Fanfic: Mundos Opostos - Portiñon. ♥ + ☮ | Tema: Anahi e Dulce Maria

Enquanto espero sentada no carro, eu sentia o sol na minha pele de uma maneira especial. Não é chato ou agoniante é simplesmente perfeito e relaxante. Eu sempre amei os dias ensolarados e animados, os dias em que a natureza parece mostrar que tudo por mais simples que seja, é absolutamente lindo.

Em ocasiões ímpares da praia onde eu cresci lembro-me daqueles dias em que me sentei de frente para o mar, observando sua imensidão e pensando que talvez alguém estava do outro lado fazendo o mesmo que eu... O mar, embora ele te faça sentir pequeno dá-lhe uma liberdade indescritível, a garantia de que têm muito mais do que seus olhos vêem. Lembro-me das vezes que eu sonhei atravessá-lo, viajar pelo mundo sem destino marcado... Lembro-me daqueles momentos de dúvida e solidão, quando não se sabe para onde ir, qual caminho seguir e ainda assim, apesar de tudo sentada em frente ao mar eu ficava imaginando quando chegaria o amor da minha vida. Sonhava com a pessoa que me faria suspirar  por ela . Eu tinha certeza de que essa mulher chegaria. 

Nem sequer imaginava seu rosto, sua personalidade, seus gostos... a única coisa que era certa é que eu deixava minha imaginação voar e sonhava com dizer a ela "Vamos..." e em algum lugar ela respondia "Eu iria com você até o fim do mundo". Sim... algo tão simples como ir juntas para qualquer lugar. Essa era a minha ideia de amor. Então naquele instante eu percebi que nem tudo é como eu esperava ou esperava demais.

- Não sabe o que eu daria para saber o que você pensa agora... - Sussurrou uma voz me trazendo de volta ao mundo real.

Virei a cabeça para a direita e lá estava ela com as mãos na porta do carro. Lá estava ela me olhando com aquele sorriso deslumbrante e deixando-me absolutamente extasiada com aquele olhos. A cada segundo ficava mais linda. 

- Sinto te dizer que talvez você tenha que se acostumar com esses meus momentos fora do ar. - Respondi sorrindo timidamente - Eu passo bastante tempo no meu próprio mundo.

Ela devolveu o sorriso, depois abriu a porta e se sentou no banco do passageiro.

- Ainda que eu já saiba que o mistério é parte de você eu ainda continuo a ter esperança que um dia você me deixará entrar nesse mundo.

Eu apenas sorri novamente, permitindo que alguns segundos de silêncio ​​se juntassem a nós.

- Está pronta para irmos? ?

- Vai dirigir a toda velocidade como a primeira e única vez que andei contigo?

- Não... - Admiti sorrindo - Hoje não pretendo judiar de você.

- Mesmo se eu não estivesse pronta eu sei que você iria.  

- Uau - Exclamei levantando uma sobrancelha - Não sabia que você tinha esse lado masoquista. 

- E eu não tinha esse lado. Até te conhecer. 

Após desviar seu olhar e manter um sorriso debochado nos lábios, senti um formigamento no coração que me fez negar com a cabeça e começar a guiar o carro.

De vez em quando a observava olhando a paisagem, nenhuma de nós duas dizia nada. As músicas do player somadas ao som da natureza preenchia aquele silêncio de forma maravilhosa permitindo-me continuar a observá-la, tentando descobrir o que estaria passando por sua cabeça agora. Será que ela está feliz? 

Subiu  um caminho de terra um pouco instável. De certa forma eu estava feliz, apesar de não saber muito sobre ela, eu gostava de quando ela estava consigo mesmo viajando em seus pensamentos.

Depois de cerca de uma hora chegamos, um lugar afastado mas sem dúvida o mais especial de todos os  cantos da região. Parei o carro o que parecia ser o suficiente para acordá-la da hipnose, voltando rapidamente para mim.

- Chegamos? - Perguntou confusa ao não ver nada ao seu redor. 

- Chegamos. - Confirmei sorrindo e descendo do carro.

Inesperadamente para ela e para mim eu fui ao seu lado e abri a porta para que ela pudesse descer. Ela sorriu para mim surpresa e desceu olhando ao redor.

- Onde nós estamos? 

- Em todos os lugares e em nenhum ao mesmo tempo. 

Seu olhar era estranho apesar de ter um sorriso em seus lábios. Naquele momento eu entendi que meu mistério não iria responder as perguntas, então eu peguei a mão dela e juntas nos aproximamos da borda do penhasco, onde uma leve brisa tocou nossos rostos.

- Estamos no topo da montanha. - Expliquei - Daqui se vê a aldeia, as pessoas, outras comunidades indígenas. Não é nada de especial ... Mas se você olhar para a frente sente que pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Você olha em volta e ninguém pode ver você... Você pode gritar o mais alto possível que ninguém vai te ouvir. Aqui você pode ser tudo ou deixar de ser algo.

- Isto é incrível. - Ela comentou animada - Eu nunca vi nada como isso...

- Olhe até onde sua vista pode alcançar... - Respondi sorrindo e me posicionando atrás dela, abraçando sua cintura. - Essa é a distância de seus sonhos.

Sua cabeça ligeiramente inclinou para trás apoiando-se no lado do meu rosto, as sua mãos agarraram meus braços e inevitavelmente inalei o cheiro do seu cabelo.

- O que quer dizer com isso? 

- Que os sonhos não tem limite Any. E não há nada que possa ficar entre você e seu coração.

- Se o que você diz é verdade nada me levará pra longe de você.

Meu coração parou por um momento ao ouvir aquelas palavras. Distraidamente entrei novamente no carro.

- Vamos? - Pedi sem processar ainda as informações. - Consegue imaginar que pode estar no lugar que quiser?

- Onde eu quero estar é onde você estiver... Então simplesmente, iria com você até ao fim do mundo.