Quarta, eu esperei no greenroom até o último minuto, para que a aula já estivesse cheia na hora em que eu chegasse lá. Eu estava com minha foto e currículo como me foi atribuído, e eu peguei um assento com Christopher longe na lateral, assim havia cerca de dezenas de pessoas entre mim e Alfonso. Cerca de um minuto mais tarde, Alfonso, pediu a sala ficasse em silêncio.
— Tudo bem, então. Como eu disse na Segunda – nós não estamos perdendo nenhum tempo. Nós estamos pulando dentro do grosso das coisas. Hoje, nós vamos fazer audições de simulação usando leituras a frio de A Streetcar Named Desire por Tennessee Williams. Se vocês não leram, vocês deveriam estar questionando seus agentes nesse momento. Eu vou dividir vocês em pares. Essas tarefas junto com o script que vocês estarão lendo estão na mesa à minha esquerda. Eu mandarei vocês para o lado de fora e vocês terão dez minutos para se prepararem antes que eu chame o primeiro grupo. Vocês notarão que a cena que eu escolhi da peça é a cena conduzindo ao momento clímax onde Stanley estupra Blanche, a irmã da sua mulher.
— Cara, ele a estupra? — Esse seria Dom, obviamente um daqueles que deveria estar questionando o seu agente.
— Sim, Dom. Agora a dificuldade da audição é que vocês frequentemente devem retratar o clímax das cenas sem o beneficio de ter toda uma performance para construir àquele ponto. Vocês entram nisso emocionalmente cegos. Os momentos antes da sua audição são extremamente importantes. Vocês têm dez minutos para encontrar a conexão com seu parceiro e com o personagem. Boa sorte!
Ele deu um passo para o lado, e era como Black Friday no Walmart conforme os atores corriam para a mesa, tentando pegar um script e encontrar o seu parceiro. Eu não estava realmente muito a fim de pular na multidão, mas Maite me agarrou pelo cotovelo e não me deu muita escolha. Eu peguei o script, reconhecendo a cena. Alfonso não estava brincando sobre começar bem no clímax. Blanche já está bastante e profundamente maluca. Eu olhei para folha de atribuição e você não adivinharia... eu estava pareada com Dom. Eu pressionei uma mão na minha testa, um chato latejar começou justo sobre meu olho esquerdo. Dom girou um braço no meu ombro um momento mais tarde.
— Adivinha o que Any? nós estamos juntos novamente. Eu retirei o seu braço com um movimento de ombros e segui em direção à porta.
— Vamos acabar logo com isso, Dominic.
Quando eu saí do teatro, pares já estavam acampados em vários lugares por todo o corredor. O único lugar restado era diretamente na frente das portas do teatro, o que era quase uma garantia de nos tornar o primeiro grupo escolhido. Isso significava que nós teríamos menos preparação do que todos os outros. O pensamento me fez sentir como se eu fosse me partir em seções, mas evidentemente o mundo estava contra mim hoje. Seja o que fosse, ao menos eu terminaria com a aula mais cedo.
— Tudo bem, Dom, vamos ver o que nós conseguimos. Eu gastei mais do que dez minutos explicando a peça e a cena para Dom. Ele era um daqueles caras que tinha boa aparência e era muito bom em atuar o babaca super-confiante (basicamente porque ele era um babaca super-confiante), mas era só isso.
— Então, meu cara está bêbado, certo?
— Sim, Dom.
— Agradável. E você está louca? Eu suspirei.
— Bem, mais ou menos. Eu estou um pouco delirante, e você destrói esses delírios.
— Ótimo. Depois eu ataco você. Eu rolei meus olhos. Qual era o objetivo?
— Sim, claro. Enfim, eu vou começar sentada em uma cadeira, e você entrará da parte esquerda do palco, tudo bem? Eu não posso imaginar que ele nós fará interpretar toda a cena porque ela é bastante longa. E isso foi tudo o que nós tivemos porque a porta se abriu e os olhos de Alfonso caíram em mim.
— Anahi, Dom, estão prontos?
Dom me puxou aos meus pés contra minha vontade, e disse .
—, Com certeza, Alfonso.
Pronto era o exato oposto de como eu me sentia. Eu odiava estar despreparada.
Alfonso pegou nossas fotos e currículos e olhou por sobre eles em silêncio por cerca de um minuto. Eu apanhei uma cadeira e a movi ao centro da sala e me sentei. Eu dobrei o script da minha audição para que o papel não fosse muito grande e desajeitado. Ele se apresentou como se nós nunca o conhecêssemos, e em seguida nos deu permissão para começar. A cena começou com Blanche vestida nas suas roupas mais elegantes (incluindo uma tiara) falando com imaginários pretendentes em uma festa imaginária. Demorou-me alguns segundos para entrar na cena porque meus próprios sentimentos de pavor e mal-estar eram tão contrários à ignorância feliz de Blanche. Mas uma vez eu cheguei lá, foi fácil bloquear a sala ao meu redor e me deixar levar no seu riso e seus sonhos e seus delírios. Quando Dom se vangloriou para dentro do espaço, eu tive que admitir, ele fazia um ótimo Stanley. Apesar de não saber nada sobre a peça, ele exalava o carisma de Stanley, sua absoluta desconsideração por Blanche. Eu usei meu mal-estar sobre a situação com Alfonso, deixando-o se infiltrar e direcioná-lo em direção à Dom. depois de outra meia página, Alfonso nos parou.
— Bom, bom. Anahi, você começou um pouco insegura, mas você estava morta no final. Dom, eu acho que você teve uma compreensão realmente boa sobre Stanley. — Eu resisti com a urgência de rolar meus olhos.
— Mas... eu não estou sentindo tanta conexão do seu lado como eu estou com Anahi. Ela está consciente de você todo o tempo, ajustando os movimentos dela com os seus movimentos. Eu preciso ver você reagindo um pouco mais. Vamos pular adiante logo antes de você re-entrar no banheiro.
Comece com Blanche ligando para a União do Ocidente20, e vamos ver se nós não podemos de verdade, nos concentrar em conectar um com o outro. Eu assenti, me movendo para o lado oposto do espaço onde eu tinha planejado colocar um telefone imaginário. Ele escolheu possivelmente a parte mais difícil para eu começar. Nós pulamos bem para a parte onde Stanley despedaça o perfeito e amável mundo que eu sonhei para mim mesma, e eu tinha que transmitir o mesmo medo e paranóia do mesmo jeito. Eu fechei meus olhos e respirei fundo. Medo. Paranóia. Como eu me sentiria se alguém descobrisse sobre Alfonso e eu. Ou se ele descobrisse que eu era virgem. Inferno... Como eu me senti logo antes de eu nos impedir de fazer sexo. Isso era medo e paranóia no seu melhor. Sentindo-me um pouco mais confiante, eu abri meus olhos e imitei apanhar um telefone. Desde que eu ainda tinha que segurar o script, eu tive que renunciar a imitação do fone e apenas fingir falar com no receptor. Eu ofeguei no telefone, pedindo por um operador. O medo parecia tão real que lágrimas pressionaram nos meus olhos sem qualquer esforço da minha parte. Eu balbuciei, pânico erguendo-se e asfixiando as palavras. Minha voz partiu mais que minhas ligações por socorro. A sensação de estar presa veio tão facilmente. Que era sufocante. Eu ouvi Dom aparecer atrás de mim, e eu congelei. Eu recuei, e ele deu um passo entre a porta imaginária e eu. Ele riu de mim, e eu não tive que fingir a repulsa que eu senti. Eu tentei partir, e ele pisou no meu caminho. Eu pedi para ele me deixar passar, mas ele permaneceu. Rindo, ele começou a esgueirar-se na minha direção, e eu senti o baque do meu coração saltar um pouco. Eu escorreguei para fora do personagem apenas tempo o suficiente para achar que nós estávamos fazendo um bom trabalho. Muito melhor do que eu tinha pensado que nós faríamos. Em seguida o sorriso no rosto de Dom entrou na minha visão e eu estava de volta. Eu tentei fugir dele, mas ele continuou vindo, ainda rindo. Depois suas mãos se fecharam ao redor dos meus antebraços, me arrastando para cima e contra ele. Eu lutei, contorcendo todo o meu corpo para tentar me afastar. Ele me puxou contra ele, me apertando mais forte, forte o suficiente que realmente doeu, e um pequeno calafrio de mal-estar subiu na minha coluna. Seu rosto estava bem contra o meu, de modo que eu senti o calor do seu hálito contra o meu rosto. Eu deveria me desmoronar, derrotada, e ele me levaria para fora do palco para a cena de estupro, mas não é como as coisas realmente aconteceram. Dom largou seu script, agarrou meu pescoço e me puxou para frente em um beijo. Chocada, eu me empurrei contra ele com minha mão livre, mas ele continuou vindo, não percebendo que era eu protestando, não Blanche. Eu empurrei e me contorci, mas ele era muito forte, e seus lábios estavam pressionados contra os meus tão forte que eu não podia dizer nada para fazêlo parar. Eu estava me preparando para meu movimento final de protesto, uma rápida joelhada no lixo, quando Dom foi arrancado de mim. Eu engoli ar, e vi Alfonso, que estava fervendo, soltar um dos braços de Dom que ele tinha torcido para trás em um ângulo estranho.
— Onde exatamente no script você viu essa particular encenação, Dominic? — Alfonso perguntou, seu tom mortalmente calmo. Eu não estava perdendo tempo com as perguntas lógicas. Eu voei em Dom, empurrando-o para trás.
— Mas que inferno foi isso, Dom? A cena de estupro ocorre fora do palco, seu babaca! Ele agarrou meus pulsos conforme eu fui para empurrá-lo novamente.
— Ei, eu estava tentando conectar. Eu estava improvisando. É isso o que atores fazem!
A mão de Alfonso desceu no braço de Dom, e ele apertou um pouco mais forte do que era provavelmente apropriado. Dom soltou os meus pulsos imediatamente, e eu recuei.
— Seja como for — Alfonso começou. — Atores também respeitam uns aos outros. Ao menos que você gostaria de ser acusado de violência, você tem que combinar algo assim com o seu colega de antemão. — Eu podia ver a fachada calma de Alfonso despedaçando.
— Agora vá. Você está dispensado.
Eu podia dizer que Dom estava puto. Ele me deu um olhar fulminante, e empurrou a porta tão forte que ela bateu contra a parede do lado de fora. Eu só não podia ter uma pausa essa semana. Estava o mundo largando merda em todo o mundo ou só em mim? Houve um leve toque no meu braço, e em seguida Alfonso estava na minha frente, embalando meu braço em suas mãos. Uma contusão já estava se formando onde Dom tinha me agarrado durante a cena. Alfonso correu uma mão sobre o meu rosto, e depois olhou para mim.
Ele disse: — Eu provavelmente poderia ter lidado melhor com isso.
Eu não percebi quanto minha cabeça ainda estava martelando até que eu ri, e o movimento ricocheteou dor pela minha cabeça. Eu fechei meus olhos por instinto. Os dedos de Alfonso roçaram junto da minha mandíbula, enviando um terremoto de tremores sobre minha pele de onde nós tocávamos. Eu mantive meus olhos fechados, porque enquanto eles estivessem fechados, eu não ia fazer nada errado, certo? Mas se eu os abrisse, e eu olhasse para o seu rosto esplêndido e visse aqueles lábios... eu estaria cruzando um território completamente diferente que era definitivamente muito errado, errado, errado. Um sussurro:
— Anahi.... — foi todo o aviso que eu tive antes dos seus lábios estarem nos meus. _______________