Até que o olhar de Alfonso, ardente e intenso, aqueceu-o como uma carícia.
– Puxa, você é linda – disse ofegante. Então, perdeu o equilíbrio e caiu sobre um dos catres. O barulho foi grande. Anahi fez uma pausa depois de abrir o zíper da calça e, com as mãos nos quadris para baixá-las, encontrou os olhos dele. O desespero transformou-se em riso. Sem deixar de olhá-lo, ela tapou a boca para tentar conter uma gargalhada, mas quando viu que Alfonso abriu um sorriso largo, não pôde se segurar. Em meio ao acesso de riso, cobriu a nudez com um cobertor e sentou-se na beirada do catre para observá-lo. Já de pé, fazendo jus ao excepcional condicionamento físico, ele estava endireitando o outro catre.
– Você está bem? – perguntou-lhe tão logo conseguiu se controlar.
– Sim, mas acho que o catre nunca mais será o mesmo. – Com a ponta do pé calçado com uma meia, ele indicou o metal curvado numa das pernas baixas do catre.
– Oh. – Anahi enrugou o nariz diante do estrago.
– Você não pode dizer que não sei como lhe demonstrar romantismo – gracejou ele, ainda sorridente.
– Bem, um de nós “caiu” literalmente pelo outro. – Anahi, então, hesitou. Sem as brumas em torno do espetacular resgate em que Alfonso a tirou do terrível pesadelo, ou sem o desespero descuidado que os movera na direção do sexo impetuoso e frenético, lhes restava... O quê?
Uma escolha. Ela olhou para o cobertor preto de lã em que estava enrolada, notando que segurava as beiradas com força. Mais do que viu, percebeu que Alfonso se agachou à sua frente, já completamente despido.Lentamente, depois de respirar fundo para tentar vencer o súbito nervosismo, ela ergueu os olhos para fitá-lo. Era tão incrivelmente bonito. Olhos verdes, tão calorosos e convidativos, e uma boca que era sexy quer estivesse sorrindo ou sério. Notou a paciência em sua fisionomia, a tranquila aceitação de que a escolha era dela. Havia sido tão difícil superar a dor de perdê-lo da vez anterior. E só conseguira, e ainda em parte, porque enterrara todos os sentimentos por ele, seus arrependimentos em desejos em algum canto da mente. Então, fingira que nada daquilo existia. Apenas a raiva. Ativera-se a esse sentimento. Usara-o como arma para reprimir quaisquer pensamentos perigosos, qualquer ameaça de tentativa de desenterrar tudo que represara em seu íntimo. Dessa vez, porém, não teria como contar com aquela raiva como escudo. Dessa vez, não poderia culpá-lo por nada que não fosse de responsabilidade de Alfonso, como fizera antes. Agora, o estava aceitando exatamente como era, ciente das lealdades e obrigações dele. Se fizessem sexo, ela seria cem por cento responsável por sua escolha. Por seus sentimentos. Pelo que quer que acontecesse em seguida. Sentiu as mãos um tanto trêmulas enquanto lhe fitava os olhos. Naquelas intensas nuanças de verde, viu aceitação, apreciação e um calor que era mais profundo do que a paixão. Um calor ao qual não pôde resistir. Apavorada, mas incapaz de agir de outro modo, ela deixou cair o cobertor e abriu os braços. Alfonso soltou um gemido satisfeito, espontâneo, e contornou-lhe os mamilos com a ponta do dedo, primeiro um, com todo o vagar, e depois o outro. Como alguém que estivesse prestes a beber da fonte da juventude, inclinou-se para frente para sugar um dos bicos rosados delicadamente. O gemido de Anahi foi mais alto e ofegante. Alfonso, então, se levantou. Como um guerreiro poderoso dos tempos antigos, se ergueu, endireitando os ombros largos, esticando as pernas vigorosas, sua rija masculinidade destacando-se orgulhosamente entre as coxas musculosas. Sem poder resistir, Anahi apoiou-se num cotovelo sobre o catre e inclinou-se para frente para lhe soprar a ponta da ereção. Houve uma reação instantânea, como se o membro tivesse vontade própria. Ela lançou um olhar malicioso a Alfonso, cheio de promessas sensuais, e então, o tocou intimamente com a língua. Alfonso cerrou os punhos ao longo do corpo, mas não se moveu. Não tentou assumir o controle da situação.
– Hum… – murmurou ela antes de tomá-lo em sua boca e afagá-lo de modo ritmado com os lábios. Ele flexionou os dedos da mão, como se fosse segurá-la, mas tornou a cerrar o punho. Como recompensa, ela sugou com vontade. Alfonso deu um gemido alto.
– Agora, é a minha vez – insistiu, inclinando-se para se deitar sobre o corpo dela no catre.– Ou, desse jeito, você pode acabar ficando sem a sua parte.
– Oh, não vou ficar sem a minha “parte” – garantiu ela, percorrendo-lhe as coxas com os pés descalços antes de fincar os calcanhares nas nádegas dele e pressionar o centro latejante de sua feminilidade contra a ereção dele.– Você vai me dar tudo.
– Sim, vou lhe dar tudo, com certeza – disse Alfonso com um sorriso provocador antes de tomar-lhe os lábios com um beijo faminto. Foi quanto bastou para enlouquecê-la de desejo. Precisava dele. Por inteiro.
– Agora – exigiu.
– Ainda não terminei – falou ele com um riso tenso, insinuando a mão por entre os corpos de ambos para tocá-la com intimidade. Tão logo lhe tocou o clitóris túmido, ela sentiu os espasmos percorrendo-a. Foi uma explosão de prazer e calor instantânea. Seu corpo inteiro estremeceu, arrebatado pelo esplêndido o*rgasmo. Alfonso possuiu-a com puro frenesi, dando arremetidas firmes, acompanhadas de gemidos guturais que a excitaram ainda mais. Pegou-lhe ambas as mãos, segurando-as acima da cabeça dela. Fitando-lhe os olhos, manteve a cadência de seus quadris, com arremetida após arremetida vigorosa, excitando Anahi cada vez mais. O prazer se tornou cada vez mais intenso, cada célula do corpo dela parecendo vibrar, até que os músculos internos se contraíram em torno dele em deliciosos espasmos de prazer. E, antes que o prazer cessasse, Alfonso ergueu-lhe ainda mais as mãos e mudou um pouco a posição de ambos, de modo que, com suas arremetidas incessantes, passou a lhe estimular o ponto G. Ao mesmo tempo, inclinou a cabeça e lhe tomou um dos mamilos com os lábios, sugando-o com avidez. O prazer foi absoluto, como ela não se lembrava de já ter experimentado antes, embora soubesse que já o tivera antes e apenas nos braços dele. Anahi quis fechar os olhos e se entregar com abandono ao êxtase avassalador, mas Alfons a olhava nos olhos, como se a hipnotizasse, obrigando-a a deixá-lo observar cada momento de seu o*rgasmo, para lhe enxergar através da alma enquanto o prazer culminava. E ela estava totalmente exposta, com a alma e o coração desnudados enquanto era tomada pela paixão. Não lhe restou mais nada a não ser sentir. E foi incrível apenas sentir . Lentamente, flutuando como uma pluma, Anahi voltou à realidade. O coração estava tão acelerado que reverberava em seus ouvidos, não a deixando escutar mais nada. Mas estava bem ciente das sensações em seu corpo, do o*rgasmo que deixou resquícios de prazer que continuaram se espalhando como ondas formadas num lago. E não era de admirar. Alfonso continuava se movendo dentro dela, mais devagar agora, de maneira ritmada, provocando-a com o seu próprio controle. Era momento de tomar as rédeas da situação, decidiu ela. Abraçou-o pela nuca, correndo os dedos pelo cabelo curto dele e guiou-lhe os lábios até os seus. Beijou-o com doçura em princípio, como se o agradecesse pelo esplendoroso o*rgasmo.
Então, intensificou as carícias de seus lábios e língua, explorando-lhe a maciez da boca com erotismo. Alfonso retesou os músculos e suas arremetidas voltaram a ficar mais rápidas. Inesperadamente, ela o segurou pelos ombros e, num gesto que a deixou grata pelas aulas de Pilates três vezes por semana, empurrou-o com força e mudou a posição de ambos em cima do catre, ficando por cima.
– Hum... – sussurrou provocante. Alfonso abriu um sorriso malicioso e assentiu.
– Hum... Sem dúvida. Ajeitou o corpo de modo a soerguer-se, apoiando a cabeça na parede da tenda. Segurou-lhe ambos os seios, preparando-se para guiá-los até seus lábios. Anahi cingiu-lhe os quadris com as pernas, fincando os calcanhares nas nádegas dele. Então, estabeleceu o ritmo. Rápido. Intenso. A tensão no rosto de Alfonso aumentava a cada arremetida que dava.
– Agora – ordenou num tom baixo, gutural. Com o rosto contraído pela tensão, olhou-a nos olhos. Anahi jamais sentira tamanha intimidade, tamanha união de almas, como naqueles instantes. Alfonso e a ligação entre ambos se tornou seu mundo, seu foco exclusivo. Ele arremeteu com mais força, estreitando os olhos, respirando por entre os dentes. Sentindo mais poder do que nunca antes em sua vida, Anahi arqueou os quadris, ondulando na mesma cadência. Então, contraiu os músculos internos, aprisionando-o em seu doce casulo. Ele explodiu de prazer. E era todo seu, pensou Anahi inebriada. Alfonso era todo seu e não queria soltá-lo nunca mais. Alfonso foi absolutamente dominado pela intensidade da paixão que percorria suas veias. O êxtase o arrebatou com espantosa intensidade. De um jeito avassalador. Enquanto avançava mais uma vez pelo calor úmido de Anahi, seu corpo estremeceu por inteiro de prazer, os músculos se retesaram. O seu êxtase desencadeou o dela. Ainda num mundo vertiginoso de prazer, observou quando mais um o*rgasmo tomou conta de Anah. Era uma visão magnífica no auge do prazer, com os olhos cintilando, semicerrados, os seios sedutores balançando na mesma cadência de seu corpo. Ela, enfim, deixou a cabeça pender para trás e seus gemidos de prazer inundaram a tenda. E inundaram também o ego dele, redobrando sua satisfação.
– Uau! – exclamou Anahi momentos depois, olhando-o nos olhos. O cabelo estava úmido na testa, a pele brilhava sob a luz difusa. Lentamente, como se estivesse exausta, desabou sobre o peito dele.
– Sim, uau… – concordou Alfonso, erguendo-lhe o queixo para um beijo. Queria dizer algo mais. Encontrar as palavras para expressar exatamente como se sentia, explicar como ficara maravilhado. Mas não pôde. E agora ela precisava descansar. Dizendo a si mesmo que era a atitude de um cavalheiro e não uma retirada covarde, tornou a beijá-la e virou-se de maneira a ficarem de lado no catre estreito.
Ela se aninhou junto a seu corpo como se fossem um só. Alfonso fechou os olhos para tentar escapar da avalanche de emoções que o tomava. A paixão, inesgotável, ainda se sobressaía, mas também era acompanhada de infinita ternura, de uma espécie de gentil doçura como nunca experimentara antes. Aquilo o assustou ao extremo e, portanto, concentrou-se na paixão. Abraçou-a com força, permitindo-se um breve momento de doce rendição antes de erguê-la um pouco mais no catre e lhe guiar o seio até os lábios.
– O que está fazendo? – exclamou Anahi, entre surpresa e sonolenta.
– Ainda não terminei.
– Oh, terminou, sim – protestou ela com um riso ofegante.– Eu acho que sim e, portanto, nem venha dizer o contrário. Beijando-lhe a curva do seio com gentileza, Alfonso lhe lançou um olhar que era pura malícia.
– Eu jamais diria que os momentos de há pouco não foram incríveis. Mas ainda não terminei.
– Deve estar brincando. Então, ele a encontrou com seus dedos. Deslizou-os por seu calor úmido até chegar ao clitóris. Ela gemeu alto e deixou a cabeça cair no travesseiro, cravando as unhas nos ombros dele.
– Não, não está brincando – sussurrou. – Como... As palavras morreram em seus lábios quando ele escorregou pelo catre, deixando um rastro de beijos molhados por seu corpo, até chegar ao centro da feminilidade. No momento em que começou a estimulá-la com seus lábios e mãos experientes, Anahi tornou a gemer e sacudiu a cabeça devagar, como se não acreditasse que seu desejo podia se alastrar tão facilmente outra vez. Mas entreabriu as pernas num convite, dando-lhe mais espaço e entregando-se com completo abandono ao que prometia ser mais um mar de enlevo. Dessa vez, depois que seus corpos tornaram a se unir e ambos chegaram novamente ao ápice, Alfonso soube que dera tudo de si. Cada gota de prazer. Cada pedacinho de si. Desabou, enfim, no catre, mantendo-a no calor de seus braços, virado de lado para não pressioná-la com seu peso. Teve de se conter a custo para não soltar um grunhido profundo ao se dar conta do que fizera. Havia se apaixonado irremediavelmente por Anahi. Estava perdido.