– Oi – disse ele, quando finalmente chegou até ela.
– Ei. – Ela se sentiu quase triunfante por ter alcançado aquele tom de desinteresse casual. Até mesmo conseguiu continuar inclinada de encontro à parede, provavelmente porque precisava do apoio. Ela
podia ter aprendido a lidar com os homens, mas nunca havia superado a sensação de ser a Anahi-nerd quando estava perto daquele ali.
– Há algo que eu possa fazer por você?
Ah, sim. Ela era capaz de pensar em várias coisas. Começando pelo troco por ele ignorá-la quando ela era uma garota rechonchuda e apaixonada. E finalizando com ele nu na cama dela.
Mas ficar nua na cama com Alfonso Herrera envolveria sérias complicações. A irmã dela era casada com o irmão dele. As famílias eram velhas amigas. Se ela sequer olhasse para o sujeito com interesse, a vizinhança os faria produzir bebês italianos de cabelos castanhos em um ano.
Oh-oh. Não, obrigada. Não para Anahi O sexo com Alfonso seria delicioso. Mas vinha com consequências demais.
– Acho que não – respondeu ela finalmente. Ele não recuou.
– Tenho certeza de que há alguma coisa.
– O que foi, você virou garçom agora? – perguntou ela, achando graça da ideia de ele estar servindo mesas. Especialmente considerando que aquele peito dele poderia provavelmente funcionar como uma mesa.
Alfonso tinha, tal como todos os filhos dos Herrera trabalhado no restaurante durante o Ensino Médio. Do mesmo jeito que Anahi trabalhara na confeitaria, frequentemente comendo seu salário para adoçar sua angústia adolescente.
Mas ele estivera na Marinha durante anos. Ela não o vira erguendo pizzas agora que estava de volta a Chicago. Não depois de erguer metralhadoras Uzi ou o que quer que aqueles soldados viris carregassem.
– Talvez. Por que você não me diz o que deseja e eu digo se posso conseguir para você?
Uma pizza fininha e cheia de queijo ao estilo de Nova York foi a primeira coisa que veio à cabeça dela, mas Anahi não queria ser enforcada na esquina da Taylor com Racine.
– Eu já fiz meu pedido. Ele sorriu sutilmente.
– Eu não estava falando só da pizza.
Deus, aquilo foi… sim, foi. Houve uma piscadela repleta de flerte naqueles olhos castanho-verdes dele. Ele estava jogando algumas insinuações sutis para ela, e aquilo havia ficado bem claro.
– Oh. – Foi tudo que ela conseguiu dizer.
A farinha de bolo deveria ter entupido seus genes de
femme-fatale nos últimos dois meses. Só isso explicava como alguém com a experiência dela com relação a homens poderia não ter entendido o duplo sentido na frase dele.
– Quer se sentar enquanto aguarda seu pedido? – perguntou ele, gesticulando em direção a algumas cadeiras na área de espera.
– Não, obrigada. – Ela ficou em silêncio. Se abrisse a boca outra vez, poderia fazer algo estúpido como falar uma besteira como: “Uau, o que eu não teria dado para você me olhar assim quando eu era adolescente.” E isso ela não queria fazer de jeito algum.
Ela cerrou os lábios. Iria ser Anahi a muda desinteressada. O que era bem melhor do que Anahi a mutante apaixonada.
– Que tal na mesa?
– Na mesa… o quê?
Ele sorriu outra vez, aquele sorriso sensual e autoconfiante que provavelmente fizera mulheres dos cinco continentes baixarem a calcinha 60 segundos depois de conhecerem-no.
– Podemos sentar a uma das mesas enquanto você aguarda seu pedido.
Deus, ela era uma idiota.
– Não, estou bem aqui, obrigada.
Ela precisava se dar uma folguinha por ser tão lenta. Afinal, Alfonso Herrera lhe bagunçava o cérebro desde que ela possuía 10 anos, época em que sua irmã Maite começara a namorar o irmão dele, Tony. E, embora ele sempre tivesse jeito com mulheres, nunca olhara duas vezes para ela daquele jeito.
Especialmente desde o casamento de Maite e Tony. Aquele em que ela tropeçara em seu vestido marrom horroroso, o mesmo que era colado nos quadris e bumbum roliços, enquanto eles estavam dançando a valsa obrigatória. Ela, a garota que tivera aulas de dança desde os 3 anos, tropeçara.
Talvez não fosse tão chocante. Ela estava preocupada com o que ele pensaria das palmas das mãos suadas dela. Estava apavorada por sua maquiagem estar borrada no rosto, revelando que ela tivera a maior das crises de acne naquela manhã.
O nervosismo, somado aos compassos apavorados do tamborilar de seu coração e ao formigar doloroso de seus seios pequenos no ponto onde roçavam de encontro à lapela do smoking de Alfonso deixou-a tonta. Tão tonta que ela falhara o passo na beirada da pista de dança levemente elevada e ambos caíram sobre uma
mesa repleta de biscoitos e doces preparados especialmente pelos pais dela para o casamento.
Não fora algo bonito de se ver.
Amêndoas confeitadas de todas as cores voaram em todas as direções. O bumbum dela pousara em uma bandeja de pastéis de nata, os cotovelos sobre pilhas de waffles italianos. O vestido subira até a cintura para revelar uma cinta que ela usara no esforço para esconder sua barriga resultante da comilança compulsiva de biscoitos após a escola.
A cereja do bolo de cinco andares coberto por creme italiano, que de algum modo ela não conseguira destruir, fora Alfonso Ele se embolara no vestido e caíra em cima de Anahi aberto sobre o peito dela.
E bem entre as pernas dela.
Foi a primeira, e última, vez que ela imaginara que Alfonso Herrera estaria entre suas pernas, o que tanto partira seu coração quanto alimentara algumas fantasias intensas durante seus anos no Ensino Médio. Chocada pela imprevisibilidade e pelo prazer da coisa, ela fora lenta ao abrir aquelas pernas e permitir que ele se levantasse. Lenta o suficiente para o momento ir de “constrangedoramente longo” a “indecentemente chocante”.
Ela pensara que a mãe fosse matá-la mais tarde.
Mas isso não fora tudo. Porque Anahi tinha a sorte de alguém que quebrava espelhos como meio de vida, o incidente também fora a cena principal do dia. O cinegrafista havia captado a coisa inteira na filmagem, criando uma obra-prima que iria zombar dela por toda a eternidade.
Ela se tornara motivo de chacota. Todos os convidados gritaram, aplaudiram e a provocaram com isso por meses depois. Ela podia muito bem usar um cartaz se autoproclamando “a púbere apaixonada que esmagou os biscoitos e se esfregou no padrinho no casamento dos Herrera -Portilla
– Eu não vi você por aqui antes – disse ele, finalmente quebrando o silêncio que havia caído entre eles.
– Eu venho aqui algumas vezes por semana –
respondeu ela.
Ele deu de ombros.
– Eu estive fora por muito tempo.
– No serviço militar.
– Certo. As coisas definitivamente mudaram por aqui nos últimos 12 anos.
– Talvez em alguns aspectos – disse ela. Então ela
olhou ao redor e viu pelo menos cinco pessoas que conhecia… todas observando atentamente enquanto ela conversava com Alfonso Franzindo a testa, Anahi murmurou: – Em alguns aspectos, ainda é a mesma cidadezinha desgraçada que sempre foi.
Ela foi surpreendida com uma risada dele.
– De algum modo, acho que temos muito em comum.
A risada suavizou o rosto bronzeado dele, formando rugas ao redor dos olhos. E também o deixou absolutamente irresistível, conforme várias mulheres sentadas por perto indubitavelmente também notaram.
Alfonso fora incrivelmente lindo quando adolescente. Esbelto e musculoso, sombrio e intenso. E aos 30 anos ele era absolutamente de fazer babar. Não que tivesse mudado muito… Apenas havia amadurecido. Enquanto antes era apenas um cara sexy, agora era um homem durão, de parar o coração, grande, largo, poderoso e intimidador.
Ela não presumia que ele tivesse mudado por dentro, no entanto. Uma vez um Herrera sempre um Herrera Os homens daquela família sempre tiveram um bom coração.
Honestamente, fazendo uma retrospectiva, se Alfonso
tivesse sido um babaca a respeito do que havia acontecido no casamento, ela poderia ter superado sua paixonite muito antes, e o momento atual seria muito mais simples. Ela podia mandá-lo se danar, lembrá-lo que ele havia rido dela uma vez e aumentado sua humilhação. Só que… ele não tinha feito isso. Desgraçado.
Ele fora muito doce, ajudando-a cuidadosamente a se levantar… assim que ela libertara os quadris dele de sua chave de perna. Ele limpara delicadamente o açúcar de confeiteiro e o creme do rosto dela. Ajudara a recolocar o vestido no lugar sem fazer nenhuma piadinha sobre suas coxas roliças ou sobre a cinta. Fingira que não tinha sido praticamente violado por ela. E a ajudara a retornar à pista de dança, dando continuidade à valsa. Certamente, a única coisa irritante que ele fizera foi começar a chamá-la de “doçura”.
Conforme a mãe dela sempre dizia, ele fora criado do jeito certo. Exatamente como os irmãos. Era totalmente cavalheiro, um protetor, e nunca lhe dera olhadelas que não fossem meramente amigáveis. Aos olhos dele, ela sempre fora a irmã caçula de Maite a bailarina gordinha que parecia uma salsichinha recheada com seu tutu e meia-calça cor-de-rosa, e ele a
tratara com nada além de uma gentileza de irmão mais velho.
Até agora.
Cami talvez vc já tenha lido é uma adaptação do livro ,provocante da Leslie