Anahi HAVIA passado a noite nos braços de Alfonso, mas se levantara cedo, por volta do amanhecer. Sabendo que a confeitaria iria ser aberta em breve, ele não protestou.
Quisera protestar, é claro, mas ficou calado.
Todo o motivo para Anahi estar ali em Chicago era a devoção dela pelos negócios da família. Ele não iria nem mesmo pensar em interferir nisso. Porque ele gostava do fato de ela trabalhar na confeitaria. Bem ali, pertinho.
Quanto ao outro emprego dela, na boate, Alfonso tinha de admitir, poderia ser uma tarefa mais difícil. Ele não havia sido testado ainda, mas não imaginava que seria
fácil observar a mulher por quem era totalmente louco prestes a tirar suas roupas em um ambiente cheio de homens. Principalmente agora que ele certamente ficaria imaginando o que havia acontecido na noite anterior, quando ela tirara as roupas apenas para ele.
Tinha sido a noite mais inacreditável da vida dele. E ele teve que se perguntar como ela tivera forças para se levantar e caminhar naquela manhã, considerando que havia ele havia passado boa parte da noite entre as pernas dela.
Anahi não era a única que precisava ir para o trabalho. Alfonso havia prometido a Tony que o ajudaria com o recebimento de um novo forno no Santori. Então, depois de tomar um banho,Alfonso se vestiu e caminhou algumas quadras até a rua Taylor. Ele passou pela Portilla`s no caminho, porém, consciente dos sentimentos de Anahi, não apareceu por lá. Era estranho passar por ali e não entrar para cumprimentar a mulher com quem ele havia feito amor de tantos jeitos diferentes e frenéticos na noite anterior.
Mas ela desejava que o relacionamento permanecesse entre eles, o que significava que ele não podia ficar a sós com ela, não podia segurar a mão dela em público, não podia chamá-la para sequer caminhar
na rua com ele.
– Isso vai ser uma droga – murmurou ele em voz alta, quando chegou ao restaurante. Ele não fazia ideia de por quanto tempo seria capaz de manter aquele relacionamento noturno e secreto com Anahi.
Só esperava que ela mudasse de ideia. Que ela percebesse que não precisava desistir de ser ela para se tornar parte de um relacionamento com ele.
Um relacionamento. Sim. Ele desejava um. Estava ficando muito apaixonado por ela, exatamente como suspeitava que aconteceria quando a vira tão entediada e indiferente do outro lado do Herrera`s tantas semanas atrás.
Era um tanto irônico. Ele estava começando a pensar que realmente podia ter encontrado a mulher perfeita. Já estava se apaixonando por ela. E uma união entre eles certamente iria satisfazer a todos em ambas as famílias.
Mas Anahi não queria um relacionamento.
– Mulheres – murmurou ele, quando adentrou o restaurante.
O irmão, Tony, que estava bem à porta, saudou-o com um tapinha nas costas.
– Se não pode com elas… Mas elas certamente são
uma opção melhor do que viver sozinho.
Como sempre, seu irmão imponente conseguiu fazê- lo sorrir.
As sextas-feiras normalmente eram movimentadas no Herrera`s então o dia passou voando. E, como sempre, o restante da família começou a aparecer depois do expediente. Às 20h, todos os irmãos estavam lá com as esposas e filhos, assim como a irmã dele, que estava com seu novo marido. Ambos estavam agarradinhos como os recém-casados que eram. Embora ele tivesse ficado cético, considerando o que sabia a respeito do passado sombrio de Simon Lebeaux, até mesmo Alfonso tinha de admitir que os dois eram obviamente loucos um pelo outro.
Além disso, se Lebeaux conseguia aguentar sua irmã tagarela, ele devia ser um homem bem forte.
– Vamos lá, tire uma folguinha – disse Mark para Alfonso assim que emergiu da cozinha, onde estava ajudando o pai.
– Sim, acho que meu chefe escravizador vai me liberar agora – respondeu ele, olhando por sobre o ombro para Tony, que estava parado à porta vaivém.
– Não sou chefe… sou parceiro – lembrou-lhe o irmão com um sorriso.
Ah, não. Não na opinião de Alfonso. Mas ele ainda não queria ter aquela conversa.
Os irmãos e suas famílias ocuparam diversas mesas no restaurante, mesas que provavelmente seriam apreciadas pelos clientes pagantes que estavam enfileirados no balcão. Mas Mamma nunca nem sonharia em expulsá-los para liberar o espaço. Ela ficava cacarejando ao redor, mandando a todos que comessem, arrulhando para os netos e sorrindo quando Noelle, esposa de Mark, ofereceu para que ela sentisse o bebê lhe chutar a barriga.
Na opinião de Alfonso, aquela era uma coisa meio sobrenatural. Porém, todas as mulheres se juntaram para fazer o mesmo, e Mark agiu como se aquela fosse a coisa mais legal desde o lançamento do robô Optimus Prime e dos Transformers. Alfonso, no entanto, ficava apavorado pela ideia. A única coisa que ele queria sentir se movimentando dentro de uma mulher era seu próprio membro. Um bebê? Nem pensar.
A menos que a mulher fosse Anahi.
A ideia era maluca, incômoda até. Mas não queria abandonar a cabeça dele.
– Ei, vejam quem está aqui – gritou Maite, acenando para a porta da frente. – Minha irmãzinha! Como vai,
Any?
Alfonso girou imediatamente, vendo Anahi ao balcão.
– Ah, Anahi, você não tem vindo me ver. O que houve, hein? – disse a Mamma, quando irrompeu até ela. Ela segurou o rosto de Anahi, dando-lhe um beijo na testa, então agarrou seu braço e saiu arrastando-a pelo restaurante.
Dando um beijo no ombro de Lucas, ela disse:
– Saia daí e abra espaço para a irmãzinha de Maite.
– Sim, senhora – disse o irmão dele, com um sorriso. Luke era mais velho do que Alfonso e Mark e, como promotor, estava acostumado a dar ordens para as pessoas. Porém, assim como todos eles, não podia recusar um comando da mãe mandona deles.
– Como vão as coisas, Any? – perguntou ele, assim que se levantou e tirou a cadeira do caminho. – Você se lembra da Rachel, certo?
Anahi assentiu, sorrindo para a linda esposa loura de Luke, a única de cabelos claros no grupo. Uma sulista obstinada; de algum modo ela conseguia se encaixar tão bem que Alfonso não conseguia imaginar o que a família seria sem ela.
Felizmente, o espaço que Mamma obrigara Luke a criar era entre a cadeira dele e a de Alfonso. Ruth Herrera
roubou uma cadeira desocupada de uma mesa ao lado e a colocou no lugar, quase empurrando Anahi para se sentar ali. Tal atitude fez Alfonso querer beijar a mão da mãe, embora Anahi não parecesse nada feliz.
– Eu só estava escolhendo alguma coisa para levar para casa para o jantar – disse ela, soando quase atordoada com a rapidez com que tinha sido raptada para se juntar ao jantar de família.
Alfonso compreendia a sensação. A mãe dele era um poço de energia.
– Deixe de ser boba – disse Mamma. – Você vai comer aqui, com a família. Você é uma de nós! – Tentando se espremer pelas cadeiras para retornar à cozinha, Mamma disse: – Afaste um pouco, sim? – E ela empurrou a cadeira de Anahi até ficar tão próxima à de Alfonso que as coxas de ambos se tocaram sob a mesa.
Alfonso apostaria dinheiro no palpite de que sua mãe havia feito aquilo de propósito. Quando ele viu o sorriso afetado dela assim que ela saiu para verificar o jantar, ele soube que tinha mesmo.
Todo mundo queria que eles ficassem juntos. Se eles ao menos soubessem…
– Ei, Anahi – sussurrou ele, de canto de boca. Ela o chutou por baixo da mesa.
– Então… o que acha de estar de volta a Chicago, Any? – perguntou o irmão Joe. – Acho que é bem inexpressivo e desinteressante, depois da sua vida em Nova York. Você deve realmente precisar de uma válvula de escape criativa.
Houve uma piscadela surpreendente por parte de Joe. Quando ele e Anahi trocaram um olhar demorado, Alfonso começou a suspeitar que Joe soubesse um pouco mais do que demonstrara sobre a vida noturna de Anahi. Lembrando-se do modo como Joe o havia incitado a aceitar o emprego, e tinha sido tão incisivo sobre Alfonso tomar conta da “dançarina principal” na Leather and Lace, ele imaginou se Joe tinha visto Anahi durante a reforma do lugar.
– Está tudo bem – respondeu Anahi. Sorrindo, ela acrescentou: – Só estou ocupada tentando evitar retomar meu vício em bombas folheadas de creme. Elas são meu fraco.
Todos à mesa riram. Exceto Alfonso. Porque houve um ronronar sensual na voz dela e ele julgou que ela estivesse falando apenas com ele.
Quando ele sentiu a mão dela, disfarçada pela toalha quadriculada de branco e vermelho, em sua perna, teve certeza.
Havia algo de muito excitante na coisa de ter uma mulher da qual você deveria ser apenas um amigo casual apalpando você debaixo da mesa de jantar. Principalmente quando a mesa estava lotada de membros da família curiosos que adorariam ver qualquer sinal de interesse entre os únicos dois solteiros ali.
Anahi foi cuidadosa. Então eles definitivamente não viram a mão dela rastejar para cima para trilhar o contorno de seu membro. Isso, ele presumiu, poderia ser encarado como um sinal definitivo de interesse.
Ele iria fazer a mulher pagar pela sua tortura sensual. Agora, no entanto, ele estava gostando bastante de tentar deslizar a própria mão para combatê- la na mesma moeda.
A conversa logo recomeçou, Anahi retornando a ela como se nunca tivesse se ausentado. Ela trocou farpas com os irmãos dele, relembrando coisas da época de escola com Lottie.
Ela se encaixava. Simplesmente se encaixava. Como uma garota normal da vizinhança.
Mas nenhuma garota normal da vizinhança que ele conhecia estaria baixando o zíper de Alfonso, enfiando a mão e libertando-o da calça. Ela definitivamente não
estaria roçando as pontas dos dedos maliciosos pelo membro, excitando-o até senti-lo endurecer na mão.
Aquilo era incrivelmente perigoso. Se alguém derrubasse um garfo e se abaixasse para pegá-lo, teria uma visão completa.
Mas Alfonso não dava a mínima. Talvez ele e Anahi não pudessem ser o casal “normal” que a vizinhança gostaria de ver. De algum modo, no entanto, o que ocorria agora era melhor. Ter um segredo erótico… e executar aquele segredo em público, onde podiam ser flagrados, era enlouquecedor.
Aquilo deixava Alfonso excitado. Deixava-o desesperado.
E o fez terminar seu jantar rapidamente e se declarar tão cansado que precisava ir se deitar.
Felizmente Anahi encontrou um pretexto, seguiu-o porta afora e o levou para sua casa para mais uma longa noite do sexo mais selvagem que ele já havia feito.