Fanfic: papel & tinta | Tema: vondy/magia/romance

“Eu estava falando e você pareceu sair de orbita, o que houve?” – ela me perguntou curiosa

“Não passou nada Anahí, continue... Quem é Rodrigo?” - vi em seu rosto uma careta  se formar ao ouvir o nome.
  
“Rodrigo? Ai, ele...” – falava em tom de revolta – “Rodrigo é meu destino!” – Anahí disse em um suspiro triste e rancoroso...

“Como seu destino? Os oráculos também disseram isso a você?” - perguntei me descontrolando, mais uma vez os oráculos deviam ter dado seus pitacos em nossas vidas...
 
“Não, os oráculos nada disseram” – baixou a cabeça – “mamãe que impôs isso!” – falou tristemente

“Mais por que Annie? Sua mãe parece gostar tanto de poncho, por que ela não aceitaria um romance entre os dois?”  - perguntei intrigada, dona Marichello parecia ser uma boa pessoa... uma mãe exemplar, a qual ansiava apenas a felicidade de sua filha...

“A união dos reinos, mamãe acredita que assim Ônix ficará mais forte... sem contar que esse sempre foi o desejo de papai... Unir Ônix e Felixis” – ela não conseguiu evitar que uma pequena lágrima caísse e a limpou rapidamente – “por isso que digo que meu destino casar com Rodrigo, já aceitei isso... era o que papai queria e é o melhor pra minha cidade...” – ela riu falsamente – “sou conformada, mesmo que não seja o melhor para mim, o cumprirei, mas com o coração na mão... amo Alfonso, mas hoje tenho que pensar no meu povo...” – ela levantou a cabeça – “e é por eles que o faço, eu e seu primo nunca poderemos ficar juntos!” – e foi assim que ela me abandonou na cozinha... foram suas últimas palavras naquele momento.

Ao ouvir aquela declaração de Anahí e vê-la sair triste e revoltada com seu destino e futuro... também me retirei da cozinha. Ela iria deixa sua felicidade pelo povo de Ônix. Eu como guardiã deveria fazer o mesmo não? Eu teria que pensar naquele povo o qual sempre esperou o cumprimento meu destino de ficar com Christopher e salva-los de todo o mal do mundo?

Na sala estava tudo quieto e tranqüilo, todos já haviam ido para seus quartos, me sentei no sofá e fiquei olhando o nada, pensando nas pessoas de Ônix! Eu nunca havia imaginado que toda aquela cidade dependia em grande parte de mim... E que Anahí estava disposta a deixar sua felicidade pela felicidade deles. Mais e eu?  Dúvidas rondavam minha cabeça ultimamente... estava me sentindo muito presa a Christopher, a cada dia que passava os laços que nos uniam e iam aos poucos se fortalecendo! Sentir o que ele sentia ao ver minhas mãos juntas as de Christian, não me deixou duvidas de que ele me amava. Por outro lado estava Christian, a pouco menos de um mês eu tinha certeza de que o amava, mas e hoje? Percebi que os ciúmes que sentia ao ver Christian com Maite, não eram mais fortes do que o de uma irmã mais nova sentia ao ver seu irmão com a primeira namorada...

Então eu estava enganada durante todo este tempo... Eu havia me enganado? Eu nunca amei Christian? Tudo o que eu senti era apenas um carinho fraternal? Isso talvez  explicaria o porquê do nosso beijo ter sido tão estranho! Fiquei mais algum tempo tentando achar explicações, mas foi tudo em vão. A única coisa que ainda permanecia fixa em minha mente é de que não amava Christopher, ou ainda não o amava... sentia um imenso carinho por ele, mas não da maneira que ele merecia.!

Ele queria que o amasse, mas apesar de me sentir perdida perto dele... ainda considero aqueles loucos sentimentos como uma fugaz atração. Mas não é possível sentir tantos ciúmes quando o que se sente pela pessoa é apenas uma mera atração! E ao ver Christopher com a senhorita K, senti minha alma doer. Me levantei e resolvi que já era hora de ir dormir, estava tarde! Christopher ainda não havia aparecido, não havia dado sinal de vida, nem mesmo um sinal de fumaça... creio eu que só irei vê-lo amanhã pela manhã! Passei novamente meu olho pela casa, na tentativa inútil de que ele aparecesse... Desisti e segui para meu quarto, ia dormir e quem sabe assim em meus sonhos ele voltaria a aparecer...

Uma luz branca reluzente iluminou a madrugada, acordei assustada, cocei meus olhos e pisquei tentando aceitar a forte luz que invadia meus olhos. Seu corpo forte, mas ao mesmo tempo fraco apareceu cambaleante apoiado em uma pequena mulher, senhorita K. Assustada e sem recordar os confusos sentimentos que guardava em mim desci correndo as escadas a seu encontro. Na porta da cozinha Maite e Alfonso corriam a acudi-lo.

“Eu estou bem...” – Christopher falou ao sentir os olhos piedosos da irmã sobre ele – “só estou um pouco cansado, nada de demais!”

“Precisamos conversar Christopher!” – Maite pestanejou, eu os observava desde a cozinha... queria correr até ele e abraçá-lo, queria poder cuidar dele, poder tocá-lo, poder beijá-lo... Por Merlim Dulce, que é isso que estás pensando? Deixe de besteira!

“Mais tarde Maite, Christopher precisa descansar!” – escutei a voz melodiosa da mulher que o segurava, seus olhos negros sobrecaíram onde eu estava e pude sentir certo ardor em minha nuca, Christopher fechou os olhos e gemeu...

“Ok, mas...” – Alfonso a olhou censurando – “Fiquei preocupada com você, não faça mais isso... Por mim!” – ela o abraçou pela cintura e ele distribuiu um pouco mais de seu peso sobre a irmã...

Suspirei ao vê-lo passar por mim e nem me notar. Ele ainda estava com raiva de mim? Os segui até a sala, há essa hora, mamãe e papai já desciam as escadas assustados com a movimentação em plena madrugada.

“O que aconteceu Christopher?” – papai ajeitou os óculos no rosto e encarou a ‘senhorita’ que o ajudava

“Enrique!” – vi seu rosto exprimir dor – “podemos conversar depois, preciso descansar!” – pela primeira vez nossos olhos se encontraram... Esperava ao fundo entender sua mensagem, desvendar o mistério de seu olhar, mas nada consegui! Culpa de não amá-lo da maneira certa...

Com a ajuda de Maite e Alfonso, levaram Christopher ao quarto de empregada, onde ele e poncho dividiam a beliche... Senhorita K fazia-se presente e em destaque, e essa sua maneira de chamar atenção já me irritava. Revirei os olhos e segui até lá... iria ficar ao lado dele, nem que fosse para velar seus mais profundos sonhos.

Aquele cheiro... Aquele odor da livraria... Fechei os olhos recordando da face daquela senhora.

Seus olhos e seu odor eram iguais...

“Oh..” -  ela, senhorita K, me olhou censurando... novamente senti minha nuca latejar, fechei os olhos tentando afastar os seus dos meus...

Christopher gemeu, as dores que eu sentia ele também sentia... Éramos um! Será que ela como grande amiga dele não percebe que invadindo minha mente, ou tentando de alguma maneira me atingir, está cometendo o mesmo a ele?

continuaa...

los quiero...<3