Eu pensei sobre ir até a casa dele assim que eu chegasse em casa, mas que a verdade seja dita, eu estava com medo. E era tão mais fácil apenas sentir pena de mim mesma. Eu tinha um pote de sorvete choco-chip no meu freezer em espera apenas para tais ocasiões. Teria sido legal dividi-lo com Maite, mas eu não conseguia me dar ao luxo de dividir
meus segredos com outra pessoa, e eu não era tão egoísta para fazer Christopher testemunhar algo mais da minha festa da compaixão. Ele prometeu que não me ligaria mais, e eu acreditei nele. Eu me sentei na extremidade final do meu sofá, olhando Hamlet espalhada na outra extremidade. Eu me perguntei se ela poderia me confortar. Ela tinha sido simpática comigo apenas uma vez em outro momento triste, então talvez eu tivesse uma chance. Eu estendi a mão para ela, e recebi não apenas seu rosnado frequente, mas um silvo também. Ela claramente estava do lado de Alfonso. Eu pensei sobre ir até ele milhares de vezes, talvez milhares e uma. Mas eu tinha que enfrentar que – ele era muito para mim desde o início. Ele teria se cansado de mim eventualmente, uma vez que o fator proibido se esgotasse. E eu não podia sequer começar a contemplar o que poderia ter acontecido se nós fôssemos pegos. Mesmo o pensamento disso fez com que a adrenalina corresse por mim, como quando ele me beijou no laboratório para que qualquer um visse. Talvez eu estivesse fazendo-me um favor, rompendo as amarras agora. Eu quero dizer, era uma droga vezes sete bilhões, mas teria sido pior depois de mais tempo. No obscuro, silencioso apartamento na minha névoa induzida pelo sorvete, eu podia admitir que eu tinha me apaixonado por ele. Nosso breve relacionamento tinha sido como gastar um dia na luz do dia quando você viveu toda a sua vida no subterrâneo (meu antigo ser sendo o homem toupeira nessa estória). Talvez isso fosse tudo o que nós conseguiríamos quando vinha a ser relacionamentos como esses clarões de luz do dia. Talvez fosse muito brilhante para ser sustentado por qualquer período de tempo prolongado. Talvez eu devesse estar grata. Eu não me sentia grata. Eu me sentia miserável (e cheia de sorvete). Nós estávamos no laboratório novamente na Quarta, e ele em momento algum se aproximou cerca de um metro do meu espaço de trabalho. No ensaio naquela noite, ele sentou-se em cima de uma fileira, fazendo anotações, e em momento algum disse uma palavra. Quinta e Sexta foram os mesmos. Embora a atuação nos ensaios tivesse provado agora que Christopher e eu tínhamos remendado as coisas (mais ou menos). Nós não éramos completamente amigos novamente. Eu não nos via saindo sozinhos qualquer momento no futuro, mas nós podíamos conversar sem algum desastre maior, e ambas as nossas mentes tinham se limpado o bastante para se focar na peça. Eu retornei para meu estado de homem toupeira na semana, nunca deixando o apartamento, tomando banho apenas quando absolutamente necessário. Qualquer outra semana, Maite poderia ter me forçado a uma saída, mas ela ainda estava um pouco irritada sobre a minha atitude na boate. Então eu estava basicamente sozinha. Eu não tinha ninguém, além de Hamlet. Quem me odiava com o fogo de milhares de sóis. Eu passei toda uma semana em um estado de solidão antes que eu tivesse coragem de fazer algo a respeito disso. Eu desci no horário do seu escritório, com muito medo de confrontá-lo em casa ou depois das aulas. Quando eu me aproximei da porta, ele estava no telefone.
— Eu sei —Ele estava assentindo, sorrindo.— Eu sei.Eu irei para casa antes de você tomar conhecimento.O que é isso, apenas três meses a mais?
Eu congelei.Eu me fixei na parede do lado de fora da sua porta, e meus pulmões pareceram vazios sem importar quantas respiradas eu desse.
— O que?Não, eu superei isso.Realmente não era nada para começo de conversa... apenas inconveniência.Algo estava desintegrando dentro de mim, algo que já tinha estado vulnerável e fraco, mas agora estava quebrando e quebrando.
— Eu deveria ter pensado melhor. Eu sei, mas está terminado agora, e eu realmente não me importo mais, sabe? Sim, sim.Eu irei encontrar outro lugar para trabalhar.Apenas não vale à pena. Não vale à pena? Eu acho, até então, que eu ainda tinha esperanças, mesmo embora eu tentasse conversar comigo mesma para esquecer sobre isso. Esperança... era uma completa filha da puta. Eu não iria chorar. Ele tinha superado isso. Eu precisava superar, também. E eu precisava certificar que ele soubesse disso. Se ele estivesse pensando em desistir para ficar longe de mim, eu tinha que consertar isso. Eu não seria a razão para ele partir. Antes que eu pudesse mudar de ideia, eu estendi a mão e bati na porta, e entrei pelo vão da porta. Ele olhou para cima, e balbuciou sobre o que ele ia dizer a seguir. Ele me encarou por um segundo, o telefone esquecido em suas mãos. Então finalmente, ele piscou, e voltou à conversa.
— Ei, eu tenho que ir. Eu ligarei para você mais tarde, tá bom? Eu odiei quem quer que estivesse na outra extremidade daquela ligação de telefone. Era uma garota? Ele tinha uma
namorada quando voltasse à Filadélfia? Tinha sido apenas uma aventura para ele, apenas sexo (ou bem, quase sexo)? Quem quer que fosse falou por outros vinte segundos enquanto ele disse sim e tudo bem e assentiu juntamente. Quando ele desligou, eu ainda não tinha ideia do que eu ia dizer. Ele apenas olhou para mim por um momento, e depois disse.
— Como eu posso ajudá-la, Anahi. Seu tom formal me fez ficar enjoada, mas eu tentei duplicá-lo o melhor que eu pude. — Eu só queria me desculpar pelo meu comportamento durante nosso ensaio juntos.Christopher e eu temos resolvido tudo— Ele interrompeu.
—,Eu percebi.
Meus pensamentos gaguejaram, fugindo por um momento.
— Então... eu, hum, eu prometo que não irá acontecer novamente. No futuro, eu irei manter uma atitude profissional. Eu não levarei minha vida pessoal para o ensaio ou sua aula. Ele abaixou a caneta com a qual ele estava brincando, e começou a se levantar.
— Anahí... O que quer que fosse que ele ia dizer, eu não podia ouvir. Se eu tivesse que ouvi-lo tentar me colocar para baixo (quando eu sabia que ele não se importava), eu acabaria chorando e me fazendo de boba. Então eu o cortei. — Está tudo bem. Eu superei. Nada demais, certo? Ele pausou e eu estava certa que ele soube que eu estava mentindo, certa que ele pudesse ver dentro do meu estômago se revirando, meu coração se contorcendo. Eu quis que ele acreditasse em mim. Eu estou bem. Eu superei isso. Eu estou bem. Bem. Bem.
— Certo — ele finalmente disse. Eu inspirei um ávido fôlego.
— Ótimo. Obrigada pelo seu tempo. Tenha um bom dia!