Alfonso o cumprimentou.
– Senhor Black.
– Pode me chamar de Harry.
– Harry, então. Obrigado mais uma vez pela oportunidade.
O outro homem sacudiu uma das mãos despreocupadamente.
– Seu irmão mais velho é um dos poucos empreiteiros honestos que conheci nesta cidade. Fez um trabalho maravilhoso a um preço justo. E, se ele diz que você está apto para o trabalho, eu confio nele completamente.
Alfonso já havia pagado uma cerveja ao irmão, Joe, em agradecimento por arranjar aquela entrevista. Ele queria ter podido pagar um jarro de cerveja.
– Toda a papelada está pronta, suas informações
batem exatamente com o que Joe disse – falou Harry, enquanto gesticulava em direção a uma cadeira em seu escritório. – Agora, nossas necessidades com relação a você estão claras?
Alfonso assentiu.
– Vocês tiveram problemas recentemente?
Harry tamborilou os dedos na escrivaninha e confirmou:
– A Rosa tem causado uma agitação. Os homens querem vê-la e têm havido alguns incidentes.
Alfonso enrijeceu instintivamente, embora não tivesse conhecido a mulher ainda.
– Incidentes?
– Nada muito sério, graças a Deus. Mas alguns roubos, invasores de camarim. Alguns registros incômodos. – Harry balançou a cabeça, parecendo desgostoso. – Não consigo imaginar nenhum homem dizendo coisas tão brutas como aquelas para qualquer mulher. Mas ela levou na esportiva, riu. – Olhando incisivamente, ele acrescentou: – Esse é um dos motivos pelo qual contratei você… Ela tende a não levar esses incidentes a sério. E eu quero que outra pessoa os leve.
– Levarei – respondeu Alfonso, confiante nas próprias
palavras.
Harry assentiu, obviamente convencido.
– Fora isso, não há muitos problemas em geral. Um sujeito teria de estar bêbado como um gambá ou simplesmente ser burro para achar que poderia ir atrás de uma as garotas, sob o risco de tomar umas pancadas dos seguranças. Mas não permitimos que ninguém fique bêbado como um gambá em meu estabelecimento. – Ele riu à socapa. – E sujeitos burros não podem pagar para entrar nele.
Aquilo não era uma surpresa. Quando Alfonso fora até lá na semana anterior, ele havia notado a aura luxuosa da boate. Longe de ser decadente ou sombrio, como a maioria dos clubes de strip-tease, aquele lugar era elegantemente confortável, desde a mobília de couro às peças de arte emolduradas nas paredes. Os preços refletiam o ambiente; aquele não era um lugar para se beber cerveja depois do expediente.
– Eu queria apresentar você à Rosa, mas ela telefonou e disse que vai chegar um pouco mais tarde hoje. Não creio que vá haver tempo antes da primeira apresentação dela.
Alfonso enrijeceu, percebendo que logo estaria vendo a mulher por trás da máscara. De algum modo, durante os
últimos dias, quando estava tão concentrado em Anahi, ele não deixara o pensamento da stripper sensual lhe invadir a mente. No entanto, ao saber que estava prestes a vê-la outra vez, ele não pôde evitar se lembrar do jeito como ela o fizera se sentir no último fim de semana.
Excitado. Ávido. Desejoso.
Assim como qualquer mulher nua sensual depois de um longo período de seca.
– Ela é uma coisa! Eu percebi no último fim de semana.
Harry Black deu de ombros.
– Sim, ela é realmente atraente, mas tem algo de especial nela mesmo quando não está no palco. Tem uma cabeça boa… é esperta. Mas isso não significa que eu não me preocupe com ela. Ela poderia se meter em encrencas.
Alfonso certamente conseguia compreender isso. Considerando o quanto se sentira atraído por ela, ele era capaz de enxergar como um homem muito mais desesperado poderia reagir à performance sensual dela.
– Ela não vai gostar de eu estar contratando alguém para cuidar especificamente dela – alertou Harry. – Então vamos deixar isso entre nós, certo? Até onde ela
sabe, você é apenas mais um segurança.
– Tudo bem. – Na verdade, estava mais do que bem. Ele desejava o mínimo de interação possível com a mulher que deveria estar protegendo. Não que ele estivesse verdadeiramente preocupado sobre o efeito que ela causava nele… fora coisa de momento, só isso.
Ele estava dizendo isso a si mesmo há dois dias. E também estava ignorando o fato de que nenhuma das strippers que vira naquela noite causara tanta taquicardia em seu coração lento. Só ela.
Conhecê-la iria resolver isso, ele tinha certeza. Ela usava uma máscara, o que significava que o visual dela se resumia ao que havia do pescoço para baixo. Ela teria olhos apagados, ou dentes tortos, ou um nariz adunco. Ou uma voz de caminhoneiro. Ou soltaria roncos quando estivesse rindo. Haveria algum problema. Algo que iria quebrar o encanto.
E seria o fim do interesse dele.
Sem dúvida nenhuma.