Fanfic: Steal Me (Vondy) | Tema: Rebelde, Vondy

A música estava tão alta a ponto de não conseguir ouvir meus próprios pensamentos; isso era bom, assim eles não me perturbariam pelo resto da noite. Pelas batidas inicias era possível distinguir qual era a música que havia começado a tocar – New York, New York de Frank Sinatra. Automaticamente meus olhos chocaram-se com uma aglomeração de pessoas vestidas de branco enquanto dançavam fazendo passinhos retrógrados em sintonia com a música.

– Estamos em 1988 ou em uma virada de ano adiantada? – Christopher perguntou debochadamente.

– Seu sem graça, só está começando. Dê uma chance.

Ainda nas primeiras estrofes da música o som foi cortado assim como a luz, uma escuridão sem fim pairou por todo o local enquanto somente alguns gritos de felicidade enchiam aquele lugar, quando somente o som retornou já não estava mais tocando o clássico de N.Y., mas sim uma versão de mashup da música, todos estavam pintados por tinta neon enquanto a luz negra presa ao teto fazia com que as pessoas brilhassem em meio ao tumulto, pacotinhos de ZIM (pó feito à base de amido de milho e corante nas cores rosa, amarelo, azul e verde) começaram a ser despejados deixando sua fumaça colorida vagar pelo ar, todos dançavam animadamente enquanto Christopher me olhava surpreso, talvez até um pouco amedrontado.

– O que é isso?

– É como uma Glow in the dark misturada a uma Happy Holi. – Respondi entremeio aos risos.

– Ahh, então é tipo uma rave? – Gesticulei positivamente com a cabeça. – Não é melhor sairmos daqui?

– Não Christopher Uckermann, se solta. É pra curtir! – Vi o rapaz virar-se para um dos telões que estava rente a mesa do DJ, me virei junto a ele e segui seu olhar, as imagens da festa estavam passando em uma das telas, o que me fez sorrir, saltei-me a vista e encontrei aqueles olhos castanhos que emanavam um brilho de admiração.

– Isso é muito legal. – Não o respondi, apenas sorri enquanto tentava acompanhar o ritmo acelerado da música que estava a tocar, pela visão periférica vendo Christopher gargalhar desenfreadamente ao meu lado. – Você entrou sem pagar. O que essas pessoas ganham para fazer isso?

– Nada, não ganham absolutamente nada, o lance aqui é só curtição mesmo. É legal participar de algum evento, México dá um pouco de solidão... Às vezes.

– Quer mesmo me convencer a aceitar o contrato, não é?

– Em todas as cidades existem pessoas solitárias. – Dei de ombros, observando as pessoas ao meu redor continuarem dançando incessantemente, sem ao menos demonstrar exaustação. Uma garota com o rosto pintado por desenho indianos com a tinta neon se aproximou de nós, distribuindo potinhos florescentes. Abri o pote e me virei para Christopher. – Eu faço sua “maquiagem” e você faz a minha, okay?

– Eu topo. – Christopher disse rapidamente, fazendo com que eu o olhasse de forma confusa, porém animada. As luzes de neon pareciam cada vez mais vivas ao meu ver, abri o pote e quando estava com as mãos em direção ao rosto de Christopher fui impedida. – Eu topo trabalhar para a Puzzle.

– O quê?           

– Você me convenceu, eu aceito.

– Ai jura? Isso sim é muito legal. – Falei enquanto pintava o rosto do moreno e fazia uma dancinha ridícula, Christopher começou a imitar meus gestos, olhando-me nos olhos.

– Ficou surpresa?

– Não. Só estou feliz, você vai arrasar. Adorei a noticia. – Não conseguia parar de sorrir, estava tão pândega, era bom ter conseguido ir tão bem logo ao começo do novo cargo. Em incontáveis instantes a melodia que estava tão presente foi se dissipando até começar um novo mashup. Estávamos dançando envolvidos em completo silêncio e a única coisa que falava mais alto era a música agitada que fazia todos saírem dos seus lugares e se mexerem rapidamente. Uma movimentação diferente surgiu a nossa frente e logo um grupo de homens se aproximou de nós, um deles falou algo no ouvido de Christopher e depois me olhou dos pés a cabeça.

– Sorte grande, Cam. – O garoto de cabelos negros e sobrancelhas grossas falou alto devido ao barulho constante, repousando seus olhos sobre meu corpo e, confesso que aquilo me incomodou um pouco, o olhar dele revelava as 1001 maneiras que deveria estar pensando em me jogar na cama.

– Cai fora, Poncho. Vejo vocês três lá fora. – Christopher parecia irritado agora.
O tal cara assentiu e me encarou por mais alguns instantes antes de sair acompanhado dos outros garotos.

– Me desculpe por isso. – Suspirou vagarosamente. – Nos veremos de novo?

– Quem sabe. – Sussurrei em seu ouvido e depositei um beijei sua bochecha, deixando a marca de meu batom vermelho impregnada em suas maças do rosto.

– Aqui está meu cartão, tem todos os meus números aí. Quem sabe precise de mim. – Sorriu, entregando-me um pequeno cartão esverdeado.
Tateei minha bolsa encontrando um batom que estava ali, ergui sua mão e anotei meu número em sua pele.

– Talvez você precise de mim antes. – Falei num tom provocativo e desviei do rapaz, seguindo em direção à pista de dança.

* * *

Após nós nos despedirmos eu segui rumo para casa enquanto o rapaz provavelmente havia decidido fazer sua “caça” noturna por mulheres não tão indefesas. Estava sentada em um dos bancos do metro, sentindo o movimento do tubo metálico deslizar subterraneamente, ouvindo uma música ambiente que me fazia lembrar corriqueiramente de um filme de terror, estava perdida entre meus pensamentos quando saltei-me a vista e meus olhos automaticamente focaram em uma jovem moça que estava sentada em um dos bancos na minha frente, em suas mãos estava uma edição da revista Puzzle e instintivamente me senti orgulhosa por ter encontrado e contratado o novo modelo para esta indústria da moda, porém, ao continuar olhando para a capa da revista deparei-me com a seguinte questão onde abordava em letras graúdas e chamativas: “Com quantos homens você já dormiu?” e logo abaixo em letras não tão grandes: “A média de amantes que as mulheres têm na vida é de 7,5”.

– Sete e meio é o caramba! – Exclamei exaltada, ignorando totalmente o fato de estar num vagão lotado, fazendo com que vários curiosos olhassem em minha direção. Incluindo a moça que estava com a revista em mãos. – Maldita Puzzle.

Saltei do banco que eu estava para sentar-me ao lado da garota que agora me olhava assustada, deixando seu semblante se tornar uma mistura de curiosidade e medo. Aproveitando que a situação não poderia mais ser revertida ou remediada decidi arrancar a revista de forma irruptiva de suas mãos, fazendo com que algumas páginas se tornassem um tanto quanto plissadas devido ao meu toque tão rude, apressadamente comecei a folhear as páginas da revista, sentindo um vento leve sendo criado diante de tal ação, estava à procura da matéria que estava na capa e não demorou muito até que eu a encontrasse. Suspirei fundo como se aquilo fosse capaz de aliviar a pressão causada em meus pulmões e virei-me para a garota com o olhar mais compreensivo que podia dar-lhe naquele momento.

– Me desculpe, é que aqui está falando que a média de amantes que as mulheres têm na vida é de 7,5. Acredita nisso? – Perguntei com o cenho franzido olhando a garota, que mesmo tímida decidiu me responder.

– Parece uma média bem alta.

– Alta? Não, é baixa. Sete e meio é baixo.

– Como quiser! – Ela exclamou num sussurro quase inaudível enquanto eu permaneci com o desespero estampado em meu rosto.
Rapidamente abri minha bolsa e comecei a tateá-la à procura do meu moleskine azul e de uma caneta esferográfica, ao encontrar os objetos necessários comecei a organizar uma lista. “Com quantos caras eu já havia dormido nesses 21 anos?”

Continuo?