Cinco dias depois...
Já se passaram cinco dias desde que voltei da cidade. A vida aqui continua exatamente como era antes de ir, a única diferença é que cada dia que se passa a minha tristeza é maior. Eu acreditava que com o passar do tempo esqueceria tudo o que aconteceu, que não precisaria mais dela, mas a verdade é que sinto falta dela a todo segundo e todos os lugares me trazem recordações dela.
A única coisa que eu tenho certeza neste momento é que Anahí deixou uma marca no meu coração impossível de apagar... Eu sempre acreditei no universo, em sinais e que tudo acontece por uma razão. Talvez a razão de ter a conhecido era provar que por mais que eu tentasse recusar, quando o amor chega você é pego de forma súbita, inesperada e você não consegue fugir. Eu não esperava encontrar a mulher da minha vida e nem que ela já tivesse o homem da sua vida.
- Terra chamando Dulce! - Escutei a voz de Maite enquanto ela passava a mão na frente do meu rosto tentando me despertar.
- Me desculpe, eu estava distraída.
- Não se preocupe, eu tinha percebido... Estou a quase meia hora tentando falar com você e você apenas concorda com a cabeça.
- Sobre o que estava falando? Eu não ouvi. - Perguntei já esperando um sermão.
- Nada muito importante, faturas, contas, como de costume...
- Está tarde vou rever tudo isso, não se preocupe, você sabe que algumas coisas eu consigo resolver.
- Eu sei, mas não se preocupe com isso, fique tranquila por agora.
- Ótimo.
Alguns segundos de silêncio foram criados, senti o olhar da minha amiga em mim.
- Na verdade... - Falou após o momento de silêncio - Sonia estava procurando por você, disse que não te vê há muito tempo.
- Não disse a ela que quando alguém desaparece é porque não quer ser encontrado?
- Qual é Dul? Não é assim... o mundo não te fez nada, ninguém te fez nada.
- Eu sei Maite... mas sinceramente eu não tenho vontade de ver ninguém ou nenhuma mulher, a única coisa que eu quero é ficar com as minhas crianças o tempo todo..
- Sabes que é normal que você se sinta assim, certo? Não há necessidade de ficar com raiva por se sentir triste.
- Não me sinto triste e eu não estou com raiva.
- Ah claro que se há algo que não muda é o seu orgulho e a sua teimosia.
Um olhar assassino foi a minha única resposta ao comentário que embora tenha me irritado eu sabia que era verdade.
- Desde que Anahi apareceu em sua vida, não tivemos uma conversa em que não fosse necessário de te dar uma palestra. Você reparou?
- Sim ... Eu acho que você gosta de me provar que sempre tem razão. - Sorri.
- Bom, é difícil entender quando estou há mais de quatro dias esperando que você me conte o que aconteceu na cidade. Não quero te forçar a nada, estou te dando espaço. Mas é hora de seguir em frente.
- Nada de relevante aconteceu. Eu fui a procura dela, eu disse a ela que a amava, seu noivo chegou, ela me deixou pra continuar com os preparativos para o seu casamento, eu falei com o pai dela, eu percebi que a felicidade dela é tudo o que me importa, tive a esperança que ela fosse atrás de mim, mas ela não o fez. Voltei tentando entender que eu não posso mudar a sua vida de um momento para o outro, ela tomou uma decisão e eu tenho que respeitá-la assim como ela me respeitou quando eu a pedi para ir embora. Fim.
- Está segura que é o fim? O que você vai fazer agora?
- Nada... vou seguir com a minha vida e eu acho que com o tempo tudo será como antes.
Maite voltou a ficar em silêncio olhando para mim por alguns longos segundos.
- O que está olhando? - Perguntei confusa.
- Me parece incrível como uma mulher conseguiu mudar sua vida em tão pouco tempo.
- É que essa mulher é incrível Mai.
- Não está brava com ela?
- Por que eu estaria? Anahí me fez feliz de uma forma que eu nunca pensei ser. Eu sinto muita falta dela e desejo a cada segundo que ela aparecesse de repente e me levasse embora para sempre... isso é tudo o que eu sinto. Mas eu não estou com raiva... é impossível Maite. Se eu desapareço de vez em quando é porque eu preciso ficar sozinha comigo mesma... provavelmente a Dulce que amava todas as mulheres, se foi para sempre.
- Algo no fundo dos seus olhos me garante que sim, que isso aconteceu... Até seu olhar está diferente.
- Creio que depois de tantos anos eu novamente acredito no amor e apesar do que aconteceu Anahí me fez recuperar a Dulce idealista que sonhava com um amor bonito.
- É muito bom que pense dessa maneira apesar das circunstâncias... - Sorriu e se mostrou um pouco orgulhosa.
- Bom, é melhor eu ir trabalhar. - Finalizei me levantando tentando finalizar a conversa.
- Dul se quer saber a minha opinião... tenho certeza que Anahí te ama.
- Eu sei Mai, sei também que o que nós vivemos vai ser difícil esquecer. Mas ainda não é a nossa hora, talvez um dia nós voltaremos a nos encontrar.
Minha amiga balançou a cabeça e eu só conseguia sorrir, sabendo que essas palavras eram o que me faziam ficar forte. E é que algo nessa história, algo em meu coração acreditava que um amor como o nosso não podia terminar assim. Talvez não seja o momento. Talvez algum dia o universo conspire e chegue o nosso momento.
Eu deixei a cabana que servia de escritório para ir até as crianças, com eles eu podia me expressar livremente. Conversava com eles e lhes perguntava sobre seus sonhos... era incrível, quando somos crianças temos uma visão diferente da realidade, do mundo. Acreditamos que tudo é capaz e que seremos capazes de tudo. Ser criança é tão único.
Então um tempo depois eu assisti de longe um carro vindo as pressas e estacionando na entrada da aldeia, o que me surpreendeu porque Maite não tinha me dito que era alguém viria hoje.
Minha amiga passou por mim com a mesma feição intrigada que eu e me chamou com o olhar. Então pedi que as crianças ficassem quietinhas por um momento e me aproximei de Maite, esperando assim como ela ver quem havia chegado.
♥ + ☮
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Últimos capítulos meninas.
flavianaperroni: Sinto em te decepcionar linda. Espero que goste.
portinonnessa14: Muito lenta mesmo kk. Entendo o que quer dizer. Vamos torcer.
delmyra: Flor eu fico realmente muito feliz em saber que toda a história te envolveu. rs. Obrigada mesmo. Espero que goste dos últimos capítulos.