Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce

Anahí

Andava pelo corredor, a caminho ao psicólogo, minhas mãos tremiam, estava sentindo-me tonta, mas logo o remédio faria efeito e isso passaria.

Dei leves batidas na porta, e fiquei esperando. Richard abriu-a, e ao me ver sorriu.

- Anahí! Que ótimo que viestes. A Sra. Gwers disse que passaria aqui, fico feliz.

Retribuí o sorriso, ele deu espaço para que eu passasse, entrei em sua sala vazia.

- Sente-se. –eu o fiz- É a primeira vez que vem sem que eu tenha que pedir, -ele sentou-se na cadeira em minha frente- isso significa alguma coisa?

- Sim, -respondi- quero parar de usar cocaína.

Ele sorriu como nunca o vi em alguma consulta. Aliás, minhas consultas com ele sempre se resumiram em eu discutindo com dele, dizendo que seus princípios eram ridículos, e que não me ajudava em nada.

- E o que lhe fez tomar esta iniciativa? –perguntou entusiasmado.

Meu sorriso se desfez, desviei meu olhar para o chão.

- Foi uma pessoa. –ele assentiu, pedindo que eu continuasse- Ela queria que eu mudasse, ela acreditava em mim.

- Acreditava? Você quer falar sobre isso? –ele sempre fazia essa pergunta.

Eu respirei fundo, tomando coragem.

- Ela acreditava. Até que um dia eu não resisti, e usei uma dose. –senti minha voz ficando embargada- Ela me viu drogada, lembro que ficou decepcionada, irritada, -parei um momento- ela queria me tirar daquele quarto onde Lisa, Jennifer e Barbara estavam, e... então eu dei-lhe um tapa no rosto. Isso faz uma semana, e ainda não tive coragem de pedir-lhe desculpas... sinto tanto a sua falta.

- Você está certa em esperar, dê um tempo a ela.

- Eu sei, mas é difícil, parece que...

- Que...?

Olhei-o nos olhos, mas temi dizer o que pensava.

- Esquece.

Richard suspirou, acredito que decepcionado, mas ele mesmo dizia que deveria dizer as coisas a ele quando me sentisse segura para isso. Ficamos conversando por mais uma hora, então encerramos a conversa, e pela primeira vez eu tinha gostado.

Sai um pouco mais feliz dali, a aquela altura já sentia um pouco o efeito do remédio, por mais que ele não sanasse a vontade de usar a substância, ele fazia com que meu corpo não precisasse tanto dela, apenas minha mente.

Fui para a cantina, onde o jantar estava sendo servido, peguei uma bandeja, coloquei no meu prato um sanduíche e um suco. Olhei para as mesas, muitas meninas conversavam entretidas, despreocupadas, riam, outras apenas comiam calmamente. Procurei por Dulce entre aquelas mesas, mas não parecia estar ali. Fui para uma mesa onde não havia ninguém, sentei-me, comendo em silêncio.

Assim que terminei, sai do refeitório olhando pelas mesas, tentando encontrar Dulce, porém não vi nada. Então, antes de ir para o meu quarto, fui até a sala do piano. Do corredor não ouvia nenhum barulho, mas tinha esperança de encontrá-la ali.

Abri a porta sutilmente, foi então que meu coração disparou. Dulce estava ali, virada para o piano, apoiando seu cotovelo neste e uma de suas mãos no rosto, a ouvi chorando, era tão baixo e ao mesmo tempo tão desesperado, senti meu coração se partindo, meus olhos ficando marejados, não podia suportar aquilo, sai rapidamente da sala, acho que ela ouviu-me fechando a porta, espero que não tenha visto quem era.

Voltei para o meu quarto atordoada, Lisa estava lá. Não troquei nenhuma palavra com ela, fui para o banho. A água quente caia sobre minha cabeça, e única coisa que sentia era a dor que escutar o choro de Dulce havia me causado, sua dor era minha dor.