Fanfic: O brilho do teu olhar AyA [terminada]

Anahí ouviu o barulho do cinto de segurança sendo afi­velado. Sabia que deveria estar parecendo uma idiota, mas nada a faria abrir os olhos até terem decolado.

Nada... a não ser uma mão cobrindo a sua, e a voz de Alfonso dizendo:

- Então é verdade.

O espanto foi maior que o medo, e Anahí abriu os olhos.

- Alfonso!

Não conseguia acreditar que lá estava ele, sentado a seu lado e segurando sua mão.

- Pensei que ia de navio para o Japão, Anahí.

- Não tinha dinheiro suficiente.

- Mas soube que ganhou na loteria.

- Dez libras. Na verdade, cinco. George e eu dividimos... - Parou de falar. Aquilo não vinha ao caso. - O que faz aqui? - Vou à índia a serviço do banco. Estou pedindo que se case comigo. Tenho uma semana de folga, até voltar a trabalhar. O avião começou a se mover, mas Anahí nem reparou.

- Você vai à India? Que coincidência incrível!

- Creio que considerar isto uma coincidência é acreditar demais em contos de fadas. Quer se casar comigo, Anahí? Aquilo devia ser um sonho.

- Vou para o Japão, Alfonso.

- A Índia fica no caminho.

- E quanto tempo ficará lá?

- Quanto for necessário. Está fugindo, Anahí, escapando de mim outra vez. Nós dois estivemos fugindo, mas é hora de parar com isso. Quer se casar comigo?

O barulho das turbinas a fez falar alto:

- Você não é o tipo de homem que se casa.

- Boatos. Nós dois estivemos o tempo todo acreditando em boatos.

- Sei o que está pensando, Alfonso. "Essa é a verdadeira Anahí. Vi suas pernas e quero acrescentá-la a minha coleção. Mas não posso apenas me divertir com ela porque..."

- Porque Christopher não falaria mais comigo? Ou minha mãe me deserdaria? Ou sua mãe me perseguiria com o rolo de macarrão? Chris me deu um alerta. Disse que você estava apaixonada por alguém. Passei dias tentando descobrir quem seria esse homem, e pretendia brigar por sua causa. Qual a senha para seu computador?

Aquela conversa parecia algo surrealista.

- A senha é "Alfonso". Qual a importância disso agora? Ele sacudiu a cabeça como se não pudesse acreditar.

- Monty sabia o tempo todo qual era seu segredo. E eu sempre me recusava a perceber que você havia crescido e se tornado uma mulher.

- Monty sabia?

- Também me surpreendi. Mas ele é um observador de pessoas, e logo identifica quem se apaixona.

- Oh!

- Não terminei ainda. Minha mãe disse que você me viu beijando Lorraine Summers, e foi então que começou a erguer um muro entre nós. Mas naquela época você era muito jovem para termos um relacionamento, Anahí. E eu era moço demais para saber esperar. Por favor, case-se comigo agora.

Cada vez era mais difícil ignorar o pedido. Mas Anahí queria tentar.

- Sua mãe sabe que está aqui?

- Todos sabem. Vamos lá, Anahí. Também é isso que deseja...

- Pare com isso! Preciso pensar.

- De jeito nenhum! Está neste avião porque pretendia fugir de novo. E não vou permitir. Sempre teve o melhor de mim, Anahí. Jamais menti para você, e não estou mentindo agora. Eu a amo. Sempre a amei. Acho que já espe­ramos o suficiente. - Alfonso segurou-lhe o queixo e a ob­rigou a encará-lo. - Quer se casar comigo?

O avião corria pela pista, mas o coração de Anahí era ainda mais rápido. A vida era um eterno risco. Precisava ser justa com Alfonso, nunca mentia nem trapaceava. Uma vez dado, seu coração seria para sempre sua propriedade.

Começaram a voar, e a alma de Anahí pareceu também atingir as alturas.

- Champanhe, senhora e senhor?

Alfonso encarou a aeromoça, e depois olhou para Anahí. - Quer champanhe, senhorita?

- Sim, por favor.

Mas quando Alfonso estendeu-lhe uma taça, Anahí exclamou:

- Espere! Como sabia que estaria neste avião? Não com­preendo. Deveria ter ido no vôo sem escalas...

Alfonso encostou sua taça na dela, fazendo-as tilintar.

- Graças aos computadores, que estão sempre aí para leva­rem a culpa, e a um agente de viagens com um coração romântico.

- Quer me dizer que planejou tudo isso, Alfonso?

- Com uma pequena ajuda dos amigos. Depois que George arranjou tudo para sua viagem ao Japão, ficou pensando se fizera a coisa certa. Então, ligou para minha mãe e pediu um conselho. Como ela conhecia seus sentimentos, ligou para mim...

- Alfonso, há pessoas que me esperam em Tóquio...

- Foram avisadas de que poderá se atrasar. Agora a escolha é sua, Anahí. Case-se comigo, vá a Tóquio na semana que vem, e eu a encontrarei lá assim que puder. Ou fique comigo, e iremos juntos. Estudarei japonês enquanto você faz o que tem que fazer. Teremos um mês e meio de lua-de-mel.

- Tem um esquema completo montado, não?

- Sou banqueiro. Calcular é meu trabalho. Mas devo confessar que sofri muito nas últimas horas.

- Então, por que não disse nada antes que eu partisse?

- Havia muita distração com o casamento de seu irmão. E eu não queria correr o risco de ser interrompido por uma irmã inoportuna, ou cachorros enlameados saltando em cima de seu colo na hora errada. Oito horas e meia sentados em um avião nos dará tempo de conversar, e você não poderá fugir.

- Apenas me pegou em um momento de fraqueza. - Anahí sorriu. - Entretanto, foi uma cura decisiva para o medo de voar. - Acariciou a face de Alfonso. - Preciso ficar a seu lado, Alfonso, pelo menos para que segure minha mão enquanto voamos.

Anahí usou um sari vermelho e dourado para o casamento, e Alfonso um terno de cor creme. A papelada fora providen­ciada rapidamente.

Sentaram-se em frente ao Taj Mahal, um monumento dedicado ao amor, vendo seu reflexo nas águas tranqüilas, as mãos entrelaçadas, sonhando com o futuro.

Então, quando uma enorme lua surgiu no céu, Alfonso voltou-se para Anahí.

- Eu a amo. Sempre a amarei.­

- Digo o mesmo.

Alfonso tocou o exótico anel que lhe dera como presente de casamento, em ouro e brilhantes, e ergueu-lhe a mão, beijando-a.

- A espera terminou, meu amor.

Tomou-a nos braços, e o beijo que trocaram fez Anahí esquecer o mundo ao redor.

F I M

Espero que tenham gostado! =)