Alfonso se virou e retornou ao lugar de onde havia saído. Dali de onde estava, Anahi percebia que todos os homens estavam vendo Alfonso sair. A maioria eram clientes regulares que o reconheceram. E provavelmente todos queriam saber o que exatamente
ele havia dito a ela… e o que ele significava para ela.
Aquilo era fácil de explicar. Tudo.
Assentindo em direção ao membro da equipe ao lado do palco, Anahi esperou sua música recomeçar. Agora ela dançava alegremente, de um jeito que não fazia há muito tempo. E sorria durante todos os instantes.
Assim que as últimas notas soaram, ela agarrou as flores e disparou para os bastidores, parando apenas para enfiar os braços no roupão antes de irromper em direção à escadaria. Desceu dois degraus de concreto por vez, quase tropeçando. Mas, mesmo que tropeçasse, tudo bem. Porque Alfonso estava esperando lá embaixo, olhando para ela.
Ele a teria segurado se ela caísse. Ela sabia disso. De agora em diante, ele estaria lá para pegá-la.
– Vamos – murmurou ele, segurando a mão de Anahi. Ele entrelaçou dos dedos aos dela, então os levou aos lábios para dar um beijo suave. – Vamos conversar em particular.
Ela o seguiu, apoiando-se no corpo dele, as curvas se encaixando perfeitamente aos ângulos dele, como se fossem duas peças de um quebra-cabeça. Quando chegaram ao camarim, Alfonso abriu a porta e a segurou para ela, então a seguiu para dentro.
– Obrigada mais uma vez pelas rosas – murmurou ela, enquanto as colocava sobre a bancada. As flores já haviam começado a preencher o cômodo com seu perfume inebriante e ela inalou profundamente.
– Por nada. – Ele acrescentou imediatamente: – Você estava certa.
– Sobre o quê?
– Tudo – admitiu ele tranquilamente, sem se esforçar para se proteger ou para se eximir da culpa por causa do que havia ocorrido entre eles. Embora Anahi soubesse que boa parte da responsabilidade era dela.
– Nós dois…
– Não, Any, deixe-me terminar, por favor. Você estava certa ao me acusar de viver a mesma vida dupla que você. Você tinha razões legítimas, com a coisa da saúde do seu pai e seu… hum…
– Trabalho como stripper? Ele sorriu.
– Sim. Isso.
– Eu contei a Maite e a Mia. Ele arregalou os olhos.
– Mesmo? Como elas reagiram?
– Melhor do que o esperado. – Muito melhor. Mas ela o deixaria a par disso mais tarde. – É um primeiro
passo, de qualquer forma.
– Eu sei. Eu dei o mesmo passo. Contei ao meu pai e a Tony que não estava interessado nos negócios. E sobre o que desejo fazer.
– Ser um guarda-costas?
Pela primeira vez desde que ele fora até ela durante a dança Alfonso a olhou com um pouco de hesitação. Ele olhou para o lado e franziu a testa.
– Bem… não exatamente.
Ficando alerta imediatamente, Anahi cruzou os braços.
– O que você fez? Diga que não vai virar policial assim como seu irmão!
Ele balançou a cabeça, como se horrorizado com a ideia.
– Sem chance. Acontece que Harry vai precisar se afastar um pouco daqui para lidar com a situação legal de Delilah.
Não era surpresa.
– E ele perguntou se eu poderia administrar. Anahi não conseguiu evitar um arquejo chocado.
– O quê?
– E tem mais.
Ainda chocada pela ideia em si, ela esperou,
boquiaberta.
– Ele precisa de um investimento financeiro… Acho que ele antecipou um monte de contas judiciais. Tenho um dinheiro que andei guardando durante todos os anos no serviço militar. Então acabei de me tornar sócio da boate.
Aquilo era tão inesperado. Anahi não conseguiu evitar afundar na cadeira em choque absoluto.
– Você está falando sério?
– Muito sério.
– Você vai trabalhar aqui.
– Ahã. Tudo bem para você? Trabalhar com seu marido?
– Ah, eu vou am… – As palavras dele a atingiram, golpeando dentro da mente. – O que você disse?
Ele sorriu.
– Achei que diamantes combinariam bem com rosas. Anahi ficou parada, em um silêncio atordoado, quando Alfonso enfiou a mão no bolso e pegou um anel.
De ouro. Com um diamante imenso em cima.
– Vou colocar isso no seu dedo, mas só depois que você tirar essa máscara.
Surpresa, ela abriu os colchetes da máscara, um de cada lado da cabeça. A sensação de movimento em
câmera lenta continuou quando ela removeu o veludo vermelho, deixando-o cair no chão, aos seus pés.
Ele pegou a mão dela, puxando-a para ficar mais perto.
– Eu amo você, Anahi Portilla. E amo você, Rosa Escarlate. E quero que vocês duas sejam minha esposa a partir de hoje – disse ele, a voz séria e resoluta. A expressão dele estava mais séria, orgulhosa e determinada do que ela já havia visto, como se ele estivesse valorizando mais aquele momento do que já valorizara qualquer outro.
Ela certamente valorizava. Porque aquele poderia ser o momento no qual sua vida mudaria para sempre. Quando, por mais bobo que soasse, todos os sonhos secretos dela, até aqueles que ela nem mesmo confessava para si, poderiam realmente começar a se realizar.
– Estando aqui ou em Nova York, com você trabalhando na confeitaria ou tirando suas roupas para viver… eu vou seguir você, eu vou guiar você, vou estar ao seu lado. – Ele segurou o rosto dela, roçando as pontas dos dedos na pele dela em uma carícia tão terna que a fez chorar.
– Fique comigo. Sempre.
Agora as lágrimas jorravam. Anahi raramente chorava, mas naquele momento era a única reação que ela conseguia demonstrar.
– Ficarei, Alfonso. Eu o amo tanto. Eu o amei por tanto tempo que não consigo me lembrar de como é não amar você.
Ela passou os braços em volta do pescoço dele e o puxou para si. Ficou na ponta dos pés, tocando os lábios nos dele em um beijo delicado que se aprofundou gradativamente. As línguas deslizaram juntas em uma intimidade delicada, os corpos derreteram juntos. Eles compartilharam o hálito e promessas ainda inexistentes, mas que nunca seriam quebradas, criando um vínculo com aquele beijo inebriante, profundo e interminável que duraria para sempre.
Foi o beijo mais lindo da vida de Anahi. Porque ela estava beijando um homem que amava desde sempre… e a boca maravilhosa dele havia acabado de lhe oferecer as mesmas palavras.
Quando finalmente pararam, Alfonso sorriu para ela.
– Vai usar meu anel? Ela esticou a mão.
– Começando agora. Para durar para sempre.
Assim que ele pôs a joia no dedo dela, Anahi olhou para a pedra linda e reluzente, ficando arfante diante de tamanha beleza.
– Ah, obrigada por esperar por mim – sussurrou ela, para ele.
– Obrigada por me puxar para cima de você naquela mesa de doces e me informar o quanto me desejava.
Anahi olhou feio para seu noivo.
– Eu não puxei você para cima de mim.
– Eu vou ter de dizer que puxou, doçura.
Segurando a faixa do roupão e desamarrando-a lentamente, ela sorriu de forma sensual e maliciosa.
– Alfonso? Quer ver o que há debaixo deste roupão? Os olhos dele brilharam de ânsia e desejo.
– Ah, você sabe que quero.
Ele esticou a mão para tocá-la, porém Anahi segurou a mão dele, impedindo-o.
– Então eu tenho um conselho para você. Não me chame de doçura.