Fanfic: Um caminho para Avalon | Tema: Fantasia

AINDA POSSO RIR DA IDEIA… AH, ISTO EU POSSO! Mas lembro que não há por que rir.

Mas que é hilário é: as pessoas (não todas, mas alguns) acreditando mesmo que, no leito de morte, a vida passa diante dos nossos olhos num flash e você se arrepende de não ter amado o mundo inteiro e tal, de tudo aquilo que não fez, dos nossos pecados… Se isso tudo é verdade, então finalmente eu posso me convencer da minha condição anormal. (Tivesse admitido isto antes, e talvez eu ainda pudesse ficar vivo… Antes. Agora não).

Para falar a verdade, a única coisa que consegue ocupar os meus pensamentos no momento é como aquele troço flamejante vai doer quando atravessar as minhas tripas – e isso não é um pensamento saudável numa horas dessas. Aliás, é especialmente agonizante ficar encarando impotente no chão enquanto o seu carrasco avança lentamente sobre você, um sorriso afetado no rosto, e louco para te matar. E o que fazer? Quando o inimigo é incrivelmente mais forte do que você, a pessoa se dá conta que aquele troço todo de heroísmo, de morrer lutando com bravura desce bexiga abaixo, e é só. Mas é bem verdade que cada segundo vira uma tormenta sem fim…

… Apenas o suficiente para pensar em tudo o que vai ficando para trás… nas possibilidades infinitas (e impossíveis)… em Jane… Ah, Jane! Eu lamento tanto…

Por que você não acaba logo com isto, seu maldito?! Tento deixar aquele pensamento transparecer para quando eu olhar nos olhos do meu assassino uma última vez. Vai em frente!

Não é preciso implorar. Ele deve estar sentindo o medo que exala de mim — ou o fedor das calças jeans ensopadas, não importa. A única coisa que eu realmente consigo enxergar na hora fatal é o brilho rubro da espada refletido nos olhos do monstro, enquanto ele sorri o sorriso mais feio do mundo. Seja rápido, imploro em pensamento quando ele ergue a lâmina bem no alto. Ele compreende. A espada parece ter vida própria quando desce implacável, num sussurro mortal. Meu corpo treme com o impacto do golpe. Sangue quente escorre. O pior vem depois — é a dor…

… Aaaaaarghhhhhh!!!

Tento gritar, mas a voz se perde no meio do percurso, assim como todo o resto.