Fanfic: O brilho do teu olhar AyA [terminada]

Porém o irmão de Anahí apenas balançou a cabeça e con­tinuou andando. Alfonso insistiu:

- Sabe de alguma coisa, não é? - Teve ímpetos de agar­rar o amigo pelo pescoço e obrigá-lo a falar. - Diga!

Percebeu que Christopher o encarava com olhar espantado, e tratou de enfiar as mãos nos bolsos, continuando a cami­nhar até a igreja.

- Desculpe, Christopher. Mas acontece que Anahí sempre esteve perto para que eu pudesse tomar conta. Não quero que cometa algum erro irreparável.

- O futuro a Deus pertence, Alfonso. Porém, você tem razão. Anahí ama um homem há muito tempo, mas casa­mento parece estar fora de questão.

- Ama?

Alfonso olhou para Anahí, parada à porta da igreja, junto a um grupo de pessoas, e rindo muito de algo que Jennifer dissera. Raios do sol da primavera brilhavam em seus cabelos que haviam escapado da trança, formando um halo em torno de sua cabeça. O som da risada chegava até ele, e Alfonso sentiu uma pontada de inveja do homem que conquistara seu coração.

- Quem é ele, Christopher?

- Creio que Anahí não gostaria que revelasse seu segredo.

- Por quê? Qual o grande mistério? É um homem ca­sado, certo?

- Alfonso, esqueça! Não deveria ter dito nada. Anahí tem idade suficiente para tomar suas próprias decisões. - Deu de ombros. - Sejam elas certas ou não.

Por certo o homem é casado e não pode abandonar a esposa, pensou Alfonso. Conhecia o tipo. Um sujeito que in­ventaria uma história sobre uma esposa inválida ou depen­dente de tranqüilizantes ou de álcool. Qualquer coisa que tornasse impossível abandonar a infeliz e os filhos. Daria a impressão de ser um mártir e, ao mesmo tempo, um herói.

Isso seria infalível com uma jovem sensível como Anahí.

- Sabia que havia algo errado no sábado à noite.

Christopher agarrou a oportunidade para mudar de assunto.

- Anahí encontrou um australiano grandalhão. - Soltou uma risada. - Contou a história. Queria trazê-lo ao casa­mento para distrair mamãe.

- Como pode brincar com essas coisas? Anahí é uma menina...

- Sabe tomar conta de si mesma.

- Como pode falar assim? É uma criança!

- Na verdade, Alfonso, Anahí é uma mulher de vinte e quatro anos.

- Já tem tudo isso? Era um bebê...

- Quando você tinha seis anos. Vai fazer trinta no ano que vem, Alfonso. Nós dois vamos.

- Vinte e quatro anos? - repetiu Alfonso. - Sempre penso em Anahí como sua irmã caçula. Meu Deus, como o tempo passou depressa! - Voltou-se para Christopher. - De qualquer modo, ainda é sua irmã. Já conversou com Anahí sobre essa situação?

- Não. Nunca falamos a respeito. E Anahí ficaria arra­sada se soubesse que mencionei o fato a você.

- Por quê?

- Acredite, Alfonso, sei do que estou falando. Não vai contar nada a ela, vai? É seu dever, como padrinho, levar-me ao altar são e salvo.

- Não direi nada - prometeu Alfonso.

E não diria mesmo, embora se sentisse magoado por Anahí não ter confiado em uma velha amizade como a deles. Sempre contava tudo a ela.

- Porém quero que saiba que pretendo descobrir quem é o homem que ela ama para mandá-lo plantar batatas. Alguma objeção?

Christopher balançou a cabeça sem nada dizer, e Alfonso per­cebeu, confuso, que o amigo reprimia um sorriso.

- Tudo bem, Alfonso. Pode fazer o papel de cavaleiro protetor quanto quiser.

- Não vejo graça, Christopher.

Anahí era uma grande companheira, sempre disponível quando precisava dela, pronta a dizer uma palavra amiga e também disposta a falar o que era preciso, se Alfonso estivesse errado.

Sempre se sentira renovado em sua companhia e iria lutar até o fim para impedir que um sem-vergonha qualquer partisse o coração de Anahí.