Fanfic: O brilho do teu olhar AyA [terminada]

O braço de Alfonso a apertou mais e, por um instante, Anahí se entregou ao prazer daquela proximidade. Então, com medo de se magoar, disse:

- Recebi uma proposta de casamento hoje...

As palavras causaram o efeito esperado. Alfonso parou de dançar e a encarou, a testa franzida.

- Você me parece um tanto nervoso, Alfonso. Está tudo bem?

Claro que sim, pensou Alfonso. Era evidente que ela não iria supor que acreditava ter aceito a proposta de casamento daquele australiano.

Anahí continuou:

- Acho que parti o coração de Nick, mas vai se recuperar.

- Do que está falando, afinal?

- Nick mora na Austrália. Se eu o acompanhasse, não poderia ser dama de honra de Dulce, poderia?

- Acho que não.

Anahí o empurrou para o lado.

- Vá cuidar de sua vida, Alfonso. Já fez seu papel de cavalheiro. Vou ver se Monty precisa de ajuda na cozinha.

Saiu correndo, e Alfonso a seguiu, até que Monty, o an­fitrião, saudou-a com entusiasmo:

- Anahí, querida! É a pessoa que eu procurava! - En­tregou-lhe um avental. - Há um monte de caixas com co­mida lá dentro, e não sei o que fazer com elas.

- Coloque no microondas e esquente. Para economizar travessas e pratos, ponha as caixas diretamente na mesa. Ninguém vai se importar.

Viu Monty e Alfonso trocarem olhares de espanto, e, sem mais uma palavra, colocou o avental, ao mesmo tempo que pensava que talvez fosse melhor retornar para Nick Gregson, em vez de servir de empregada não remunerada.

Entretanto, deu de ombros, e tratou de se concentrarr em tirar das caixas a comida chinesa. Quando se dirigiu à mesa da sala, Alfonso ainda a esperava.

Era desconcertante ser o foco das atenções. Em geral Alfonso não lhe dava tanta prioridade, e não conseguia ima­ginar que o suéter preto com fios prateados fosse tão sexy ao ponto de interessá-lo tanto.

- Há outro avental na cozinha, se quiser me ajudar - sugeriu.

Deu certo. Sem palavras, Alfonso se serviu de comida e foi embora.

Algumas horas depois, Anahí se sentia exausta. Servira a todos, ficara a par dos últimos mexericos, e dançara mais que o habitual. Era uma linda festa, e todas as vezes que se voltava, dava de frente com Alfonso que a encarava.

Pensara que conhecia todos os detalhes a respeito de Alfonso, mas aquele comportamento era diferente.

Continuava sendo o rapaz mais assediado da festa, tanto pelas garotas desacompanhadas como por algumas compro­metidas. Tinha certeza de que, ao final da festa, se esque­ceria de ir tomar café em sua casa. Mas, dessa vez, não permitiria que escolhesse quem iria levá-la para casa.

Aproveitando uma oportunidade em que a morena do início da festa voltava a assediar Alfonso, pegou o casaco e procurou Monty para se despedir. Não o encontrando, pen­sou que seria melhor telefonar depois e agradecer pela festa.

Nick a interceptou, antes que chegasse à porta.

- Não pensava em ir embora sem falar comigo, não é? Estamos quase noivos.

Dividida entre a irritação e o prazer de ver que alguém a considerava mais do que uma ajudante para servir os canapês, começou a rir.

- Não estamos noivos.

- Você se faz de difícil.

- Sou inacessível.

- Isso não existe. Certa vez, em Las Vegas, casei-me com uma mulher que conhecera naquela noite.

- Verdade? - Anahí não se surpreendeu. - E isso só aconteceu uma vez?

- Bem...

- Ainda está casado?

- Claro que não! Acha que seria bígamo? Isso é a ma­ravilha de Las Vegas. Você se casa com a maior facilidade.

- E se divorcia também.

Anahí não sabia se acreditava naquela história incrível, mas tinha medo de que fosse verdadeira. Nick perguntou:

- Onde quer se casar? Poderemos parar em algum lugar exótico e ter um casamento na praia. Que tal Bali?

Naquele momento, Bali parecia mais divertido que usar um vestido de veludo amarelo.

- Sou alérgica a areia e detesto voar.

- Então, que tal um casamento em alto-mar? O capitão do navio pode oficializar a cerimônia.

Aquele jogo começava a cansar. Anahí respondeu:

- No momento, só quero ir para casa. Sozinha. Virou-se e saiu para a rua.

Mas Nick não aceitava um não como resposta e seguiu-a, dizendo:

- Uma garota não deve caminhar sozinha pelas ruas escuras.

- Talvez não, mas também não estará segura a seu lado.

Dessa vez Nick sorriu de modo espontâneo.

- Comigo estará a salvo. Dou minha palavra de honra.

Antes que Anahí pudesse responder, Nick chamou um táxi.

- Anahí!

A voz de Alfonso soou logo atrás.

- Aí está você, querida. Estou pronto para o café com sanduíches que me prometeu.

Assim dizendo, tomou-a pelo braço e sorriu de modo cor­dial para Nick, que abria a porta do táxi.

- Obrigado, Gregson.

Como um raio, atirou Anahí para dentro do veículo, entrou e fechou a porta, deixando Nick Gregson parado na calçada, enquanto o táxi partia.