Eric estava embaralhando papéis, procurando por algo quando eu entrei no auditório na Quarta.
— Oh, Any, você está adiantada como sempre. Isso é ótimo. Eu pareço ter perdido minhas anotações, então eu vou correr de volta lá em cima para o meu escritório. Sente-se com Alfonso e apenas relaxe por um momento. Apesar do fato que eu já tinha um papel, eu estava uma pilha de nervos por essas re-chamadas. E se todos esperassem que eu fosse perfeita? E se minha audição fosse totalmente um acaso feliz? Eu observei Eric sair pela porta dos fundos e me perguntei... E se ele mudou de ideia? Eu me sentei na fileira abaixo de Alfonso, desejando que eu já tivesse terminado e matado algum tempo na greenroom com os atores esperando e preparando sua segunda rodada de audições. Quando ele se inclinou na minha direção, eu disse .
— Oi... amigo. Eu desisti de tentar não ficar estranha, e estava apenas aceitando isso ao invés. Ele riu, o que eu imaginei que era bom. Certamente poderia ter sido pior. Ele disse.
—Não muito acreditável, mas A pelo esforço.
— Alguém dá notas muito facilmente.
— Alguém apenas tem um fraco por alguém se você quer saber. — Ele estava inclinado na minha direção e mesmo embora seu rosto estivesse uns bons trinta centímetros de distância de mim, eu juro que eu senti aquelas palavras como se ele tivesse sussurrado-as no meu ouvido.
— Desculpe — ele respondeu quase que imediatamente. — Algumas vezes eu só me esqueço.
Eu disse —Eu também. — Mas isso era uma mentira. Eu nunca realmente me esquecia. Eu queria esquecer. Eu desejava que eu pudesse esquecer sobre os quilômetros nos separando, e apenas me deixar estar lá, apenas trinta centímetros de distância, mas eu não podia. Ele limpou sua garganta, e dessa vez eu não estava imaginando sua aproximação, ele estava centímetros da minha orelha.
— Eu tenho que perguntar algo a você.
— Tudo bem — veio minha resposta ofegante.
— Christopher. Eu me virei, confusa, e imediatamente me inclinei de volta porque eu trouxe nossos rostos muito perto.
— Isso não é uma pergunta.
— Você ainda está com ele?
— Com ele?
— Eu só – eu não posso dizer. Vocês ainda sentam juntos na aula, mas está diferente agora. Então, eu achei que talvez vocês dois tivessem terminado. Ele pensou que Christopher e eu estávamos juntos? Quanto esdruxulamente distraída eu fui? O mundo todo praticamente percebeu os sentimentos que meu melhor amigo tinha por mim. Tanto por ser como Nancy Drew, eu era claramente como Salsicha e Scooby Doo nesse cenário.
— Não há nada para se terminar —, eu disse a ele.
— O que?
— Sim! Christopher e eu não estamos juntos. Nós nunca estivemos. — Seus olhos estavam amplos agora, e sua cabeça inclinada daquele jeito que dizia que ele não acreditou em mim.
— É isso o que você pensou todo esse tempo? Que eu estava traindo ele com você? Oh, meu Deus. O cara que eu poderia estar ou não estar apaixonada pensou que eu era uma piranha. As coisas poderiam ficar mais ferradas? Sua cabeça estava balançando para frente e para trás, mas eu não estava certa se isso era um não ou apenas ele tentando encaixar as peças.
— Eu não sei o que eu pensei. Vocês sempre estavam juntos, e ele toca você, ele está sempre tocando você. Acredite em mim, eu percebi. Eu só assumi que foi a razão... bem, por que você correu naquela noite.
— Eu não corri por causa do Christopher, Eu tinha que pegar o meu gato...
— Anahí, eu não sou um idiota. Deus, era isso. De alguma forma, eu pensei que eu fosse escapar com essa horrível desculpa. Eu quero dizer, obviamente, não tinha deixado-o completamente desinteressado como eu originalmente achei. Mas ele sempre soube que era uma desculpa, ele apenas entendeu a razão errada. E eu não podia deixá-lo saber a razão verdadeira, não agora, não aqui nesse teatro onde nós deveríamos ser profissionais (embora eu estivesse fracamente certa que profissional já tinha sido chutado para o meio-fio).
— Eu tenho um gato! Eu tenho! — Droga... por que eu não podia nunca me lembrar do gênero do meu gato imaginário? — Huh, ela é cinza e adorável e seu nome é... — Eu disse a primeira coisa que estourou na minha cabeça. — Hamlet. Eu era um gênio. Eu não podia sequer inventar um gato fêmea com um nome de fêmea. É como se houvesse essa ponte no meu cérebro entre a razão e o absurdo, e de alguma forma eu tivesse queimado-a.
— Você tem um gato chamado Hamlet?
— Eu tenho. — Mate-me agora. — Eu definitivamente tenho. Era isso. Eu ia ter que encontrar um gato.
— Ótimo. Então, se você não está namorando o Christopher, o que está acontecendo entre vocês dois? Eu podia sentir calor parasitando na minha pele do meu pescoço.
— Nada.
— Você é uma terrível mentirosa.