No último dia na escola antes do Recesso da Primavera, eu acordei exausta e estava tão frio que eu usei um suéter para a aula de Alfonso, mesmo embora fosse primavera no Texas. Era bastante óbvio, ou deveria ter sido, mas eu estava tão preocupada em sobreviver ao dia e chegar ao recesso que eu empurrei de lado meu mal-estar.Alfonso nos soltou mais cedo, não antes de dizer.
—, Desculpe por dar a vocês tarefa de casa no recesso, mas quando vocês voltarem eu quero um plano definitivo do que vocês farão em 23 de Março, e para aqueles que não olharam no calendário é o dia depois da sua graduação.Dom riu atrás de mim.
—, Ainda vou estar bêbado na noite anterior conta como um plano definitivo? Eu nem sequer tive a energia de rolar meus olhos.
— Alguns de vocês eu verei amanhã no ensaio, e o resto tenham um ótimo recesso de primavera! Não sejam presos ou se casem ou nenhum desses tipos de coisas! Curtam o resto do seu dia. Eu acho que houve aplausos, mas minha cabeça parecia um pouco confusa. Eu guardei minhas coisas, e decidi que eu realmente não precisava ir ao restante das minhas aulas hoje. Eu deveria ir para casa e dar um cochilo. Um cochilo parecia ótimo. Eu estaria bem depois que eu dormisse um pouco mais. Eu me senti tonta enquanto eu cambaleei em direção à porta. Eu não tinha percebido que todos tinham ido embora até que Alfonso e eu estivéssemos sozinhos, e ele perguntou.
—Você está bem, Anahi? Eu assenti. Minha cabeça parecia que estava cheia de algodão.
— Apenas cansada —, eu disse a ele. Eu estava coerente o suficiente para me certificar que minha resposta estivesse cuidadosamente neutra– sem necessidade de ser uma megera.
— Obrigada, entretanto, tenha um bom recesso!— Minha voz soou distante, e precisou de toda a minha concentração para sair pelas portas e para o meu carro. O caminho para casa foi um mistério. Definitivamente eu estava dirigindo, mas eu não conseguia me lembrar das ruas ou sequer de girar o volante, mas em seguida eu estava na frente do meu apartamento, tão perto da minha cama. Eu queria cair bem em cima dela, mas minha neurótica necessidade de pendurar um calendário ao lado da minha cama me relembrou que eu tinha ensaio essa noite. Eu programei o alarme para 5 da tarde, então eu teria tempo para preparar o jantar de antemão, eu programei outro para 5:05 da tarde apenas no caso de eu acidentalmente desligar o primeiro. Em seguida a cama desmoronou ao meu redor, e eu tinha despencando de cabeça, para dentro do esquecimento. Minutos mais tarde, o mundo estava gritando e estava tão alto que eu tentei pressionar minhas mãos contra minhas orelhas, mas elas estavam mortas, sem vida ao meu lado. Eu engoli, e minha língua parecia farpada, minha garganta queimava como lábios rachados. Deitar de bruços pareceu como mover montanhas. No relógio lia-se 5:45 da tarde. Eu pisquei e o li novamente. 5:45 da tarde. O mundo ainda estava gritando e finalmente, finalmente, eu ergui minhas mãos e empurrei o meu alarme até que o barulho parou. Eu engoli novamente, mas minha língua parecia muito grande. Meu cuspe chamuscou como ácido no seu caminho descendente. Atordoada, eu olhei para o relógio novamente. Eu estava atrasada. O ensaio começava em quinze minutos. De alguma forma... eu não sei como, de verdade... eu me empurrei para fora da cama. Minhas pernas tremeram como se o chão fosse um barco e embaixo dele o mar. Havia coisas que eu precisava fazer... eu sabia disso, mas eu não podia pensar em nada além dessa sensação incômoda de que havia algo que eu estava deixando passar. E estava tão frio, onde estava meu casaco? Eu precisava do meu casaco. Enroscada na coisa mais quente que eu pude encontrar, eu cambaleei para fora em direção ao meu carro. O mundo girou por um segundo, como uma criança se recusando a ficar sentada. Eu estendi uma mão para me firmar, mas não havia nada ali para me capturar. Eu me lancei lateralmente. Eu não caí, mas consegui me firmar, escassamente. Eu olhei para o chão; eu estava tão cansada. Seria tão ruim ficar ali? No chão? Estava tão frio, entretanto. Eu de verdade deveria entrar se eu fosse me deitar... ou entrar no meu carro. Eu tinha tempo para um cochilo no meu carro? Eu sacudi minha cabeça, tentando clarear a névoa, e algo terrível chocalhou ao redor do meu crânio. Doeu. Deus, doeu. Eu pressionei a dor com minhas mãos, tentando entender por que, e eu engoli novamente, o que doeu, também. Tudo doía. Tudo. Eu não conseguia mais me levantar. Levantar era muito difícil. Eu estava quase no chão, alcançando-o, pensando que o asfalto estaria quente contra minha bochecha quando algo me fisgou por detrás. Eu continuei alcançando, mas eu estava presa, um peixe pendurado na linha. Eu comecei a chorar porque minha cabeça estava martelando e minha garganta estava bloqueada como ferro. Eu ainda queria meu casaco, e eu não queria ser um peixe, e eu queria dormir. Dormir. Alguém me disse que eu estava bem. A fisgada se foi, e meu travesseiro me segurou mais uma vez, e eu devo ter sonhando. Dormir. Dormir possivelmente para sonhar.