Fanfic: O brilho do teu olhar AyA [terminada]

- Certo. Vou lhe dar o número de meu celular. - Ca­minharam mais um pouco, em silêncio. - Aonde vai nessa viagem de negócios?

- Em Wye Valley. Há uma casa de campo à venda. Talvez faça um lance em nome de sua mãe. Há uma peça que ela deseja, mas não poderá viajar até lá.

Alfonso nunca pensara sobre o que Anahí fazia na galeria de arte, mas imaginara que servisse café, atendesse o te­lefone e espanasse os objetos. Entretanto, parecia ter um cargo importante.

Anahí interrompeu o fio de seus pensamentos.       

- Estou um pouco nervosa, confesso. É a primeira vez que George me entrega seu talão de cheques.

Anahí estremeceu, e Alfonso ficou pensando se estaria ner­vosa ou com frio. Ofereceu-lhe o braço, e ela aceitou, hesi­tando um pouco. Por que hesitara? Por causa do misterioso namorado? Imaginou-o abraçando-a e beijando-a.

Com gesto involuntário, apertou mais sua mão de encon­tro ao corpo, querendo protegê-la.

Anahí voltou a estremecer.

- É melhor voltarmos para casa. Flossie! Aqui, menina! Antes que Alfonso pudesse evitar, Anahí afastou-se e saiu correndo, gritando:

- O último a chegar é bobo!

Por um instante, Alfonso voltou a ver a garota levada dos tempos de infância. Mas a realidade era outra. Por mais que Anahí Puente usasse tranças, não era mais a irmãzinha caçula de Christopher.

Eram quase oito horas da noite quando Alfonso deixou Anahí na porta do apartamento.

- Obrigada pela carona.

Anahí nem acabara de falar e saiu do carro, sem esperar que Alfonso abrisse a porta, como se estivesse ansiosa por se livrar dele.

A viagem inteira Anahí não parara de falar sobre seu novo computador, evitando qualquer resposta sobre o que andava fazendo ou com quem saía.

- Está agradecida o suficiente para me mostrar seu fa­buloso PC novo?

Anahí encarou-o como se fosse um louco.

- Não vê computadores o suficiente no banco?

- É diferente. Minha mãe mencionou que quer comprar um para navegar na Internet e receber e-mails. Com a quan­tidade de amizades que possui, faz sentido. Já que você é tão entusiasta da informática, pensei em olhar seu computador e talvez comprar um igual para mamãe. É fácil de usar?

- Muito. Mandarei os detalhes para você.

- Mostre-me agora. - Alfonso trancou o carro, ignorando as indiretas que o enxotavam. - É claro que, se me oferecer uma xícara de chocolate quente, não irei recusar. Aliás, se

tiver uma fatia de bolo, será ainda melhor.

Anahí já esperara por aquelas palavras. - Não costumo fazer bolo.

- Torradas servirão. Anahí desistiu.

- Está bem. Pode subir por meia hora. Nem um minuto a mais. Pretendo dormir cedo. Preciso de meu sono de beleza. Alfonso respondeu com a frase de praxe:

- Como quiser.

- Meu eterno cavalheiro! - replicou Anahí, rindo de modo irônico.

Sentia-se pouco à vontade com o recente tratamento que Alfonso lhe dava, elogiando seus cabelos e reparando em sua figura. Preferia quando a criticava e fazia brincadeiras.

- É minha política nunca discordar de uma dama. Mas, na verdade, Alfonso pensava que a pele de Anahí parecia um pêssego e que seus cabelos eram saudáveis e brilhantes, de modo que não precisava de sono de beleza. Nenhum tratamento a deixaria com o corpo de uma deusa nem com um nariz menor. Entretanto, naquele instante, percebia que o nariz combinava muito bem com suas feições e era o ideal.

Anahí tinha um rosto interessante, quanto ao corpo, em... precisava usar a imaginação para adivinhar o que havia por baixo das saias longas e dos suéteres folgados, se quisesse ser justo.

Quando chegaram ao apartamento, Anahí ligou o computador e foi para a cozinha.

- Qual sua senha, Anahí?

- O quê?

Ela surgiu de repente, muito corada, dizendo:

- Eu mesma digito. - Caminhou até à mesa. - Vire-se e costas, Alfonso. Senhas são secretas.

- Digo a minha se você disser a sua.

Alfonso virou-se, pensando que devia ser o nome de seu amor secreto, por isso não queria que ninguém soubesse.

Prestou atenção. Sete toques nas teclas. Sete letras. Seria primeiro nome? Sobrenome?

- Pode olhar agora. Aperte aqui para entrar na Internet.

- E há uma agenda para endereços?

- Claro. É aqui. Viu? Tudo muito simples.

- Anahí, por acaso deixou o leite fervendo?

Isso a fez correr de volta para a cozinha.

Quando voltou, dez minutos depois, carregando uma ban­deja com duas canecas fumegantes e um prato com torradas, Alfonso tinha conseguido um disquete virgem na gaveta da mesa, e copiado a agenda de endereços, voltando a fingir que pesquisava na Internet.

- Consegui evitar. o desastre.

- Como disse, Anahí?

- O leite quase derramou mas consegui evitar. - Ob­servou Alfonso. - Eu já sabia. Nenhum homem resiste a um brinquedo novo.

- É um ótimo computador.

Alfonso saiu da Internet e desligou o aparelho.

Olhou para o prato com torradas amanteigadas e geléia. - Alguém já lhe disse que é uma grande anfitriã? Anahí não pareceu surpresa nem encantada com o elogio, ignorando-o, como sempre. Essa era uma das características que Alfonso apreciava. Anahí não se levava a sério nem a ele.

- Posso lavar as mãos?

- Fique à vontade.

Alfonso dirigiu-se ao banheiro pintado de verde-escuro e com um espelho antigo sobre a pia. Havia pequenas velas bojudas por todos os cantos, brancas e douradas, e um aroma forte de bergamota enchia o pequeno espaço.

Por um breve instante, Alfonso imaginou Anahí relaxada na banheira, a linda pele luzindo translúcida, à luz de dezenas de velas, os cabelos molhados emoldurando-lhe o rosto e os ombros.

Era uma imagem ao mesmo tempo sensual e perturbadora, o que fez Alfonso recuar um passo. Jamais pensara em Anahí daquela forma antes. Como uma mulher.

Não adiantava se enganar. Só entrara naquele banheiro para descobrir evidências de outro homem. Mas uma rápida passada de olhos o fizera perceber que nada havia ali de incriminador. Afinal, até o homem mais cauteloso deixaria algum pequeno vestígio de sua presença. Um barbeador, uma escova de dentes...

Ao mesmo tempo em que se sentia aliviado, Alfonso foi envolvido por uma sensação de vergonha por estar espio­nando daquele modo.

Voltou a pensar que talvez o amante de Anahí fosse muito discreto. Christopher não dera a entender que se tratava de uma pessoa casada?

Talvez separado da esposa e com medo de enfrentar o escândalo de um divórcio? Alguém conhecido?

Bem, Christopher podia estar muito preocupado com seu próprio casamento, mas ele; Alfonso, iria descobrir aquela história.

Tocou o disquete que guardara no bolso e, assim que pôde, despediu-se de Anahí.

- Ligarei para você durante a semana. Talvez possamos sair parar jantar.

Anahí pareceu relutar ante o convite.

- Não sei se poderei, Alfonso. Vou ter uma semana muito atarefada.

- É a segunda vez que me rejeita em poucos dias. Começo a pensar que existe algo que minha melhor amiga não quer me contar.

- Não seja inseguro. - Sorriu como quando era uma menina de dez anos.

"Ela está tendo um caso proibido", pensou Alfonso. Pre­cisava sempre ficar perto do telefone, esperando uma cha­mada... Anahí merecia mais que aquilo.

- Você vai precisar comer também, certo? E quero al­gumas opiniões sobre a festa de despedida de solteiro para seu irmão.

- E sou eu quem deve dar sugestões? Pensei que só era necessário muita bebida alcoólica e uma garota sensual fazendo strip-tease.

amandabcruz eu num axo q anahi alguma vez já tenha se vestido do modo que a personagem desse livro. Mas eu vou procurar pro proximo capitulo okey?

bjs