Fanfic: O brilho do teu olhar AyA [terminada]

De repente a brincadeira perdeu a graça para Anahí. Por certo inventara tudo aquilo para provocá-lo, mas sempre era possível que as coisas acontecessem daquele modo. Anahí agüentava as garotas de Alfonso na teoria. A distância. Mas não queria ouvir falar delas.

- Poderemos nos encontrar depois do casamento, mas guar­de as conversas sobre suas conquistas para as reuniões com os outros homens. Sou muito criança para ouvir essas coisas.

- Nick Gregson não pareceu pensar assim.

- Nick não passa de um adolescente que cresceu demais. Não conhece as mulheres.

Alfonso deixou Anahí na casa dos pais, no lado oposto da sua, na pequena cidade onde moravam os Herrera e os Puente desde que nascera.

Anahí abriu a porta do carro sem perda de tempo e entrou em casa, dizendo:

- Obrigada pela carona. Vejo-o no ensaio da igreja.

Alfonso a observou atravessar o gramado com rapidez, e dar a volta na casa. Pensativo, ligou o carro e foi embora.

Quantos anos teria Anahí? Ele a conhecia desde bebê. Sempre estivera por perto, dando os primeiros passos em volta de Christopher, e sendo um estorvo para os dois amigos. Depois, tornara-se uma menina que subia em árvores e jogava futebol, como "um garoto da turma". Em seguida, transformara-se na adolescente com aparelho nos dentes.

O aparelho há muito sumira, mas continuava usando os cabelos presos em tranças ou amarrados com um elástico. Na maior parte do tempo, trajava jeans e camiseta. Alfonso diria que ainda parecia uma adolescente, porém na festa da noite anterior...

- Alfonso!

A mãe veio recebê-lo no portão. Estivera passeando com o velho cão labrador que correu para saudar o amo com a rapidez que as velhas patas permitiam.

- Olá, Major! - Alfonso acariciou a orelha do cachorro e beijou o rosto da mãe, dando a volta na casa e entrando pelos fundos.

- Não o aguardava tão cedo - disse a senhora, limpando as patas molhadas do cão.

- Dei uma carona à Anahí.

- Verdade? É bom ter companhia: Pode me passar aquela jarra e dar um pouco de água ao Major?

Alfonso obedeceu, passando uma grande jarra para a mãe, e enchendo a tigela do cão. A sra. Herrera falou: - Não vejo Anahí há algum tempo. Como vai ela?

- Muito atarefada por causa do casamento de Christopher e Dulce. Soube que foi convidada a substituir uma das da­mas de honra na última hora?

- Sua mãe me contou. Margaret está muito satisfeita. com isso, é claro.

- Pois Margaret deveria ser mais receptiva aos senti­mentos de Anahí que odeia essa situação.

- É mesmo? Que estranho! A maioria das garotas adora pôr um vestido bonito e ser o centro das atenções, além da noiva.

- Ora! Você conhece Anahí muito bem. Não dá impor­tância para roupas bonitas. Bem... quase nunca. Estava linda na festa de Monty.

E talvez, pensou Alfonso, ficasse linda quando se encontrasse com outro homem. A idéia de que havia um namorado na vida de Anahí não lhe saía da cabeça.

Ela tinha flertado com Nick Gregson, mas não parecera se importar quando a convencera a ir embora.

A sra. Herrera voltou-se para o filho.

- Não sabia que costumava ver Anahí com freqüência.

- Almoçamos juntos de vez em quando.

Alfonso, mais uma vez, perguntou-se o que a, amiga fazia no resto do tempo. Anahí nunca falava muito dos próprios afazeres. Talvez fosse hora de interrogá-la mais, resmungou com seus botões, dizendo, em voz alta:

- Ontem a levei à festa de Monty. - Deu de ombros ante o olhar inquisitivo da mãe. - Anahí iria de qualquer jeito, então me ofereci para levá-la.

- Suponho, então, que Janine é uma página virada?

- Foi ela quem decidiu assim. Estava procurando um marido e uma família. Aquela história de "até que a morte nos separe".

- Em outras palavras, tudo que você não quer.

- Feliz do homem que conhece suas limitações.

- Talvez. - A sra. Herrera deu um tapinha distraído no braço do filho. - Entretanto, de vez em quando, lem­bro-me do provérbio "longe dos olhos, longe do coração". Às vezes desejaria não ter tomado conhecimento das aven­turas amorosas de seu pai. Por certo ainda estaria casada com ele.

- Vivendo uma mentira?

- Todos vivemos mentiras maiores ou menores, querido. Você, por exemplo, permite que as moças se apaixonem, na ilusão de que poderão fazê-lo mudar de vida.

- Sempre deixo minha posição muito clara.

- Mas elas não acreditam, e você sabe disso. Fingem que não pensam em se casar, mas ao mesmo tempo, tentam persuadi-lo a mudar de idéia.

- Que cinismo, mãe!

- Porém é verdade. Por que não faz um pouco de café enquanto tomo banho?

Alfonso fez uma pergunta de chofre:

- Nunca deixou de amar meu pai, não é?

- Você o tem visto?

O modo como o rosto da sra. Herrera se iluminou deu a resposta que Alfonso desejava.

- Ele me telefonou, e fomos jantar juntos. Perguntou sobre você. Sempre pergunta.

- Está envelhecendo, e as garotas já não se interessam tanto por ele. Como está?

Alfonso pareceu aborrecido, e a mãe tratou de acrescentar: - Você não é nada parecido com ele, meu filho.

- Ao contrário, mamãe. Olhar para meu pai é me ver daqui a trinta anos.

- A aparência não quer dizer nada. O caráter é o que importa. Mas, tem razão. Jamais deixei de amá-lo.

- Então, por que não fez vista grossa para as escapadas? Afinal, continuariam a se amar.

- Agora você está sendo cínico. Se pudesse ter ignorado o que acontecia, querido, teria agido assim para meu próprio bem e o seu. Porém, depois que se conhece realidade, nada volta a ser o que era.