Fanfic: papel & tinta | Tema: vondy/magia/romance

Meus olhos estavam empapados de lágrimas, os sequei com o dorso da mão e me levantei daquele cantinho onde estava. A curiosidade começava a me alfinetar, queria entender aquele grande mistério. Pensei em várias hipóteses, mas sempre algum ponto fazia minhas teorias perderem o sentido. Perguntar a papai e mamãe? De nada me adiantaria. Acho que o melhor é esquecer, fingir que nada aconteceu. Queria ler algo, já que o morro dos ventos uivantes eu já havia terminado. Desci silenciosamente até a livraria, já estava fechada devido o horário de funcionamento do inverno.

Olhei as várias prateleiras, o livro o qual havia achado distinto na hora em que o peguei entre os tantos outros, não estava mais no balcão como eu o havia deixado. Lembrava de seu título: ônix. Procurei entre os livros de nome que começavam pelo ‘o’, mas nada, nem um sinal dele ali. Quer saber, vou ver um pouco de TV, quem sabe não sejam os tantos romances que eu leio diariamente que começam a afetar minha cabeça?

A casa ainda continuava silenciosa, estranho, onde estariam papai e mamãe? Subi até meu quarto, encostei a porta e me joguei na cama ligando a TV. Aquele programa me dava sono, muita baixaria em um momento só. Deixei minha cabeça cair para baixo da cama, mas ao olhar para o canto próximo a TV, pude notar a grossa capa de couro reluzir. Corri até ele e o peguei. Como o livro havia parado ali?

Alisei a grossa capa de couro, dedilhei as pedras negras cravadas no mesmo. Aquela fechadura ao lado da capa, tinha uma forma distinta de todas as outras, não parecia ser fechada a chave. Forcei abri-lo com as mãos, mas não tive nenhum sucesso. Passei a vista pelo quarto inteiro e não encontrei nada para poder abri-lo. Uma faca!

Desci correndo as escadas, a casa ainda continuava silenciosa. Dei de ombros por aquele estranho silêncio, mamãe e papai sabiam o que faziam, eram adultos o suficiente, e se queriam dar um tempo de mim e não me falar nada a respeito daquela moça, era escolha deles! Peguei uma faca e voltei ao meu quarto, me sentei na cama junto do livro e posicionei a faca para abri-lo. Forcei novamente e nada. Iria cortar o couro da fechadura, minha última opção.

“acho que assim você não vai abrir!” – uma voz conhecida falou, assustada olhei para onde ela saia... a parte de cima do meu guarda-roupa – “isso aqui ta empoeirado, cof cof...”

“o que você faz aqui? Como entrou aqui?” – perguntei afobada

“estava por ai, percebi que precisava da minha ajuda então...” – Maite sorriu e pulou do guarda roupa – “não há muitas coisas que a magia me impeça de fazer!” – minha cama se moveu, ela se sentou ao meu lado e ficou me observando – “porque não usa a chave Dulce?” – eu continuava a forçar com a faca

“talvez porque eu não a tenho?” – debochei... ela era idi*ota ou o que?

“se você diz...” – Maite se levantou da cama e soltou um suspiro – “às vezes as respostas estão próximas aos nossos corações...” – escutei um estampido e ela desapareceu... me deixando só e confusa com o que ela havia dito

Toquei involuntariamente meu peito e senti, será? Sorri abobada, não poderia meu cordãozinho ser a chave do livro! Com certa rapidez, tirei de meu pescoço o cordão com o pingente de pedra de ônix e o olhei curiosa.

Formas exatas, encaixe perfeito... Girei com cuidado o cordão, estava com curiosidade de abrir, mas um súbito medo se apoderou de mim. Fechei os olhos e ouvi novamente sua voz...

“medo?” – ela arrumava o cabelo em frente a meu espelho – “preciso de um grande assim, lá em Ônix está uma escassez de espelhos!” – eu franzi meu cenho, Maite parecia uma louca com suas histórias de magia e essa tal Ônix – “não vai abri?”

“não!” – fechei o livro e o coloquei em meu criado mudo – “porque a curiosidade?”

“não fica se perguntando o que pode ser isso...” – ela falou caminhando até mim

“é apenas papel e tinta!” – falei me deitando e a ignorando

“será?”

 Um fogo no meu coração, no meu coração
Me faz perder a razão
Eu só penso em te beijar
Tão diferente e tão igual
Bruxa do bem, fada do mal