Alfonso CURVOU o corpo por detrás do de Anahí, abraçando-a pela cintura e entrelaçando as mãos de ambos. Era o mais perto que podia chegar sem possuí-la outra vez. Mas dali uns cinco ou dez minutos, com certeza desejaria tê-la novamente. Ela estava quieta em seus braços. Quieta demais. E era evidente que não estava mais flutuando num nirvana sexual. Agora, seu corpo irradiava tensão. Dali a uns minutos, ele acabaria com isso também.
– Você não chegou a me perguntar o que aconteceu lá no complexo – comentou ela, enfim, num tom penosamente baixo.
– Isso faz parte das suas ordens? Você está num serviço de busca e entrega, mas não tem permissão para saber o que há no pacote? O protocolo deixava claro que ele tinha exatamente a função que ela acabara de descrever – um serviço de busca e entrega. Suas ordens tinham sido precisas. Não estressar a refém. Todo o processo de investigação e apuração seria conduzido pelo alto escalão. Portanto, pensou ele, contraindo o rosto, ela já conversaria com gente o bastante sobre a experiência traumática. Além do mais, não estava apto para isso. Ora, com a formação dela em Psicologia, estava melhor preparada do que ele naquele aspecto.Tinha apenas de distraí-la e retardar o processo.Até que Anahi tivesse a chance de conversar com alguém que pudesse orientá-la a como proceder para voltar a se sentir segura.
– Tenho certeza de que já verifiquei “o pacote” minuciosamente. – Alfonso soltou um ligeiro riso antes de lhe mordiscar o ombro por trás. Oh, a distração perfeita. Anahi estremeceu deliciada e pressionou as nádegas contra o corpo dele, o que o excitou prontamente, deixando-o tentado. Sim, tentando demais a possuí-la outra vez. Mas, embora não houvesse um futuro para ambos juntos, embora as razões para que isso não pudesse acontecer continuassem sendo sólidas, não podia fazê-lo. Não podia seguir o mesmo caminho de antes. Vira as perguntas nos olhos de Anahi meses antes, soubera que quisera conversar, criar um elo que fosse além do plano físico. Podia usar a desculpa típica da maioria dos homens de que conversar sobre emoções era tolice, algo para garotas. Mas sabia que não era o que ela buscava. Queria apenas saber mais sobre o homem com quem estava dormindo do que apenas sua posição favorita e o que o excitava mais. Já a magoara uma vez por ter optado pelo caminho mais fácil. Não o faria outra vez se pudesse evitar.
– O procedimento padrão num resgate é entrar no cativeiro, salvar a vítima e sair. Não devemos fazer perguntas, a não ser que seja sobre algo que esteja relacionado à conclusão da missão – explicou.
– É isso que sou? Alguém que faz parte do “procedimento padrão”?– Anahi não soou zangada, nem tampouco retesou o corpo, ou o afastou. Apenas o olhou por sobre o ombro com paciência e curiosidade. Como se pudesse esperar, por ter a certeza de que ele acabaria dando a resposta certa eventualmente. Alfonso franziu a testa. Por que ela nunca reagia da maneira que esperava? Tinham feito amor e, em vez de mergulhar num sono tranquilo, saciada, ela começara a pensar no pesadelo do cativeiro. Alguém entenderia como sua mente feminina funcionava? Onde estavam seus gatilhos emocionais?
– Não há nada de “padrão” em você – apontou com franqueza.– A verdade é que não sei fazer bem esse tipo de coisa. Anahí se virou em seus braços, e ambos ficaram de frente um para o outro. Seu cabelo solto cascateou em torno de ambos, a pele acetinada e os ombros benfeitos eram uma bela distração. Alfonso quis puxá-la mais para si outra vez, aninhar-lhe a cabeça em seu peito e distraí-la com sexo. Mas, pela maneira como ela o olhava, estava claro que não se deixaria desviar de seu intento de conversar.
– Que tipo de coisa?
– Ajudar na recuperação emocional.– Ele deu de ombros, pouco à vontade.– Na superação do trauma. Você passou um verdadeiro inferno. Precisa conversar com alguém que saiba como orientá-la durante essa fase de recuperação.Eu diria a coisa errada, ou lhe daria um tapinha na cabeça porque não sei como proceder, ou esmurraria alguma coisa, movido pela raiva ao ouvir o que aconteceu. E não precisa de alguém tornando as coisas mais difíceis para você. Os olhos dela adquiriram uma expressão enternecida, os lábios tremeram de leve.
– Você é tão doce – disse num tom manso, tocando-lhe os lábios com a ponta dos dedos numa carícia quase tão íntima quanto um beijo.
– Não. Apenas não quero conversar sobre essa parte emocional.– Alfonso falou com quase indiferença, mas, no fundo, sentia-se como um garotinho na véspera de um passeio. Todo entusiasmado porque ela o achava doce. – Mas você faria isso, não é mesmo? Se eu tivesse que conversar a respeito para desabafar, se não pudesse esperar para falar com um profissional que saberia me aconselhar, você falaria a respeito comigo? Ele preferiria ter levado um tiro, mas, esforçando-se para não aparentar quanto era avesso à ideia, assentiu. O sorriso de Anahi pareceu capaz de iluminar a tenda inteira. Soltando um riso rouco, abraçou-o com força. Os seios nus comprimiram-se de maneira tentadora contra o peito dele e as pernas de ambos se entrelaçaram.
– Sim, doce – falou alegremente. – Você é realmente doce o bastante para que eu não o faça passar por isso.
– Obrigado – sussurrou Alfonso e, então, porque palavras não eram o bastante, inclinou-se para beijá-la. Seus lábios se encontraram com volúpia, excitando-o mais e mais. Talvez a espera de cinco minutos tivesse terminado... Antes que ele pudesse descobrir, Anahi interrompeu o beijo e tornou a sorrir.