– EI, GOSTOSA, você está deliciosa de novo hoje.
Camila levantou a cabeça de repente, afastando as colunas de números do cérebro quando alguém adentrou o escritório na tarde de domingo. Ela sabia que não era Dean… Ele não falava com ela daquele jeito, o que era bom. Ela queria que ele a notasse, queria que ele percebesse que ela estava interessada. Mas definitivamente não queria um homem que falasse assim tão grosseiramente.
– Ah, oi – disse ela, vendo um dos vendedores parado à porta. O sujeito, Ted, era um divorciado de meia-idade com o riso frouxo. Ele também tinha o que ela e os amigos da escola chamavam de “mão boba”.
Ele gostava de ficar agarrando. Era grudento. Mas
nunca havia ido muito além dos ombros dela. E ela esperava que aquilo não mudasse.
Ted estava usando seu casaco esportivo listrado horroroso sobre uma camisa suja e uma gravata vermelha. Em outras palavras, ele estava um desastre. Normalmente ela o via como uma espécie de sujeito tristonho chutado pela esposa. Ele era bajulador e grosseiro, mas nunca havia dado a ela nenhum motivo para ser cautelosa particularmente. Agora, no entanto, ela sentia arrepios e a tensão latejava em suas têmporas.
Ela não gostava do olhar dele.
– Você está se vestindo assim só para mim, gostosa?
– perguntou ele, enquanto passeava pelo escritório.
– Acho que essa pergunta seria considerada assédio sexual – disse ela, assim que o encarou com firmeza, esperando que ele entendesse a advertência como uma ameaça e caísse fora agora, antes de ir longe demais.
Quando ele sorriu e fechou a porta atrás de si, ela teve a sensação incômoda de que ele já havia ido longe demais.
Droga. Ela devia ter ido embora uma hora atrás. Eram 16h, uma hora depois do horário de fechamento da concessionária aos domingos. E ela presumia que
todos já tinham ido embora. Ted não aparecia desde aquela manhã. E, a julgar pelo cheiro de álcool que exalava dele, ela imaginou que ele havia ido almoçar em um bar local.
Dean, por que você na apareceu? Bridget tinha certeza de que ele estaria lá. Ele havia trabalhado em todos os fins de semana desde que começara na empresa. Esse era o único motivo pelo qual Camila tinha ido ao trabalho hoje… para vê-lo!
Não adiantara de nada. Ela vestira outra saia curta e sensual que havia comprado na noite anterior em uma loja local bonitinha. Isso, com a blusa de seda sem mangas que envolvia suas curvas convidativamente, teria sido o suficiente para fazer a temperatura de Dean subir. E ele não tinha aparecido para ver.
Em vez disso, Ted aparecera. Eca.
– Garota, você tem escondido seus atributos. – Ele se aproximou. – Está na hora de fechar. Vamos nos divertir um pouco.
– Não, obrigada – disse ela, o tom gélido. Ela enfiou sua papelada em uma gaveta. Normalmente, seria mais organizada. Hoje, estava com pressa. Ela queria sair dali.
– Ahhh, vamos lá, doçura, eu sei que não tem
nenhum homem na sua vida. Você deve ser solitária. Por que não me deixa fazer companhia?
Ela preferia fazer companhia a um gambá morto.
– Não, Ted.
Com alguma esperança, aquele tom firme iria passar a mensagem e ele sairia do caminho e a deixaria ir embora. Mas, assim que ela ficou de pé, Ted se colocou entre a escrivaninha e a porta, bem no caminho de Camila.
– Você sabe que realmente quer ficar.
– Não, eu realmente não quero.
Tentando ser como Anahi, outra vez, ela cerrou uma das mãos, pegou sua bolsa e tentou passar por ele.
Ele agarrou o braço dela.
– Nem mesmo alguns minutinhos de conversa?
– Nem mesmo isso – insistiu ela, desvencilhando-se dele.
O tom furioso e o calor nos olhos dela deviam tê-lo atingido finalmente. Porque Ted foi de bêbado idiota tentando se dar bem a bêbado tentando controlar em um piscar de olhos. Sem aviso, ele pôs as mãos nos ombros dela e a empurrou. Camila tropeçou nas sandálias de salto, caindo sentada sobre sua escrivaninha.
– Perfeito. – Colocando as mãos nas coxas dela, ele abriu as pernas dela cruelmente e tentou se colocar no meio.
– Solte-me!
– Ainda não, gostosa.
Ela começou a tatear atrás de si, esperando ter deixado a tesoura ou o grampeador à vista, mas só conseguiu agarrar um pequeno relógio de mesa. Segurando-o com firmeza, ela o golpeou, mas só conseguiu acertar Ted de raspão no ombro.
As narinas dele inflaram ao mesmo tempo em que os olhos se estreitaram de raiva.
– Bancando a difícil?
– Solte-me ou vou gritar.
– Ninguém vai ouvir você, gostosinha – disse ele, qualquer vestígio de charme desaparecendo da voz dele assim que sua verdadeira natureza emergiu.
Antes que Camila pudesse dizer qualquer coisa, ou pensar no que dizer, ela ouviu algo que soou como um anjo. Mas não era um anjo.
Era Dean Willis. Rugindo.
– Saia de cima dela, seu filho da mãe!
De repente, ele saiu mesmo. Ted foi erguido de cima dela e atirado para o outro lado da sala. Camila o viu
bater com violência contra a parede e desabar no chão. Ele gritou, de medo ou de dor. Ou os dois.
Ted tinha motivos para sentir medo. Dean já estava partindo para cima dele, o rosto vermelho, o corpo emanando perigo.
– Você está morto.
O tom desafiador de Ted ao encará-la desapareceu sob essa nova ameaça. Antes que Dean pudesse ao menos agarrá-lo, ele se levantou aos trancos e saiu correndo porta afora, deixando ambos a sós. A coisa toda, da entrada de Ted à sua partida em alta velocidade, deu-se em menos de três minutos.
A cabeça de Camila estava girando. Ofegante e tremendo um pouco, ela murmurou:
– Muito obrigada.
Dean se virou para olhar para ela, aquela fúria ainda evidente no rosto dele. Os olhos azuis eram como lascas de gelo. Ele se assemelhava tanto a um vendedor de carros bonitinho quanto à Xena, a princesa guerreira.
Não. Aquele não era o Dean bonzinho e de boa índole. Aquele era um homem perigoso enfurecido. E os tremores de medo de Camila se transformaram em tremores de empolgação.
– O que, diabos, aconteceu?
Ainda sentada na escrivaninha, ela só conseguia balançar a cabeça.
– Ele obviamente estava bebendo. Voltou para cá e me flagrou sozinha. É a primeira vez que ele… quer dizer, ele me causa arrepios, mas eu nunca pensei que…
– Talvez, se você não usasse roupas que não gritassem “agarre-me”, os homens não tentassem.
Camila ficou de queixo caído e o encarou em choque.
– O que você disse?
– Olhe para você – rebateu ele, aproximando-se. Ele apontou para as pernas dela, ainda esticadas sobre a mesa.
Camila tentou encolhê-las, mas Dean se colocou entre elas antes que ela pudesse fazê-lo. Sem qualquer tipo de aviso, ele mergulhou as mãos nos cabelos dela e baixou a cabeça para cobrir os lábios dela com os seus. Ele investiu a língua na boca de Camila, provando-a, devorando-a. O corpo dele estava rijo de encontro ao dela, os quadris entre as coxas dela, e Camila não conseguiu nem mesmo tentar negar o fluxo absoluto de calor que rugiu dentro dela em reação.
Ela pôs os braços em volta do pescoço dele,
inclinando a cabeça para retribuir o beijo com a mesma profundidade. E, durante um longo e inebriante momento eles fizeram um amor louco e selvagem com suas bocas.
Então o momento terminou. Dean a soltou e recuou alguns passos.
– Camila, eu…
Ela ergueu as mãos, as palmas expostas, para impedi-lo. Deslizando para descer da escrivaninha, ela ajeitou a saia e disse:
– Não. Certo? Simplesmente não diga nada. Eu queria isso. Talvez eu precisasse disso, assim simplesmente poderia tirar Ted da minha lembrança. Eu não pulei aqui e abri minhas pernas… Ele me empurrou.
Dean virou a cabeça instintivamente para olhar para a porta, aquela fúria tensa retornando.
– Ele já foi há tempos. Obrigada por entrar na hora certa.
Ele passou as mãos pelos cabelos, a raiva finalmente indo embora.
– Eu vou dar um jeito nele, Camila.
– Marty vai cuidar dele. – Ela se aproximou, oferecendo-lhe um sorriso trêmulo. Porque agora não
havia dúvida de que o interesse de Dean com relação a ela era mais do que de amizade. Aquele beijo e a rigidez do corpo dele, uma reação instintiva ao beijo, disseram a ela que ele queria mais. Talvez tanto quanto ela queria. – Acho que isso torna você meu herói, não?
Dean a encarou, os olhos ficando mais suaves, a tensão abrandando. Ele a puxou para seus braços. Mas, desta vez, não tentou beijá-la. O abraço foi de conforto puro e terno. Ele a abraçou apertadamente, passando a mão pelas costas dela.
– Sinto muito. Sinto pelo que ele fez… Sinto pelo que eu disse.
– Tudo bem. Você estava nervoso. – Inclinando a cabeça para trás, ela sorriu para ele. – Eu achei meio sexy.
Por um segundo, um segundo muito breve, ela pensou que ele fosse retribuir o sorriso. E então beijá- la de novo, com delicadeza desta vez.
Mas não aconteceu. Em vez disso, Dean suspirou pesadamente e contraiu os lábios.
– Também lamento por ter beijado você. Eu nunca devia ter feito isso.
– Eu fiquei esperando que…
Ele ergueu a mão para impedi-la.
– Não. Foi um erro, Camila. Um erro imenso. E não se repetirá.
Ela arfou, incapaz de acreditar que ele a estava rejeitando. Outra vez.
– Qual é o seu problema? – perguntou ela, totalmente indignada.
Ele simplesmente balançou a cabeça.
– Não tenho um problema. Eu só não posso… Não quero… Diabos, Camila, isso simplesmente não pode acontecer. – Como se precisando se convencer daquilo também, tanto quanto a ela, ele reiterou: – Não vai acontecer.
Prontinho Lis ♡♡♡♡♡