Fanfic: papel & tinta | Tema: vondy/magia/romance

Ele saiu cabisbaixo de meu quarto, meu peito bateu forte... Uma dor como um arrancar... Não vou mais pensar nele, esse é o fim! Me sentei no parapeito da janela, estava frio novamente, o dia das bruxas se aproximava... as pessoas já começavam a enfeitar suas casas com abóboras e velas... O vento soprou bagunçando meus cabelos. Ouvi passos saindo pela porta da cozinha, e parado ao lado da árvore um vulto feminino se pos a sorrir.

“k...” – era Christopher o dono da voz, poderia reconhecê-lo a léguas – “que ventos te trazem aqui?” – sua voz era tristonha

“Notícias de Enrique... mas vejo que no momento Enrique não é um assunto apropriado!” – a moça falava mexendo nervosa com as mãos – “Estás muito triste Chris, não gosto de vê-lo assim... Quer conversar?”

“Estou bem!” – ela tocou seu rosto carinhosamente e ele logo sorriu – “Ok, eu assumo, estou desiludido por um amor... Podemos caminhar?”

“Claro... estarei sempre a seu lado, sabe disso Chris..” – ela pegou a mão dele quem timidamente aceitou...

A raiva se apoderou de mim, safado... A pouco me trata de uma maneira e logo em seguida sai com outra como se eu ao menos existisse... Hipócrita! Depois ainda diz que me ama! Não ia ver o desenrolar dessa ‘caminhada’... virei de costas decidida, iria descer, comer algo e descansar lendo um livro...

‘Não duvide, eu te amo!’

Balancei a cabeça evitando escutar sua voz... Eu estou ficando louca...

A noite havia sido terrível, os pesadelos não me deixaram um minuto sequer. Acordei inúmeras vezes. A vontade que tinha ao ver aquelas listras ecoando em minha mente, era de chamar Christopher, mas não eu seria forte e o deixaria ir assim como veio. Enrique havia voltado neste sonho, ele estava mais próximo a mim, ainda sentia calafrios ao lembrar as imagens. Eu precisava que Chris estivesse ao meu lado, mais me recordei de que na ultima vez em que o vi, ele estava muito bem acompanhado, não sabia se ao menos se havia voltado pra casa, pois na hora em que me deitei não havia vestígios de sua volta. Mas o que me deixava impaciente era a sensação de que faltava algo... meu coração estava apertado.

Levantei-me da cama e me olhei no espelho, as olheiras não negavam a péssima noite de sono. Fui ao banheiro e fiz minha higiene, logo desci. Todos tomavam o café da manhã, inclusive ele. Ao menos voltou para casa! Desviei rapidamente minha atenção de seu olhar e segui a outro que emanava intensidade... Alguém teria que me explicar o que se passava entre Anahí e Poncho, mesmo eu já sabendo, enfim. Suas miradas não negavam, havia algo muito mais verdadeiro e superior do que uma simples amizade ou uma simples paixão. Poncho se levantou e me abraçou...

“oi guardiã” – ele disse após me abraçar – “Pronta pra aula de hoje?” – seu olhar recaiu sobre Annie mais logo o desviou

“Poncho por Deus, acabei de acordar e tive uma péssima noite!” – impressão minha ou todos os olhares recaíram sobre Christopher? Ele ergue os ombros como se falasse ‘eu não fiz nada!’ – “Tive pesadelos horríveis!” – respondi a pergunta que todos se faziam

Tomei café e sem dar atenção aos protestos de Maite com relação as aulas, segui para a livraria... sentia falta do meu refúgio, eram tantas pessoas em minha casa que me sentia perdida. Logo virei a plaquinha, ‘OPEN’ tentaria agir normalmente, como se nada estivesse acontecendo! Fui ao outro lado do balcão enquanto esperava por clientes... Aproveitei o silêncio e a calma do local e me pus a pensar... Queria por a cabeça novamente no lugar, queria saber por que o tratei daquela maneira... Christopher apenas faz o que acredita que deva ser feito, esperou tanto tempo por mim, seu maior desgosto... deixei escapar um suspiro entristecido... mais por que? Masoquismo da parte dele, nunca soube se eu o amaria então porque me esperou? Mas e agora que sabe que não o amo, deixará de lutar por mim? As imagens dele com a senhorita K voltaram a minha mente, muito íntimos não?

“Que raios Chris..”  - estava prestes a gritar quando me deparo com..

“Eu Dul?” – Christian me olhava confuso – “Te juro que tentei...” – o cortei..

“Não Chris...” – lhe sorri, o mesmo ainda me olhava com uma expressão confusa – “ Era de outro Chris a quem me referia”  - não pude evitar uma gargalhada – “o que faz tão cedo aqui Christian?”

“Passo todos os dias aqui desde que você e sua família sumiram. Primeiro eu ligava mais nada ninguém nunca atendia, passei aqui algumas vezes mais nunca tinha ninguém e a livraria sempre fechada, decidi então tentar por mais uma vez encontrá-los e como hoje não houve aula... vim cedo” – ele me explicava com uma expressão acusadora

“Mas nem foi tanto tempo assim Christian” – sua expressão de acusadora passou para a de incredulidade

 “Como não foi tanto tempo assim Dulce? Creio que uma semana seja bastante     tempo, tempo demais eu diria... sem contar que você falou algo de mudar, enfim fiquei com medo de que tivesse ido embora e ao menos me deu um adeus!” – ele falava um pouco alterado.. mas com um tom carinhoso e preocupado...

“Uma semana?” – eu estava chocada, como se passou tudo isso, em ônix se passaram apenas dois dias, já tinha mais perguntas a fazer... – “Christian vamos entrar quero que conheça algumas pessoas...” – peguei em sua mão e o levei até a casa, sei que mamãe e papai me reprovariam por expor Christian ao mundo da magia... e sei que os outros me reprovariam por machucar Christopher...