Fanfic: Mundos Opostos - Portiñon. ♥ + ☮ | Tema: Anahi e Dulce Maria

(Duas semanas depois)

Duas semanas se passaram desde que ela se foi... E nada conseguiu reduzir a pressão que sentia em meu peito a partir do momento que o carro se afastou levando-a de mim, ela me olhando com aquele olhar de tristeza.

Eu sei que eu poderia ter feito algo, eu sei que uma parte de mim queria correr atrás dela e pedir-lhe para não ir, para não me deixar. Essa parte foi a mesma que em um impulso me fez correr ladeira a baixo até chegar a estrada. Mas eu estava com medo, eu não poderia simplesmente dizer: Por favor deixe sua vida e fica comigo? Que direito eu tinha de pedir isso a ela? A resposta era uma só... nenhum direito.

Depois de duas semanas essa parte de mim ainda gritava que eu era uma idiota, essa parte é o que me faz sentir angústia todos os dias ao acordar e uma  tristeza incontrolável com o  passar das horas. Agora eu estou aqui no lugar onde antes eu sentia paz, mas nem aqui eu consigo me acalmar. Aqui era o meu lugar na aldeia preferido, eu sentia uma paz sem medida, mas foi também aqui que me despedi dela, aqui eu vi seus olhos azuis brilhantes com lágrimas irem embora e agora tudo ao redor me faz lembrar dela.

- Pode meditar por horas ou dias se você quiser... - Informou Maite me assustando - Mas nada disso vai fazer você se sentir melhor.

- Pelo amor de Deus Maite, sua sinceridade é assustadora. 

- Contigo só funciona assim Dulce. - Continuou - Você é tão cabeça dura que tenho que falar assim pra você entender.

Desviei meus olhos dela e me permiti alguns segundos de silêncio, com um suspiro eu percebi que o minha amiga não veio em sinal de paz.

- O que está fazendo aqui? Você sabe que eu venho a este lugar para ficar sozinha.

- E está conseguindo? Você conseguiu deixar sua mente em paz pelo menos um minuto nessas duas semanas e ficar em paz? Ou a memória de Anahí está te perseguindo em todos os cantos?

- Maite, de verdade... eu não estou no clima para sermão.

- Dulce eu já sei, eu sei que você não está no clima para sermão ou qualquer coisa... Há duas semanas você tem vagado como uma alma perdida de um canto para outro. Você não tem apetite, não sorri, você passa horas longe... Dulce nem as crianças têm te feito feliz.  

- Isso não é verdade. Elas são a melhor coisa da minha vida.

- Eu não vou discordar. Mas você e eu sabemos que isso já não é mais o suficiente.

- Só se passaram duas semanas Maite! Duas malditas semanas! E eu ainda me lembro sim... Mas eu sei que não vai ser para sempre, nunca é para sempre. Em algum momento eu vou ser a mesma de antes, vou desfrutar da vida como sempre gostei. 

- Por que você está se enganando? Porra Dul! Por que está mentindo para si mesma? Pode ser que você se acostume com a situação e tenho certeza que vai  se acostumar. Mas sabemos bem que nada será como antes, você não pode ser a mesma. Você não pode desfrutar do nascer do sol da mesma forma, nenhum desses lugares te traz a mesma sensação, nem o seu trabalho... nem mesmo com as mulheres, nada vai ser como antes..

- E o que é que você quer que eu faça? Qual é a maldita solução?

- Reconheça o que você sente, reconheça que você sente falta dela, que você daria qualquer coisa para vê-la agora. Esqueça o seu orgulho...

- Você acha que é orgulho? Você acha que não pedi pra que ela ficasse por orgulho?

- Não... o seu orgulho é o que te impede de reconhecer que você está apaixonada por ela, mas é o medo que te paralisa, o medo do novo, o medo que faz com que você perceba que pela primeira vez em sua vida você seria capaz de desistir de tudo por uma mulher. - Sentenciou segura - Sim Dulce, está com medo porque percebeu que teria desistido de tudo por ela. E te assusta pensar que não está apaixonada porque nós duas sabemos que nada faria sentido. 

Fiz uma pausa de alguns segundos para analisar as palavras de Maite assistindo a queda de água através da cachoeira. Foi neste lugar que estávamos juntas há apenas duas semanas, observando e analisando a mesma cachoeira, descobri que nada ia mudar mesmo que por dentro de mim tudo estivesse diferente, a aldeia não iria desmoronar, as crianças não iriam desaparecer. O rio continuaria seu curso... absolutamente nada iria mudar. Depois veio o medo ... naquele dia passou pela minha cabeça deixar tudo para trás por ela e o susto foi grande, eu nunca havia pensando nisso antes.

- Maite, não daria certo. - Reconheci abaixando a cabeça - Nós temos vidas diferentes...  Ela é importante, é rica, empresária, famosa, acostumada a ficar nos mais luxuosos hotéis e comer nos melhores restaurantes. E eu sou apenas uma assistente social, que não tem onde cair morta e eu simplesmente adoro isso. Eu estou satisfeita de ver todos os dias o sorriso dessas crianças e saber que eu sou útil para uma pequena parte do mundo. Somos completamente diferentes. - Com tristeza no olhar.