Fanfic: The Bad Girl | Tema: Vondy - Romance / Policial

Dulce abriu os olhos. Era mais um dia exaustivo, doído, massacrante de dores. Ela esfregou o braço enfaixado pela garrafa que a mãe jogara na noite passada nela. Alegando que tudo era culpa da mesma. Esfregou os olhos que começavam a arder pelas lágrimas que vinham, tinha que se conformar que a mão não a amava.

Ela escovou os dentes, e vestiu a farda cheia de buracos da escola, mas limpa. Penteou os cabelos ainda morenos, comeu uma maçã meio apodrecida que encontrou na geladeira e encontrou a mãe bêbada em cima do sofá. Os cabelos loiros da mesma antes bonitos, agora pareciam um ninho de ratos, a roupa curta e provocante denunciava o trabalho da mesma, e a garrafa de vodca descansava ao pé do sofá, completamente vazia.

Quando passou por ela, deixou um beijo na testa da mesma, seu coração palpitava com a esperança de tirar a mãe do mundo da prostituição, do álcool e das drogas. Talvez aí, ela a amasse. Por enquanto, esse sonho era distante, mas em andamento.

Dulce tinha apenas dez anos, mas sabia o que a mãe fazia para conseguir sustentar os vícios e de cinco em cinco meses pagar a conta do aluguel sempre atrasado do cubículo que moravam.

Quando chegou a escola publica de Nova Yorque, alguns pais que iam com seus filhos até a escola se distanciaram dela, puxando as crias pelo braço. Outras crianças sozinhas correram. Algumas professoras franziram o nariz e olharam feio para ela, quando entrou. Apenas o porteiro lhe deu um vago movimento de cabeça, embora para as outras crianças desse abraços e sorrisos.

Todos sabiam o que sua mãe era. Todos viam as cicatrizes e o braço enfaixado. Parecia que todos sabiam tudo.

Ela sentou na sala, alguns garotos a xingaram, mas ela enterrou a cabeça nos livros, lá atrás. Naquele dia, a professora pediu para que cada um dissesse no que seu pai trabalhava, alguns disseram carpinteiro, outros sapateiros, quando chegou na vez de Dulce, quando a mesma abriu a boca, gritaram que ela não podia dizer o que era, pois o pai dela era qualquer um. Ela chorou muito.

No recreio, jogaram restos de comida nela, ao ir para o banheiro para se limpar, algumas meninas passaram gloss barato no uniforme e no rosto da mesma.

De volta a sala, a professora a mandou para casa, alegando que daquele jeito ela não ficaria. Ela chorou muito, enquanto as crianças riam da mesma. Porém não houve jeito, a mesma foi mandada para casa, mas como não havia ninguém para busca-la, ela foi sozinha, chorando, esperanças se indo.