Camila ficou pensando nas palavras da prima durante quase toda a noite de quinta-feira. Tanto que mal dormira, e saiu da cama bem antes de seu despertador tocar na sexta-feira de manhã.
Se havia uma coisa sobre a qual Anahi conhecia bem, era sobre homens. E, se ela achava que Camila não estava enviando sinais fortes o suficiente para Dean, então provavelmente estava certa.
Anahi demonstraria seu interesse de forma mais óbvia.
Então era isso que Camila faria.
Naquela manhã, ela se vestiu para trabalhar um pouco mais cuidadosamente do que o habitual. Sua roupa de trabalho normalmente consistia de calças capri em tom pastel ou calças compridas e blusa. Hoje, ela vestia uma saia amarela que se grudava ao traseiro como se ela tivesse se sentado em uma banheira de manteiga. Colocando uma camiseta branca apertada para combinar, ela deu uma olhada no espelho e ficou
surpresa com o que viu.
Não estava muito parecida com Camila, a escriturária boazinha e sorridente. Na verdade, estava sexy. Tinha curvas… belas curvas. Os seios estavam empinados e torneados, destacados pelo decote da blusa. E, apesar de ela não ser dona de pernas especialmente longas, elas estavam muito bonitas na saia.
Sentindo-se praticamente armada para uma batalha, ela pôs um suéter leve, o qual pretendia retirar assim que visse seu alvo, e seguiu para o trabalho. Queria chegar cedo, pois assim poderia se acostumar a circular pelo escritório naquela saia minúscula e sandálias de salto alto sem tropeçar e fazer papel de boba.
Normalmente ela era a primeira chegar à concessionária, de qualquer forma. O local só abria para os clientes às 10h, sendo que a maioria do pessoal da equipe de vendas aparecia lá pelas 9h… cerca de meia hora depois que ela iniciava seu expediente. Quando ela chegou à concessionária, eram apenas
7h30, uma hora cedo até mesmo para ela.
Estava escuro lá dentro, conforme era esperado, e assim que entrou Camila procurou pelo interruptor para acender o conjunto de luzes no teto. Porém, antes de
fazê-lo, algo lhe captou a atenção… Uma luz prateada vindo de debaixo da porta do escritório. Onde ela trabalhava normalmente.
Ela supôs ter se esquecido de apagar a luz na noite anterior, quando saiu. Mas, mesmo assim, foi cautelosa quando se aproximou. Aquela região era bastante segura, porém assaltantes ocasionais não eram exatamente algo inexistente ali. Ela não ia abrir a porta e surpreender algum drogado procurando por dinheiro em caixa.
Quando estava a centímetros da porta entreaberta, ouviu uma voz vinda lá de dentro. Tensionou pelo mais breve dos segundos, então reconheceu a voz e relaxou.
Era Dean. Ele obviamente havia aparecido cedo para trabalhar. Embora Camila não conseguisse ouvir quem quer que fosse conversando com ele, imaginou que mais alguém tivesse chegado mais cedo também.
Que pena. Se ele estivesse sozinho, ela poderia colocar seu plano de “enviar sinais mais óbvios” em prática. Se, é claro, ela tivesse coragem, fato que era questionável.
Colocando a mão na maçaneta, Camila pausou quando ouviu Dean falar novamente, respondendo a uma pergunta que ela não havia escutado ser feita. Foi
então que ela percebeu que a conversa era unilateral. Ele estava conversando com alguém ao telefone.
Não desejando escutar, ela se afastou, pegando apenas o trecho de um comentário feito por Dean. Algo sobre um acordo que estava rolando. Parecia que o vendedor principal deles havia fisgado outro comprador, um que gostava de fechar negócios de manhã bem cedo.
Quando ela notou a voz dele silenciar, perguntou-se se notaria quando ele tivesse terminado, e bateu uma vez à porta. Sentindo-se um pouco boba, pois era mesmo, em essência, por bater à porta do próprio escritório, ela abriu a porta e entrou.
– Bom dia, pássaro madrugador – disse ela.
Dean levantou a cabeça num susto, tão surpreso que deixou o celular cair bem aos seus pés.
– Desculpe, eu não quis assustar você – falou ela. Normalmente ela aguardaria silenciosamente e deixaria que ele mesmo recolhesse o telefone. Porém, as palavras de Anahi continuavam ressoando aos seus ouvidos. Então, em vez disso, ela se ajoelhou cuidadosamente, abaixando-se para pegar o aparelho para ele. Manteve uma das mãos sobre a saia para mantê-la no lugar, porém, apesar disso, Camila não
pôde disfarçar que o tecido tivesse subido vários centímetros por suas coxas.
Ainda parecendo chocado, Dean não disse nada. Os olhos semicerrados estavam fixados nas coxas dela. O queixo estava visivelmente cerrado e ele respirava por lábios entreabertos.
Ele parecia… faminto. Exatamente do jeito que Camila já o vira olhá-la uma ou duas vezes. Mais do que isso, ele parecia perigoso. Não era o Dean bonzinho olhando para o par de pernas de uma mulher, mas o Dean pecaminosamente sensual olhando para o par de pernas de uma mulher e as imaginando em torno de sua cintura.
Ela poderia fazer aquela cena. Definitivamente poderia fazer aquela cena. Independentemente se Anahi faria ou não.
É isso.
– Aqui está – disse ela, entregando-lhe o celular.
Ele o pegou das mãos dela, os dedos de ambos roçando levemente. Aprumando-se, Dean enfiou o telefone no bolso. O rosto esbelto dele parecia fatigado, como se ele não tivesse dormido bem.
– Então, valeu a pena ter chegado cedo? – perguntou ela, sabendo que soava tímida. Ela não conseguia evitar
copiar Anahi um pouquinho. – Está tudo… satisfatório?
Os olhos azuis claros semicerraram.
– O que você quer dizer?
– Quero dizer, você conseguiu fechar qualquer que fosse o negócio que estivesse tentando esta manhã?
Ele assentiu lentamente.
– O negócio. Sim. Está tudo bem.
– Que bom. Talvez você bata mais um recorde de vendas este mês.
Com um gesto casual que nunca pensou ser capaz de exibir, Camila jogou a bolsa sobre a mesa, que estava repleta de arquivos, documentos e coisas do financeiro. Reunindo coragem, ela tirou o suéter dos ombros. Precisava chegar perto de Dean, muito perto, para alcançar o cabideiro na parede. O braço dela roçou no dele quando ela jogou o suéter em um dos ganchos.
– Camila....
Sorrindo, ela se virou e olhou para ele.
– Sim?
Ele não estava olhando para o rosto dela, sua atenção estava concentrada mais abaixo. Na gola cavada da camiseta apertada. O calor da olhada dele esquentou todo o organismo dela e ela sentiu o corpo reagir. Um rio vagaroso de desejo fluía nas veias dela.
Ela contraiu as coxas em reação. Mas não havia como disfarçar o jeito como os seios ficaram mais pesados, os mamilos enrijecendo para picos gêmeos que cutucavam a camiseta.
Ele notou. Definitivamente notou. Engolindo em seco, Dean resmungou:
– Por que você está vestida assim?
– Assim como?
– Como se estivesse caçando homens em uma boate em vez de trabalhando para um bando de vendedores de carros usados e manobristas picaretas em uma loja de carros? – questionou ele, em um tom áspero.
Camila deu um passo para trás instintivamente. Um pouco magoada. Um pouco confusa.
– Eu só… – Canal Anahi. OQIF? Respirando fundo, ela jogou a cabeça para trás e empinou o queixo. – E por acaso minha roupa de trabalho é da sua conta?
Ele foi até ela, agarrando-lhe os braços como se não conseguisse se conter.
– Vista seu suéter.
– Obrigue-me.
O corpo inteiro de Dean tensionou em frustração, então ele ergueu a outra mão e agarrou o outro braço de Camila. Ela não tinha certeza do que ele iria fazer:
chacoalhá-la ou tomá-la nos braços e beijá-la.
Ela definitivamente estava esperando pela segunda opção.
Camila devia ter se sentido intimidade, talvez até mesmo amedrontada, considerando o tamanho dele. Mas ela já sabia que ele não iria fazer nada para machucá-la. Ele estava atraído por ela, Camila tinha certeza disso agora, e só não sabia o que fazer a respeito daquela atração, já que eles eram colegas de trabalho.
– Ou você tira suas mãos de mim ou faz alguma coisa com elas – rebateu ela, ainda pensando do jeito que sua prima faria.
– Mas que droga, Camila.
Mas, antes que ele pudesse fazer uma coisa ou outra, eles ouviram o som de vozes do lado de fora da porta. Não eram, aparentemente, os únicos que haviam chegado cedo ao trabalho.
Dean a soltou e se afastou instantaneamente. Ele balançou a cabeça, como se para limpar a mente, e a espiou cautelosamente. Finalmente falou:
– Eu realmente acho que você deveria vestir seu suéter.
Camila escondeu um sorriso, gostando da pequenina
sensação de poder que sentiu por ter aquele homem lindo e grande reagindo tão fortemente a ela. Cruzando os braços, o que fez os seios dela se empinarem mais e enrijecerem mais contra a blusa, ela balançou a cabeça.
– Acho que não, Dean. Se você não gosta do jeito como estou vestida… Sugiro que não olhe para mim.
Sabendo que a bravata não ia durar muito mais, ela passou por ele rumo ao andar do showroom para cumprimentar os outros vendedores que haviam chegado, permitindo que Dean a observasse com aqueles olhos que brilhavam como o sol.