Fanfic: Watahsi wa Kyuuketsuki da | Tema: Ação, Terror, Suspense, Violencia
O som do punho se chocando contra a carne era abafado pelo forte som da chuva que caía. E num pequeno beco atrás de algumas lojas comerciais o garoto era fortemente espancado, três garotos o cercavam o impedindo de fugir, enquanto o quarto o pressionava contra a parede enquanto acertava socos em seu estomago.
- Ah, ah... – resmungou um deles enquanto abria a carteira que estava jogada no chão – Não tem muito aqui. – decepcionou-se.
- Pelo menos serve para irmos ao fliperama – comentou outro.
- É isso aí. Se você não quiser levar outra surra dessas é melhor ter mais dinheiro na carteira na próxima vez que nos encontrarmos. – avisou o agressor ao garoto que havia sido espancado.
A vítima nada disse e então o agressor apenas o jogou contra o chão molhado por causa da chuva e foi embora junto de seu grupo até desaparecerem completamente.
O garoto espancando demorou alguns minutos até se levantar, ou melhor, apenas não sentia mais vontade de se levantar. Seu corpo doía, sua face estava ensanguentada e não tinha forças para resistir. Apenas ficou deitado ali por um longo tempo que se seguiu apenas pelo som das gotas de chuva batendo contra seu corpo.
Depois de se levantar, pegou suas coisas que haviam sido espalhadas pelo chão e as colocou novamente em sua mochila. Ele não era ninguém em especial, era apenas um garoto em seus dezenove anos de idade, com um corpo franzino e cabelos negros chegavam a lhe cobrir os olhos.
Era o típico aluno esforçado nos estudos e que constantemente era alvo de bullying, assim como também era impopular entre as garotas e vítima de constantes falsos rumores e acusações; também não possuía amigos e por esse fato sempre se sentava nos fundos da sala isolado dos outros alunos.
Andou sem pressa, já que não havia ninguém lhe esperando em casa. Seguiu as ruas que já lhe eram conhecidas e continuou assim até chegar duas esquinas próximas de onde morava.
Foi quando ele viu...
Aquele corpo caído junto ao muro de uma residência da vizinhança...
Aquele corpo trajando roupas negras e esfarrapadas...
Aquela pele tão pálida que estava à mostra sobre a forte chuva.
O garoto olhou ao redor verificando se encontrava por algo que explicasse aquilo, mas nada achou. Foi ao se aproximar ainda mais do corpo que só então notou que era uma garota de longos cabelos negros tão escuros quanto breu.
Mas o que lhe chamou mais a atenção foi o fato de seu corpo também estar ensanguentado. Sem muito pensar sobre aquilo, o garoto apenas correu até a garota caída numa tentativa de ajuda-la.
- Ei. Você está bem? Ei. Acorde.
Chamou ao balançar de leve o braço da garota. Foi então que percebeu que sua pele estava gélida e fresca, como se houvesse acabado de sair do banho, ou talvez ele apenas tivesse aquela sensação devido à chuva.
- Ei. Vamos. Ei. Acorde.
Pediu enquanto vãmente balançava o braço da garota, mas não obteve resposta.
Sem hesitar, retirou seu casaco e colocou sobre a garota enquanto a carregava em seus braços. A única coisa que veio em sua cabeça naquela hora era leva-la até sua casa, já que estava mais próxima e lhe prestar os primeiros socorros, depois tentaria descobri algo diretamente da garota; seguindo esse pensamento ele seguiu até sua casa com a garota nos braços.
Embora não parecesse à primeira vista, o garoto era muito gentil e não hesitava em prestar ajuda a alguém que precisasse. As várias vezes que chegou atrasado à universidade foram devido a ajudar velhinhas a carregarem suas compras, ou pegar gatos presos nos galhos das arvores, coisas assim.
Talvez por esse motivo ele não hesitasse em ajudar uma pessoa completamente desconhecida caída no meio do caminho, e por esse motivo ele não hesitava em leva-la para sua casa para lhe prestar os primeiros socorros.
Mas mal sabia ele que ter feito esse ato de bondade mudaria completamente seu destino e deixaria seu mundo de cabeça para baixo.
Ao chegar a sua casa, um apartamento localizado no segundo andar de um edifício simples numa rua pouco movimentada, o garoto procurou as chaves no bolso de seus jeans até encontra-las. Entrou no local e colocou a garota sobre sua cama e buscou toalhas secas para secar-se.
Embora o garoto morasse sozinho, o lugar era perfeitamente organizado e muito bem limpo. O cômodo era divido em uma cozinha e um quarto, mas a forma como a mobília estava organizada fazia o lugar parecer mais espaçoso.
Ao lado de uma mesa de estudos de frente para a cama, havia uma estante completamente cheia de diversos livros que iam dos livros de estudos até os de ficção, e por morar no ultimo apartamento do corredor, em seu quarto havia duas janelas, uma sobre sua cama e outra que se encontrava de frente para a porta.
Depois de se secar, ele pegou algumas outras toalhas secas e começou a secar algumas partes do corpo da garota sobre sua cama, virou-se por um breve momento para pegar outra toalha seca ao lado da cama e percebeu que ela já não estava mais lá, havia desaparecido do nada e sem deixar rastro algum, e ao virar seu rosto notou que ela estava atrás de suas costas.
- Desculpe.
Murmurou antes de abraçá-lo fortemente e num rápido e certeiro movimento morder seu pescoço, podia-se ver uma pequena linha de sangue descer pelo pescoço do garoto que estava completamente paralisado.
- O que...
Foram suas ultimas palavras antes de sentir seus sentidos desaparecerem, sua visão foi ficando escura e sua consciência lentamente foi se apagando até o ponto em que desmaiou sem nem sequer ter chance de perceber o que havia acontecido ali.
...
A chuva havia se tornado uma forte tempestade e os raios e trovões rugiam no céu naquela madrugada. Dentro do quarto o corpo do garoto parecia estar pegando fogo; mal conseguia respirar direito e por isso passou a respirar pela boca.
Em algum momento ele havia ido parar na cama sem explicação alguma, seu corpo tremia por causa da enorme febre e o suor espalhado por todo o corpo começava a ensopar suas roupas.
- AH!
Gritou espantado logo ao acordar pela manhã, sua respiração estava ofegante e seu rosto suava frio. Passou a ponta dos dedos por seu pescoço, mas sentiu nada de errado.
Foi um sonho?
Pensou no ocorrido da noite passada, mas suas memórias estavam muito vagas naquela manhã. Foi até banheiro onde se olhou no espelho do armário, estava tudo como de costume. Abriu o armário e retirou uma bombinha de ar, mas parou a poucos centímetros de sua boca.
- Hm? Minha respiração... Está normal. A asma, ela sumiu...
Estranhou enquanto encarava sua imagem no espelho.
- Os machucados de ontem também não estão doendo mais.
Observou ao levantar a camisa e observar a parte do tórax no espelho, e foi quando teve uma supressa inesperada.
- Hm...? Isso são músculos...?
Perguntou-se quando notou que a parte da frente de seu corpo havia ficado mais tonificada, mas não era algo tão exagerado assim, era mais como “simples”.
Também tem aquela garota de ontem. Será que tudo não passou de um sonho ou alucinação minha?
Pensou enquanto pegava sua toalha e entrava no banheiro. Depois de um curto banho vestiu suas roupas e seguiu para o fogão onde iria preparar seu café da manha.
- Estranho, não sinto fome alguma. Será que comi alguma coisa antes de cair no sono ontem?
Decidiu não tomar café da manhã; pegou suas coisas, as organizou em sua mochila e depois saiu.
...
- Que estranho, a luz do sol parece mais forte e mais irritante hoje.
Comentou ao cerrar os olhos e colocar o braço sobre o rosto enquanto saía da estação de trem, e de lá seguiria para a universidade que ficava apenas a alguns minutos de distancia.
Ao caminhar distraidamente como sempre fazia, começou a escutar vozes em sua cabeça e virou-se achando que estavam se dirigindo a ele, mas não havia ninguém próximo o suficiente dele.
O garoto percebeu que de fato desde que acordou seu dia ficava cada vez mais estranho e esquisito.
Ao virar numa esquina ele observou uma garota que atravessa a rua distraidamente enquanto escutava musica em seus fones de ouvido, e por isso não percebeu a aproximação de um carro que estava prestes a atropela-la.
- Cuidado!
Avisou o garoto enquanto se movia em direção a ela e lhe abraçava o corpo enquanto se jogava para frente salvando-a por pouco de um grave acidente. O motorista do carro freou e desceu vindo em direção aos dois jovens estudantes que estavam caídos.
- Vocês estão bem? Se machucaram?
Perguntou, mas a garota estava pasma com o que havia ocorrido e seus olhos esbugalhados visavam à rua em que estava há poucos segundos atrás. Ela virou o rosto lentamente em direção ao garoto que estava sentado ao seu lado e que parecia em choque.
Como ele havia feito aquilo? Como conseguiu chegar até a garota, sendo que estava a uma distancia impossível de se chegar a tempo para salva-la.
Eram as perguntas que rondavam sua cabeça agora. Bastante nervoso e ainda em choque ele levantou-se rapidamente e seguiu para a universidade sem olhar para qualquer lugar, deixando a garota ainda catatônica e o motorista tentando ajuda-la.
...
Dentro do edifício da universidade onde o garoto estudava os diversos alunos iam e vinham nos corredores enquanto se dirigiam as suas salas. O garoto apenas passou por eles sem olhar para ninguém enquanto segurava fortemente a alça de sua mochila.
- Veja só, é aquele garoto esquisito.
Escutou um grupinho de garotas recostadas a parede comentarem.
- Ele é tão estranho, não é? Não tem nenhum amigo e ninguém fala com ele além dos professores.
- Ouvi dizer que ele está sempre lendo livros de ficção e terror.
- Que infantil, o mundo seria muito melhor se não houvesses pessoas como ele.
- Nossa, ele parece ser nojento.
Mesmo estando distante, o garoto pôde ouvir claramente a conversa que terminou por uma série de gargalhadas.
- Ei, ele está olhando pra cá.
Avisou uma delas pondo a mão na boca numa tentativa de disfarçar que estava avisando.
- O que foi? O que você está olhando?
Perguntou uma delas num tom arrogante olhando diretamente para o garoto e o encarando feio. Ele apenas virou o rosto e seguiu seu caminho.
Ao chegar à sala onde estudava, ele passou diretamente pelas cadeiras até chegar a ultima fileira onde costumava se sentar, e ao se aproximar, viu que havia pichações escritas em sua mesa.
“Bichinha”, ”anormal”, ”desapareça aberração”, ”ninguém aqui gosta de você”, “por que você não morre logo?”.
Eram as frases que estavam escritas grafites - alguma com pincel permanente. O que dificultava ainda mais a remoção. Durante a primeira aula toda ele tentou apagar algumas das pichações que foram feitas à grafite.
E era assim que ele passava suas primeiras aulas quase todos os dias desde que entrou na universidade, e ele pensava que continuaria sendo assim até o dia em que se formasse. Ele estava engando, pois sua vida havia mudado completamente desde o momento em que resolveu ajudar a garota caída sob a chuva.
...
- Certo. A partir de hoje teremos uma nova aluno estudando aqui conosco nesta classe. Espero que vocês todos possam se dar bem com ela. Avisou o professor de aparência juvenil depois de escrever uma pequena reflexão no quadro.
- Você já pode entrar.
Informou e logo depois a porta foi aberta e uma pessoa passou através dela.
- Ela estará fazendo intercambio aqui em Tóquio. Poderia se apresentar?
Pediu enquanto indicava para garota dar um paço a frente.
- Olá a todos, meu nome é Celestia B. Gray, venho da Inglaterra e espero me dar bem com todos você.
Apresentou-se fluentemente, era como se ela fosse nativa do idioma japonês. Todos a olharam com tremenda admiração, tanto pela apresentação impecável quanto por sua aparência singular.
Ela possuía longos cabelos negros tão escuros quanto breu, seus olhos verdes e frios eram tão penetrantes como cristais, e sua pele branquíssima lhe dava a impressão de que era uma princesa que havia saído de um castelo sombrio cercado por uma floresta onde os raios solares não alcançavam.
Não houve ninguém ali que resistisse a observa-la, exceto por um único garoto que estava com a cabeça entres os braços deitado sobre sua mesa no fim da sala.
- Muito bem então, vamos continuar com a aula. Ah, você pode se sentar na carteira vaga ao lado do Hiroshi-kun.
Informou o professor enquanto direcionava seu olhar para os fundos da sala onde o garoto de cabelos negros estava e que aparentava estar mau e por isso ficou daquele jeito até o intervalo para o almoço.
Depois que o sinal tocou avisando de que era o intervalo para o almoço, a maioria das pessoas na sala se reuniu em volta da garota de pele branquíssima – Celestia. Eles faziam diversas perguntas a garota, de que lugar da Inglaterra ela havia vindo, qual o motivo de ter vindo para o Japão, como era onde ela morava, e muitas outras perguntas que vinham como uma enxurradasobre ela.
- Bem, eu vim de Londres mesmo, e lá o clima é um pouco diferente daqui, é frio quase o ano todo e raramente há verões quentes. O motivo de ter vindo para este país foi devido a alguns assuntos de família, e não, não tenho namorado.
Todos estavam completamente fascinados pela forma tão educada que a garota respondeu, mas em nenhum momento ela alterou sua expressão enquanto respondia as perguntas.
O garoto da certeira ao lado – Hiroshi, parecia estar irritado com todo aquele falatório e resolveu sair da sala e ir comprar algo para beber, e nem sequer chegou a olhar para a tal aluna transferida de que todos falavam durante a aula toda, mas Celestia o observou o tempo todo, assim como também o viu quando se levantou e saiu da sala.
Hiroshi andou até a máquina de bebidas mais próximas e comprou uma lata de café gelado, e quando estava prestes a pega-la, ouviu alguém lhe chamar por trás, então se virou e se deparou com a garota de pele branquíssima.
- Hiroshi Hiro?
Perguntou enquanto o encarava com aqueles olhos verdes tão vibrantes.
- S-sim, sou eu.
Respondeu descrente e hesitante. Ao redor dos dois no corredor, os alunos cada vez mais começavam a se amontoar até que aquele local ficasse completamente cheio.
- Quem é ela?
- Nossa, não sabia que havia uma garota tão linda quanto ela por aqui.
- Ela parece uma princesa sombria.
- Eu quero essa gatinha pra mim.
Eram os diversos comentários que se podia ouvir das pessoas que estavam ao redor dos dois jovens.
Mas também se podiam ouvir outros tipos de comentário que eram dirigidos a Hiroshi.
- O que ela quer com um imbecil desses?
- Por que uma garota tão linda assim está falando com alguém tão repugnante como ele?
- Quem ele pensa que é para falar com uma garota assim?
E isso era mais claro ainda pelo fato de o garoto estar escutando tudo perfeitamente.
- O que você quer comigo?
Perguntou enquanto olhava para o chão.
- Você pode escuta-los claramente, não é?
Perguntou Celestia enquanto continuava a observa-lo.
- Você também parecia estar exausto a aula toda, será que é por causa do sol ou é por ser dia?
- Hm!?
Espantou-se o garoto e rapidamente levantou o rosto para observar a garota para em sua frente melhor. Pele muita pálida e cabelos escuros como breu. A face de Hiroshi logo ficou pálida e com uma expressão horrorizada.
- Me desculpe, eu não estou me sentindo bem... E-eu tenho que ir pra casa!
Saiu correndo entre as pessoas que abriram um caminho para que o garoto passasse, era como se todos estivessem com nojo de tocar nele. Entrou em sua sala de aula e pegou sua mochila, mas antes que pudesse sair teve sua passagem bloqueada.
Um grupo de cinco valentões bloqueou a saída pela porta e o cercaram. Um deles o empurrou para frente, e assim outros fizeram até que Hiroshi ficasse no canto da sala onde não pudesse nem ter chance de escapar.
- Por favor, eu não quero confusão, eu só quero ir pra casa.
Pediu o garoto enquanto apertava fortemente a alça de sua mochila.
- Mas olha só. Então você não quer confusão, não é?
Zombou o que parecia ser o líder do grupo, um garoto musculoso com brincos nas orelhas e com os cabelos rapados, era o mesmo garoto que lhe havia espancado no dia anterior.
- É uma pena, mas você não tem quere aqui. Então você estava dando em cima da novata, não era? Quem foi que disse que foi tinha permissão para fazer isso, seu lixo.
O agressor fechou o punho enquanto acertava fortemente o rosto de Hiroshi, o garoto apenas fechou os olhos já esperando pelo golpe, mas não sentiu nada. O agressor teria apenas feito menção? Era o que ele pensava agora.
Ao abrir lentamente os olhos, notou que o punho do agressor estava amassando seu rosto, mas ele nem sequer sentia nada.
- Desgraçado!
Urrou o agressor ao retirar o punho e massageá-lo.
- A cara desse maldito parece de ferro.
Os outros começaram a rir do agressor enquanto chamavam de “mole” e “fracote”.
- Qual é, Hideki? Vai dizer que machucou a mãozinha por bater num lixo como esse aí.
Zombou um dos garotos, esse tinha os cabelos tingidos de vermelho.
- Vou te mostrar como é que se faz.
O de cabelos vermelhos se movimentou na direção de Hiroshi, mas como uma forte intuição, Hiroshi previu que o garoto tentaria lhe acertar no estomago e por isso se jogou para os lados na direção em que Hideki deixou um espaço por estar distraído enquanto massageia a mão.
Novamente como uma intuição, ele sentiu que algo iria tentar lhe agarrar pelas costas, e então se abaixou e notou que um dos garotos do grupo havia se espatifado na parede. Novamente as coisas estavam estranhas para ele.
- Seu maldito!
Gritou o de cabelos vermelhos enquanto se movia na direção de Hiroshi com os punhos levantados e mirando em seu rosto.
Por quê? Por que eu consigo ver cada passo seu lentamente?
Perguntou-se enquanto via o de cabelos vermelhos se mover tão lento com o uma lesma, ele podia ver exatamente onde ele iria tentar atacar e facialmente conseguiu se esquivar.
Do lado de fora da sala os alunos se reuniam aos montes para ver a briga, alguns chegavam até mesmo a incentivar a luta.
Por que eu sinto meu corpo tão leve assim? É quase como se eu estivesse acostumado com isso.
Pensou enquanto se desviava facialmente dos ataques dos quatro garotos que tentavam lhe acertar um golpe, mas fracassavam em todas as tentativas.
Será que dessa vez eu consigo revidar? Eu tenho que tentar, senão não vão me deixar sair. Muito bem então.
Fechou os punhos e se preparou para tentar acertar o um soco no garoto que estava bloqueando sua passagem para a porta.
- Olha só, ele resolveu revidar agora.
Zombou o garoto de cabelos tingidos de loiro enquanto ria secamente e se preparava acertar um golpe em Hiroshi. Mas tudo aconteceu numa fração de segundos; Hiroshi já estava na frente do garoto que só teve tempo para mover o rosto para o lado e por pouco não ser acertado em cheio.
Uma gota de suor frio desceu pelo rosto do falso-loiro enquanto estava encostada no pequeno armário de vassouras próximo à porta. O punho de Hiroshi havia afundado no armário de metal e causado um profundo achatado.
Todos que estavam ali ficaram pasmos e sem reação alguma quando testemunharam aquilo, ninguém ousou se mover um centímetro sequer, e até mesmo Hiroshi havia ficado perplexo com o próprio feito.
Depois de um tempo de silencio, o garoto finalmente notou que as pessoas o encaravam atônitas, segurou fortemente a alça de sua mochila e se dirigiu até a porta onde todos estavam.
Como numa coreografia, um caminho se abriu quase que imediatamente e espaçoso o suficiente para o garoto passar sem tocar em ninguém, ele saiu dali a passos rápidos, quase que correndo.
O primeiro lugar em que foi, foi o banheiro da universidade onde ele ligou a torneira e encheu as mãos com uma porção de água e logo depois jogou em seu rosto. Seu corpo todo estava quente e agitado, e ele não sabia o que significava aquilo.
Olhou para as próprias mãos enquanto tentava imaginar como tudo aquilo havia acontecido. De onde ele havia tirado aqueles reflexos e aquela força? E foi no momento em que se olhou no espelho que sentiu seu coração parar.
- AAAAHHHH!!!!
Gritou tão alto e assustado que quase todos próximos dali puderam escutar.
- Que droga é essa? O que está havendo comigo?
Perguntou-se num tom trêmulo e horrorizado enquanto viu sua face no espelho.
Seus olhos que sempre foram negros, agora estavam completamente diferentes. Suas íris haviam ganhado um tom escarlate enquanto alguns vasos sanguíneos se dilatavam.
Hiroshi estava horrorizado com a própria imagem, ele tocava com a ponta dos dedos em seu próprio rosto para ter certeza de aquilo não era uma ilusão.
- Mas o que é que está acontecendo comigo?
Perguntou trêmulo enquanto lágrimas escorriam de seus olhos.
- Ei. O que houve? Quem estava gritando aqui?
Perguntou um homem que havia entrado correndo no banheiro, parecia ser algum professor dali. Hiroshi baixou o rosto de forma que ninguémenxergasse seus olhos e saiu correndo dali. Passou correndo pelo corredor onde esbarrou em varias pessoas, mas não parou em nenhuma das vezes.
O garoto saiu correndo desesperadamente pelas ruas de Tóquio até que sua figura desaparecesse por completo em meio a cidade.
...
Já era tarde da noite quando Hiroshi chegou a sua casa, passa das 00:00. O dia todo ele passou chorando desesperadamente em algum lugar enquanto tentava entender o que estava acontecendo em sua vida, depois que se acalmou ele acabou vagando sem destino por aí enquanto tentava encontrar uma resposta, mas não deu certo.
Tudo o que ele queria agora era deitar em sua cama e dormir, ainda tinha esperanças de que tudo aquilo não passava de um grande pesadelo. Ao se aproximar da porta notou que havia algo em frente a ela, uma caixa embrulhada onde estava presa uma etiqueta com o endereço e numero do quarto em que o garoto estava.
Após entrar e trancar a porta, o garoto deixou a encomenda sobre a mesa e foi até o banheiro onde pretendia lavar o rosto. Seus olhos haviam voltado ao normal, mas estavam inchados devido aos choros de desespero do garoto. Após lavar o rosto ele voltou para a cozinha onde puxou uma cadeira da mesa e se sentou.
Pegou o papel que havia preso embaixo da encomenda e o avaliou, era uma pequena carta de sua mãe que morava e trabalhava em Naha, Okinawa.
“Olá, Hiro-chan, como tem passado? Você anda se alimentando bem e dormindo direito?”
“Já conseguiu encontrar uma namorada? Se sim, eu espero poder conhecê-la logo. E quanto aos amigos, já fez amizade com alguém? Quantos são? Eles são legais com você?”
“Ah, e como está indo nos estudos? Está aprendendo tudo direitinho?”
“Bem, chega de tantas perguntas assim (risos). As coisas aqui ultimamente estão uma loucura, os clientes não param de chegar e todos os dias temos de triplicar o numero de bolos e doces no restaurante do hotel. Ah, é mesmo. Kira-san conseguiu construir um castelo só de chocolate, mas os clientes adoraram e acabaram o comprando, isso deixou Kira-san de coração partido, mas ele disse que tinha orgulho por ter criado uma obra assim (risos).”
“Eu dentro dessa caixa há alguns biscoitos que você gosta, Kira-san me ajudou no preparo e disse que gostaria de saber noticias suas também, ele está com saudades de você, já que ultimamente ele não tem com quem se divertir. E eu também espero receber noticias suas, assim que puder, me responda. E se tiver uma namorada, mande fotos de vocês dois. Ah, dos seus amigos também.”
Com carinho, Hiroshi Nana.
- Parece que ela ainda não se dá bem com celulares.
O garoto sorriu ao terminar de ler a carta, e logo depois abriu o paco e retirou uma caixa enfeitada com alguns laços para presente, os retirou e abriu a caixa que continha vários biscoitos em diversos formatos.
- Pelo menos uma coisa boa nesse dia horrível que passei.
Comentou enquanto pegava um biscoito e o colocava na boca, mas logo foi abrigado a cuspi-lo.
Mas que droga é essa? Parece areia.
Pensou enquanto pegava outro biscoito e o colocava na boca, mas novamente o cuspiu. Pegou mais dois biscoitos e os comeu, mas foi obrigado a cuspi-los.
Talvez tenham estragados por causa da viagem.
Pensou enquanto pegava todo o conteúdo e o jogava no lixo. Sentiu seu estomago roncar e lembrou-se que não comeu nada o dia inteiro. Foi ate a geladeira de onde pegou presunto e queixo e depois pão de forma. Só comeria um rápido sanduiche e depois iria direto para cama.
Após aprontar seu sanduiche, Hiroshi o comeu quase que de imediato, mas novamente sentiu um gosto de areia misturado com esponjas secas, então acabou vomitando tudo. Foi então que percebeu que não era os biscoitos a comida que estava estragada, mas sim seu paladar é que rejeitava tudo o que ele comia.
Ainda não acreditando naquilo, o garoto pegou tudo o que havia em sua geladeira e começou a comer, mas nada passava e ele era forçado a vomitar tudo novamente, não desistiu e comeu tudo o que havia ali, mas era forçado a vomitar não importa quantas vezes tentasse. Pois ele não sentia fome, ele sentia sede.
Já não havia mais nada para que ele comesse, e ainda assim não havia desistido. Desesperado e aterrorizado, Hiroshi saiu de casa e correu até a máquina de bebidas mais próximas. O garoto gastou quase todo o dinheiro que tinha enquanto comprava as bebidas, mas não importava qual ele tomasse, seu corpo o fazia vomitar novamente.
O chão em volta da máquina estava cheio de latas de quase todas as bebidas que havia ali, o garoto já no fim de sua esperança estava sentado junto à maquina enquanto limpava sua boca na manga de sua camisa, seu rosto estava imundo e suas roupas completamente sujas pelo próprio vomito.
Numa ultima tentativas, Hiroshi colocou sua ultima nota de dinheiro na maquina e selecionou qualquer coisa sem sequer olhar para o painel de escolhas, depois que o barulho da máquina ter parado, o garoto pegou a bebida e a pôs na boca já sabendo do resultado... Mas se enganou, pela primeira vez seu corpo não rejeitou a bebida e o garoto a tomou com tão grande gosto que parecia não beber nada há semanas.
Depois de tomar a bebida ele olhou o rotulo para saber o que era, e se deparou com suco de tomate. A única coisa que ele podia tomar naquele momento sem que seu corpo o obrigasse a vomitar era suco de tomate. Era uma pena que o garoto não tivesse mais nenhum tostão para comprar outra bebida, riu da própria desgraça.
“Ó Pai nosso que estais a me proteger, guardai-me de todo o perigo diante de tal criatura maligna que peregrina pela sombria madrugada atrás de sangue. Dai-me-ai forças para que teu servo possa excomungar criatura tão repugnante; a ti peço humildemente, ó meu Pai e nosso Salvador.”
Pronunciou um homem que se aproxima de onde Hiroshi estava.
- Quem é esse? Parece ser um padre.
Observou o garoto enquanto tentava ver melhor a figura do homem, foi então que percebeu que sua visão era muito melhor do que dia e podia ver perfeitamente tudo que estava oculto por causa da escuridão ali. Mas um lampejo seguido pelo som de algo cortando o vento soou e logo depois Hiroshi sentiu seu rosto arder.
- Mas o que...
Uma pequena linha se formou no lado em que o garoto sentia o ardume e logo depois o sangue começou a escorrer. Sem entender direito o que fazer, o garoto se levantou assustado enquanto se apoiava na máquina atrás de seu corpo.
- Quem é você? O que quer de mim?
Perguntou, mas o homem vestido como padre nada respondeu. Mais três lampejos seguidos por alguma coisa cortando o ar soou e o garoto só conseguiu perceber o que era quando lhe havia acertado o ombro direito, a perna direita e o tórax.
- Oh, parece que errei novamente. Perdoa-me por não ter acabado com tudo isso de rápida maneira, pois sob a escuridão minha visão fica ofuscada e não consigo ver corretamente onde estou mirando.
Hiroshi percebeu que o que havia lhe acertado o corpo eram adagas prateadas que faziam os locais acertados queimarem.
O que é que está acontecendo aqui? Quem é essa pessoa? Por que ele está fazendo isso? Ele quer... Me matar... Mas por quê? O que foi que eu fiz?
O garoto suava friamente enquanto tentava correr dali, mas suas pernas não se mexiam, elas estavam completamente paralisadas de medo, todo seu corpo doía por causa das adagas. Seu corpo tremia o tempo todo sem parar, ele se sentia como um coelho diante de um leão prestes a devora-lo, o medo tomava cada vez mais conta de seu corpo.
- Ora, por que estais a tremer? Estais como medo da morte? Será que nunca passou por tua cabeça que as pessoas das quais tu sugastes o sangue também estavam como medo da morte.
De que merda ele está falando?
- Q-quem é você? Por que está tentando me matar? O que... O que eu fiz para merecer isso?
Perguntou desesperadamente enquanto um turbilhão estava acontecendo em sua mente naquele momento.
- A resposta para tua pergunta nada mais é do que simples. Apenas por tua existência.
Respondeu calmamente enquanto se aproximava. O homem usava um chapéu negro e óculos fundo-de-garrava, seu bigode ocultava a parte superior da boca e o que mais surpreendeu e assustou Hiroshi, foi o fato de o homem já ser idoso.
Minha existência? Ele quer minha matar só pelo fato de eu existir. Mas que merda de mundo é esse em que vivo? Por que tudo a minha volta é sem sentido algum? As pessoas me desprezam e me evitam, sou sempre vitima de bullying por ter um corpo fraco, as garotas mantem distancia porque pareço esquisito. Eu só queria ao menos uma vez poder ter um amigo para conversar ou para me divertir junto desse amigo. Será que irei morrer sem nem mesmo ter encontrado uma namorada antes, ou um amigo? Que seja, tudo tem sido uma merda desde o começo mesmo, talvez todas tenham razão e eu deva mesmo desaparecer desse mundo.
- Ora, desististe de resistir a tua punição? Melhor assim, talvez até mesmo nosso Senhor tenha piedade e misericórdia de tua pobre alma penada, se é que possuas uma.
Dizia o homem ao notar que o garota nem mais tentava se manter de pé.
- Muito bem. Acho que rezarei em respeito a tua decisão de não resistir ao julgamento divino de Deus.
O homem retirou um crucifixo que estava preso por um cordão em seu pescoço e começou a rezar numa língua desconhecida para o garoto, parecia ser Latim.
- Agora, é hora da punição, garoto. Desapareça e deixe este mundo em...
Foi interrompido antes que pudesse terminar falar, tocou o pescoço e depois olhos para seus braços onde havia linhas enroladas.
Um vulto vindo do céu seguido pelo som de carne sendo cortado soou pelo lugar, segundos depois, no pescoço do padre uma linha vermelha horizontal se formou e a parte de cima foi jogada para longe jorrando uma enorme quantidade sangue; seus braços foram decepados e também jorravam sangue para todos os lados.
- Cale a boca, seu maldito padre. Você já me encheu o saco com esse seu discurso.
Resmungou uma voz feminina enquanto guardava o que parecia ser alguns tubos de linha em seu moletom.
Quem é essa? Ela tão bonita... Será um anjo ou um anjo da morte que veio para me levar.
Pensava o garoto com a consciência já fraca por ter perdido muito sangue.
- Ei. Você está bem?
Perguntou enquanto se aproximava Hiroshi e lhe retirava as adagas de prata que estavam fincadas no corpo, mas antes colocou nas mãos luvas de couro. Depois de retirar as adagas, o corpo do garoto desabou inconsciente e a garota desconhecida o segurou antes que caísse.
- Ei... Por que diabos você tem o cheiro de um humano e de nós ao mesmo tempo?
Perguntou ela com os olhos atônitos.
Autor(a): light
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