pé da encosta de uma montanha. Ele desligou o motor da motoneve e, com os músculos trêmulos por causa do esforço para manter o veículo estável sob os ventos intensos, olhou ao redor. Um helicóptero os pegaria no topo da montanha. Ali na base, camuflada por arbustos congelados e neve, estava a grande tenda de topo arredondado que deixara previamente preparada. Não viu quaisquer vestígios de que alguém tivesse estado ali, ou entrado na tenda, mas não correria risco algum. 

– Vou ver se o local está seguro. Venha até a frente e fique junto aos controles. Desmontou, esperando até que ela segurasse o guidão e, então, muniu-se dos binóculos de infravermelho outra vez e verificou o perímetro. Cinco minutos depois, mas nunca perdendo-a de vista, voltou à motoneve. Anahi não se movera, o que ficava evidente pela neve que a cobria agora. – Está tudo certo. Os olhos dela estavam imensos sob as lentes plásticas dos óculos de proteção, demonstrando exaustão, medo e alívio. Mas não se moveu. 

– Está pronta para sair da neve? Anahi  confirmou com um gesto de cabeça que mais pareceu um tremor. Sabendo que precisava levá-la para um lugar aquecido depressa, Alfonso optou pelo meio mais rápido. Ergueu-a nos braços. Ela não emitiu nenhum som, mas abraçou-o com força pelo pescoço. Ele gostou da sensação, a despeito das várias camadas de tecido térmico que os separava. Mesmo depois que se aproximou da tenda, não a soltou. Apenas mudou-a de posição enquanto abria a aba lateral de velcro e o zíper da tenda de lona. Foi apenas depois que estavam do lado de dentro, com um potente lampião à pilha aceso e o zíper da abertura fechado que ele a colocou de pé no chão com gentileza. Esperou até que ela parasse de oscilar e, então, tirou a máscara de tecido que lhe cobria metade do rosto e sorriu.

– Bem-vinda ao seu temporário lar doce lar.

 

 

 

 

 

 

 

 



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Autor(a): Erika Herrera

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



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  • MilkaGenise Postado em 16/01/2016 - 14:52:02

    Que historia maravilhosa!

  • franmarmentini♥♥ Postado em 10/04/2015 - 18:36:58

    haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa não creio que acabou a fic* fimmmmmmmmmmm não creio amei de mais essa fic* bjusssss amei as duas fics não sei qual votar kkkkkkkk

  • franmarmentini♥♥ Postado em 10/04/2015 - 16:51:34

    volteiiiiiiiiiiiiii de viajem >)

  • franmarmentini♥♥ Postado em 02/04/2015 - 17:41:18

    .AMORESSSSSSSSS IREI VIAJAR E JÁ TO COM VÁRIAS FICS EM ATRASO MINHA VIDA TA UMA LOUCURA MAS NUNCA NUNCA VOU DEIXAR DE LER...VOU IR VISITAR A CIDADE ONDE MINHA MÃE ESTÁ INTERRADA QUE FICA PERTO DE PITANGA PARANÁ E É NO SITIO ENTÃO PROVAVELMENTE EU NÃO TENHA COMO LER PQ TENHO MUITOS TIOS LÁ E QUERO VER SE CONSIGO VISITAR TODOS...VOLTO NA TERÇA FEIRA E PROMETO TENTAR COLOCAR EM DIA TODAS AS FICS O QUANTO ANTES BJUSSSSSSSSSSSSSSSS A TODAS AMO VCS!!!!!!!!! FUI...

  • Mila Puente Herrera Postado em 27/03/2015 - 14:27:55

    Voto na primeira MINHA VIDA DUPLA :3

  • Mila Puente Herrera Postado em 27/03/2015 - 14:26:10

    NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO CM ASSIM VC ACABA E NN AVISAAAAAAAAAAAAAAAAAA NÃO ESTAVA PREPARADAAAAAAAAAAAAAAA AI MDS :'(

  • Lavi Postado em 27/03/2015 - 14:17:42

    Se vc gosta de Ponny Hot dê uma vai adorar *Amores Incertos*. http://fanfics.com.br/fanfic/44265/amores-incertos-ponny-adaptada-rebelde Não esqueça de favoritar, comentar, mandar mensagem, indicar.. rss c: Beijos :*

  • Mila Puente Herrera Postado em 26/03/2015 - 16:00:36

    O pai da Anny é um ridiculo nojentoooooooo :@@@@@ Ain Alfonso agarra logo essa muie KKKKKKKKK Postaaaaaaaaaaa <3

  • nayara_lima Postado em 26/03/2015 - 15:53:50

    Aaah ponchito não ah falhas na argumentação dela . plmds .. Aceita logo isso . vou ter um troço com esses dois :(

  • Mila Puente Herrera Postado em 25/03/2015 - 14:07:34

    Eitaaaaaaaaaaaaaaa sinto q o convidado é o Pon :/ Ain já ta acabando? Quero nãaaaaaaaao :'( Plmd #PonnySeAcertem Postaaaaaaaaaaa <3


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