– Você está uma bagunça – murmurou ele. Ele ergueu uma das mãos, tocando uma mecha de cabelo que havia caído sobre o rosto dela. Cerrando os dedos em volta dos fios, ele tirou lentamente o bocado de farinha, creme ou o que quer que, por acaso, estivesse ali.
O roçar das pontas dos dedos dele no maxilar dela
quase a fez chorar. Quase a fez choramingar. Quase a fez se inclinar para frente e beijá-lo.
– Uma bagunça doce e deliciosa – completou ele, os dedos ainda entrelaçados aos cabelos dela. Ele lhe tocou o rosto, acariciando a pele como se nunca tivesse sentido algo tão delicado, tão macio.
Todos os músculos no corpo dela ficaram quentes e maleáveis, até Anahi se perguntar como ainda poderia estar de pé. Como se sentindo a fraqueza dela, Alfonso se aproximou ainda mais, deslizando um pé entre as pernas dela, deslizando uma das mãos até os cabelos embaraçados dela para lhe abarcar a cabeça.
– Preciso conferir a doçura do seu sabor – murmurou ele, soando tão indefeso quanto ela. – Ao menos uma vez… eu preciso provar você.
Puxando-a para si, ele se abaixou. Mesmo sabendo que aquilo era louco e que não poderia evoluir, Anahi se preparou para um beijo que desejava há mais de uma década. Ela havia chorado por causa daquela boca, fantasiara com aqueles lábios por mais noites do que era capaz de contar.
E desejava aquele beijo. Deus, como ela desejava! Mesmo que fosse tudo que ela pudesse receber dele.
Mas, em vez de um simples beijo, do roçar suave da
boca dele sobre a dela, ele a chocou ao provar seus lábios com a língua de imediato, saboreando-a, do jeito que havia dito que deveria fazer.
Ela choramingou baixinho e de forma desamparada.
– Ah, muito doce – sussurrou ele, lambendo a fenda entre os lábios dela outra vez, exigindo audaciosamente sua entrada em vez de pedir por ela com um primeiro beijo mais tradicional, de lábios fechados.
Anahi não podia negar aquilo a ele ou a si mesma. Com um gemido ávido, ela se abriu para ele, recebendo sua língua em uma troca profunda e sensual que ela sentia da cabeça à ponta dos dedos dos pés.
Ele achou o gosto dela doce. Ela achou que ele tinha gosto de um pecado irresistível. Ele era cálido e apimentado, a boca úmida no ponto certo para estimular o apetite dela. Quente no ponto certo para fazer a temperatura dela subir como um foguete.
Ele afundou a outra mão nos cabelos dela e a puxou para si. Cedendo de encontro a ele, Anahi se entregou ao prazer, perguntando-se como era possível algo ser tão bom quanto a dúzia de anos de sonhos havia lhe prometido que seria. Foi um beijo mais íntimo do que qualquer um ela já experimentara, mesmo ao fazer amor. Porque era como fazer amor. Era quente, sensual
e poderoso.
As línguas de ambos encontraram um ritmo em comum e se enredaram a ele quando os corpos derreteram juntos. Os mamilos dela doíam de desejo quando pressionavam o peito largo de Alfonso. Ela arqueou mais de encontro a ele, afastando as pernas para envolvê-lo intimamente, choramingando outra vez quando sentiu a ereção imensa.
Ele a desejava. Muito. Tanto quanto ela o desejava. A percepção foi quase suficiente para assustá-la a
ponto de ela fazer algo estúpido como interromper o beijo. Aquele era Alfonso, o cara que ela sempre desejara, quente, rijo e ávido por ela.
– Não diga “não” para mim, querida – sussurrou ele, quando finalmente, infelizmente, afastou a boca da dela. Ele se reposicionou para dar beijos pelo maxilar dela, e então pela pulsação latejante abaixo da orelha.
– Diga “sim”.
Sim, diga sim!, gritava uma voz.
Ah, ele era tão tentador. E ela o desejava desesperadamente, desejava que ele lhe arrancasse as roupas, que a encostasse no balcão e fizesse amor com ela bem ali em cima. Seria incrível, o ápice de todos os sonhos e fantasias secretas dela. Ela finalmente poderia
dar fim a todos os anos de desejo inquieto e desesperado.
Mas não seria o fim. Seria o início de alguma coisa, em vez do fim. Ele faria amor com ela de maneira incrível, faria com que chegasse lá com alguns poucos toques e mais alguns daqueles beijos incríveis, e ela se sentiria viva, feliz e completamente satisfeita pela primeira vez.
Mas então ele iria querer levá-la para comer uma pizza. Ou sair com amigos. E ela se atolaria tão profundamente no pântano familiar e doméstico que nunca mais seria capaz de se libertar dele.
– Diga “sim”, Any – ordenou ele, sugando o lóbulo dela e mordiscando-o, uma mordidinha que ela sentiu nitidamente. – Dê-me seu telefone e vamos começar isso finalmente.
Começar isso. Começar tudo.
Ela simplesmente não podia fazê-lo. Anahi sempre fora forte e determinada, e conseguia o que queria. Mas não podia ficar com ele. Não agora. Era tarde demais.
Recuando-se num tranco, ela fez uma careta quando seus cabelos ficaram presos entre os dedos dele. Com a respiração ofegante, o corpo queixando-se pela injustiça, ela balançou a cabeça com veemência. Então
se afastou, passando os braços em torno da própria cintura num gesto de autoproteção.
– Não.
Ele começou a acompanhá-la, os olhos verdes brilhando… predatórios.
– Você não está falando sério. Ela ergueu uma das mãos.
– Sim. Estou – disse, com um chacoalhar firme de cabeça. – Agora, se me dá licença, estamos fechados e tenho trabalho a fazer na cozinha. – Inspirando profundamente e se esforçando para manter a voz firme, ela acrescentou: – Quero que você vá embora.