Alfonso sorriu —Sua mãe soa um pouco como a minha. Eu olhei para ele.
— Você está adiantado.Eu só puxei o meu cabelo em um molhado rabo de cavalo essa manhã. Eu estava planejando endireitá-lo antes dele aparecer, mas agora eu só parecia desalinhada.E depois de me arrastar debaixo do sofá, eu estava empoeirada, também.
— Tudo bem? Provavelmente seria muito rude dizer a ele ir para casa e voltar em uma hora.
— Não, está bem. Você pode assistir TV ou algo.Eu só preciso de um segundo.Eu gesticulei para ele entrar na sala de estar,e escorreguei para dentro do meu quarto,me perguntando o quanto de melhoria eu poderia fazer em cinco minutos.Eu arranquei o elástico do meu cabelo,e olhei para a ondulada,bagunça úmida com a qual eu tinha que trabalhar. Não havia tempo para secá-lo e alisá-lo. E se eu secasse sem alisá-lo,eu teria uma afofada bola de cabelo.Eu usei minhas mãos para bagunçá-lo um pouco mais, amassando-o com as minhas mãos, esperando que a aparência cacheada funcionasse.Eu enterrei um pouco mais de mousse nele,mas foi tudo o que eu tive tempo.Eu coloquei uma rápida camada de rímel e um pouco de brilho labial,esperando que ele gostasse da aparência ao natural.Quando eu saí do quarto,ele estava deitado no meu sofá, assistindo TV e Hamlet estava enrolada em uma bola firme no seu peito.Eu fiquei ali em choque,certa de que eu estava sonhando. Ele se virou e me viu observando.
— Ei,seu cabelo está enrolado.— Eu assenti.Eu quase sempre o usava liso.
Ele disse —Eu gosto assim. Eu ainda estava emperrada no fato que meu gato estava empoleirado alegremente no seu peito... ronronando. Ele tinha poderes mágicos. Essa era a única resposta.
— Venha aqui —,ele disse, sentando-se, e trocando Hamlet para o seu colo. Eu me sentei cautelosamente,alguns metros de distância. Eu apontei para Hamlet, e disse.
—Como você fez isso?
— Fiz o que?
— Conseguir que ela deixasse você segurá-la.
— É uma ela? — ele perguntou.
— Sim, e ela odeia todo mundo. Especialmente a mim.
— Seu próprio gato odeia você?
— Nós estamos resolvendo os nossos problemas. Ele riu.
— Talvez ela esteja ofendida por você ter dado a ela um nome de garoto.Eu estendi uma mão para acariciá-la,e como sempre,recebi um rosnado pelas minhas angústias.O pensamento de Alfonso sobre o ódio de Hamlet por mim era hilário.E ele continuou segurando-a,o que significava que eu fui banida para o lado oposto do sofá porque meu gato roubou meu... o que quer que ele fosse. Argh.Isso era algo sobre o qual eu não queria pensar.Eu quero dizer,obviamente,era um relacionamento secreto,então não era como se nós necessariamente precisássemos de rótulos,mas eu estava curiosa.O que aconteceria quando o ano terminasse? Nós sequer iríamos durar tanto assim? Eu me levantei para começar o jantar para me distrair.Eu fiz espaguete porque era a única coisa que eu confiava que eu não estragaria quando eu estava nervosa.E bem... eu sempre estava nervosa perto de Alfonso.Ele aparentemente ele tinha o efeito oposto com Hamlet,que estava adormecida em seu colo.Eu vi minha janela de oportunidade pelo que eu estava desejando desde quando ele chegou.Eu deixei a comida cozinhando no fogão,e fiz meu caminho ao sofá.Eu não me sentei por medo de acordar a mal-humorada,mas eu coloquei uma mão no ombro dele,e me inclinei abaixo para um beijo.Uma vez que suas mãos estavam presas embaixo de Hamlet,eu assumi o controle do beijo.Minhas mãos encontraram seu cabelo,o qual era tão viciante e suave quanto sempre,e o beijo se aprofundou.Eu o beijei forte,porque eu podia,e ele não fez esforço para me impedir.Era o beijo que eu queria na noite anterior que ele tinha se recusado a me dar.Eu não queria recuar,mas eu tinha um jantar para fazer.Seus olhos estavam escuros quando nós nos separamos.
— Eu acho que você pode ser um pouco diabólica —ele disse. Eu ri.
— Sim, eu planejei isso tudo. Hamlet estava nisso,também.
— Beije-me de novo.Ele não teve que pedir duas vezes.Cada vez que nós nos beijávamos,minha confiança ficava mais forte.Quanto mais eu o conhecia,mais ousada eu me tornava.Eu gostava disso... quase tanto quanto eu gostava dele. Alguém bateu na porta,três altas pancadas,seguidas por mais três apenas segundos mais tarde.Nosso fôlego ainda estava curto do beijo,e eu não estava certa se o batimento-muito-rápido do meu coração era devido ao Alfonso ou ao choque.
— Você está esperando alguém? — ele sussurrou. Eu neguei com minha cabeça. Mais três batidas,e em seguida o grito de Maite atravessou a porta.
—, Eu sei que você está aí, Anahí Abra!
Merda. Eu não fiz nenhum esforço para ser gentil conforme eu erguia Hamlet do colo de Alfonso e a largava em cima do sofá.Eu quase nem percebi o rosnado; tinha se tornado tão banal. Eu agarrei Alfonso e o puxei aos seus pés. Eu não tinha ideia onde colocá-lo, mas decidi que o banheiro provavelmente era melhor do que o quarto, sendo que ele realmente tinha uma porta. Eu o empurrei para dentro com um rápido, “Desculpe. Eu vou me livrar dela, eu prometo”. Se apenas nós tivéssemos ido para a casa dele. Eu esfreguei meus lábios, esperando que eles não estivessem inchados como eles pareciam. Eu corri uma mão sobre o meu cabelo, e quando eu estava certa que não houvesse nada flagrantemente fora do lugar, eu abri a porta. Maite passou por mim, esvoaçando.
— Já não era sem o maldito tempo. O que você estava fazendo?
Eu fingi um bocejo. — Oh, você sabe, apenas descansando. Ela rolou seus olhos, e olhou para mim como se eu fosse a frustrante.
— É uma coisa boa que eu vim até aqui então. Eu não estou prestes a deixar você em casa em um Sábado à noite se lastimando sobre a coisa com Christopher.Ela pegou o meu pulso, e me arrastou para dentro do meu quarto. Então, o banheiro tinha sido a escolha certa.
— Eu não estou me lastimando! — eu disse. — E como você sabe sobre a coisa com Christopher?
— Porque todo mundo sabe, querida. O que, por falar nisso, eu estou irritada pois você não me contou que todo esse drama estava acontecendo. Ótimo.
— Não há realmente tanto drama assim. Nós iremos consertar as coisas logo, eu tenho certeza. — eu disse.
— Oh, querida, você não soube? Christopher quase recusou o papel em Phaedra. Ele não recusou, graças a Deus. Christian conversou com ele e o fez desistir disso. Mas eu não chamaria isso de ‘não tanto drama assim.’ Eu me afundei na minha cama, meu interior se contorcendo como um trapo retorcido. Christopher estava chateado assim? Ele desistiria assim de um papel apenas para que ele não tivesse que estar perto de mim? A voz de Maite veio do meu closet, e eu tive um déjà-vu da noite em que tudo isso começou. Ela começou a tirar blusas, saias, e eu perguntei —, O que você está fazendo?
— Nós vamos sair. Você precisa se lembrar que o mundo existe do lado de fora do seu apartamento.
— Não, Mai eu realmente gostaria possivelmente que não.Eu pensei em Alfonso no meu banheiro, e me perguntei se ele poderia nos ouvir.
— Merda nenhuma. Eu não estou dando a você uma escolha. Eu não danço há uma eternidade, e eu preciso de uma companhia. Eu gemi e cai de costas na minha cama. Ela largou uma saia no meu rosto.
— Se vista. Em seguida eu me lembrei de uma perfeita desculpa .
—Eu não posso. Eu tenho que preparar o jantar.
— Ótimo. Eu estou faminta. O que nós temos? Algumas vezes eu achava que a minha vida seria mais fácil se eu não tivesse amigos. Eu retornei para a cozinha, e ela seguiu. Eu tinha deixado o molho um pouco mais de tempo e ele tinha queimado nas bordas. Tanto para não arruinar com o espaguete.
— Caramba mulher, você estava planejando devorar seus problemas? Você fez o suficiente para três pessoas! — eu só encolhi de ombros. Eu não tinha nada para explicar por que eu estava cozinhando para duas pessoas (uma com um apetite muito grande). Eu coloquei um pouquinho de espaguete nos nossos pratos, tentando deixar algum para Alfonso, mesmo embora eu não tivesse ideia quando ele conseguiria comê-lo. Eu comi rapidamente, deixando Maite dominar a conversa, a qual era sobre quanto tempo tinha se passado desde quando ela realmente fez um bom sexo. Eu assenti, rindo nas partes certas, enfiando comida na minha boca todo o tempo. Eu limpei meu prato antes dela sequer fazer uma marca no dela. Eu coloquei meu prato na pia, e depois segui para o corredor.
— Onde você está indo? — Maite perguntou.
Eu falei “banheiro!” sobre meu ombro, continuei andando. Quando eu cheguei à porta, eu olhei por sobre meu ombro, contente em encontrar Maite preocupada com o seu espaguete,e eu escorreguei para dentro do lugar.
— Ela se foi? — Alfonso perguntou.
— Sssshhh! — Ele estava inclinado contra a pia, e eu o contornei para abrir a torneira para encobrir nossos sussurros.— Não, sinto muito. Ela realmente está comendo nosso espaguete. Seus lábios se enrugaram, e eu me inclinei para frente, abafando minha gargalhada contra seu peito.
— Ela está partindo logo? Eu olhei acima para ele, mas permaneci perto contra ele.
— Não. Ela acha que eu estou deprimida sobre Christopher e ela está determinada em me forçar a sair. Ele me arrastou para ele, e pressionou seu rosto no espaço onde meu pescoço fazia uma curva com o meu ombro. Ele soltou um rosnado que era estranhamente semelhante ao de Hamlet. Eu envolvi meus braços ao seu redor, apenas tão desapontada.
— Eu sei. É uma droga. Como se eu tivesse dado a ele a ideia, seus lábios cobriram meu lugar pulsante, sugando suavemente. Eu ri, e o empurrei para trás.
— Alfonso, ela está lá fora. Como se como uma deixa, Maite bateu na porta. — Chega de enrolar, chica! Eu escolhi sua roupa! — A maçaneta começou a rodar, e eu corri para interceptá-la. Eu mantive um pé no caminho para que apenas uma fenda de espaço se formasse.
Eu disse —Eu não estou enrolando, apenas me aprontando. Entregue-me as roupas, e eu irei me trocar. Ela pareceu suspeitar da minha animação fingida. Eu nunca estava animada quando ela me arrastava para sair assim. Eu continuei sorrindo, como se talvez o estresse estivesse chegado a mim, e eu finalmente acabei de desmoronar. Ela me passou as roupas, e antes que ela tivesse uma chance de responder, eu empurrei a porta fechada, e a tranquei tão silenciosamente quanto eu pude. Quando eu me virei,Alfonso estava afundado em cima da privada. Eu liguei o rádio, aumentando-o tão alto quanto ele podia suportar, e fechei a torneira.
— Sinto muito, Alfonso. Sentado, sua cabeça estava ao nível do meu peito, e ele descansou suas mãos nos meus quadris, me puxando para frente.
— Tudo bem, amor. Isso estava fadado a acontecer mais cedo ou mais tarde.
— Eu desejaria que você pudesse vir comigo.
— Eu também, amor. Mas tudo bem. Nós vamos jantar outra hora. Você deve se trocar. Quanto mais cedo você sair daqui. Menos susceptibilidade nós temos de sermos pegos. Eu assenti. Minhas mãos tremeram levemente enquanto eu puxava as roupas ao meu peito.
Ele disse —Eu irei fechar meus olhos.E eu me abaixei um pouco, dando um beijo de agradecimento na sua bochecha. Sorrindo, ele fechou seus olhos, e então inclinou seus cotovelos em seus joelhos e seu rosto em suas mãos. Tão rapidamente quanto eu pude, eu arranquei minha camisa, e tirei meu short. Eu arrastei uma camiseta preta sobre minha cabeça, e depois eu ergui a saia. Meu estômago despencou. Era aquela Deus-me-livre, horrenda mini-saia minúscula.
Eu devo ter feito um barulho porque Alfonso ergueu sua cabeça. Ele manteve seus olhos fechados enquanto perguntou.
—Tudo bem amor?
Eu disse —Sim. Mesmo embora eu estivesse pensando o inferno que está. Eu me deslizei na saia, e era apenas tão curta quanto eu me lembrava. Eu suspirei. Não havia jeito que eu pudesse usar isso. Eu toquei uma mão no ombro de Alfonso, tendo a intenção de dizer a ele que eu ia sair para encontrar qualquer outra coisa, mas seus olhos se abriram e se fixaram na minha perna, as quais subitamente sentiram-se fracas, como poças de tecido ao invés de músculos de carne e osso. Uma das suas mãos se enroscou e fez cócegas na parte de trás do meu joelho, e eu tive que me firmar com uma mão no seu ombro para me impedir de desabar.
— Você está tentando me matar, não está? — Ele engasgou. — Essa não é a saia que você disse que nunca usaria?
— E eu não vou usá-la essa noite. Eu vou voltar ao meu quarto e encontrar qualquer outra coisa. Eu me virei, e sua outra mão tocou na minha coxa.
— Espere. Suas mãos se arrastaram para cima até a indecente bainha curta, e ao redor da parte de trás das minhas coxas, centímetros abaixo da curva do meu bumbum.
— Você. Está. Inegavelmente. Sexy. — Sua voz estava tão baixa e rouca, que eu pude sentir as vibrações ensopando a minha pele. Ele se inclinou para baixo e remarcou cada palavra com um beijo casto subindo a lateral da minha coxa. Eu podia ter virado argila em suas mãos, pela maneira com que ele estava me controlando. Se ele tentasse, eu poderia ter desistido da minha virgindade por ele aqui nesse banheiro sem muita resistência. Mas o punho de Maite bateu na porta, me tirando da minha luxúria.
— Droga, Any, Você pode se apressar? Com suas palavras, voltou meu medo. Certo, ele achou que eu estava sexy agora. Mas virgens eram basicamente as últimas coisas sensuais no mundo. Ele mudaria de ideia quando ele descobrisse?
— Eu tenho que ir. Desculpe. Provavelmente ainda sobrou espaguete para você se você quiser algum depois que eu partir. Eu irei... eu irei ligar para você, tá bom? Eu caí para o corredor, uma bagunça de hormônios e emoções. Eu estava tão distraída que eu nem sequer me lembrei que eu tinha a intenção de trocar de roupa até que eu já estava afivelada no carro de Maite e nós estávamos a caminho da boate.