Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce

Passou-se um dia, eu ainda não havia pedido para trocar de quarto, mas dormi abraçada a Anahí naquela noite. Antes de dormir ela tomou um remédio, explicando-me que havia ido à médica e ela havia receitado, e que no dia seguinte voltaria lá para ver seus exames, percebi que ficou temerosa ao lembrar disso, então assegurei-a dizendo que iria junto.

Acordei com o despertador às 8h, Anahí permaneceu imóvel na cama, Lisa não estava no quarto. Fiquei olhando-a dormindo, era tão linda. Seus traços sempre foram tão enigmáticos, mas quando dormia, era apenas uma menina perdida em seus sonhos.

Levantei-me da cama dirigindo-me ao banheiro, ao voltar para o quarto Any continuava dormindo. Agachei-me aproximando meu rosto do seu, acariciei seus cabelos.

- Amor... –sussurrei, ela começou a se mover- Any...

Ela entreabriu os olhos, sorrindo. Eu sorri de volta.

- Tá na hora de levantar, dorminhoca.

Ela começou a coçar os olhos, e lentamente sentou-se na cama, espreguiçando-se.

- Bom dia. –ela disse com a voz rouca, olhando-me nos olhos.

- Bom dia. –respondi, aproximando-me e encostando nossos lábios sutilmente.

Ela sorriu, levantou-se e foi ao banheiro, em seguida saiu dali, arrumando-se, fiquei observando-a por um momento, meio boba, perdida. Não queria pensar o quão estranho podia parecer eu estar sentindo o que sentia por alguém do mesmo sexo que o meu. Isso realmente não era comum, inédito para ser sincera.

Mas eu não me importava com aquilo, também não me importava com o fato dela ter usado cocaína, a única coisa que me importava era estar perto dela. Não queria dilemas, não queria criar obstáculos, apenas queria ela ao meu lado, era o suficiente, sem explicações ou complicações.

Novamente o dia era frio, abrigamo-nos bem, ela me emprestou um de seus uniformes já que eu não havia voltado mais para o meu quarto. Nos dias não tão frios usávamos saias bordô com meias escuras por baixo, nos pés sapatos pretos e uma camiseta branca de manga comprida.

Nos dias mais frios, o que era o caso, nos deixavam usar a calça, a mesma que usávamos para a educação física, era muito mais confortável e quente, nos pés tênis e podíamos usar nossos casacos mais quentes.

Anahí emprestou-me seu casaco, era comprido e aconchegante e ainda havia o seu cheiro, enquanto pegou para si um de Lisa, que tinha no armário.

- Ela não vai se importar? –perguntei.

- Não, -ela respondeu enquanto o vestia- sempre trocamos nossas roupas quando saímos.

Saídas não eram muito comuns, às vezes o colégio as fazia uma vez em cada mês, já que as meninas ali normalmente estavam longe de suas famílias, se estavam perto da mesma maneira não viam seus parentes.

Talvez este colégio fosse mais considerado um depósito onde os pais cansados e arrependidos de suas filhas as colocavam para que pudessem viver tranquilamente, conformando sua mente e esvaziando sua culpa ao se dizer que fazia aquilo pelo bem de suas filhas que teriam um ensino privilegiado. Eu nunca vi esse bem que eles imaginam fazer.

Tenho uma teoria: pode haver desprezo, ódio, mas isso indicaria que de alguma forma –nem sempre boa- alguém se importa com você a ponto de haver um sentimento por você e cultivar esse sentimento. Mas não há nada pior que omissão e a indiferença, onde não há nada, nenhum sentimento, e eram as meninas que vieram de famílias indiferentes e omissas que estavam ali, cruzando os mesmos corredores que eu, comendo a mesma comida que eu. Talvez eu também seja uma delas. Talvez não. Talvez minha teoria esteja errada. Talvez.

Anahí e eu fomos ao refeitório onde tomamos nosso café da manhã, ela perguntou por Lisa, procurou-a no refeitório o que me deixou com uma ponta de ciúmes.

- Por que está preocupada com Lisa? –perguntei

Sua expressão ficou triste.

- Por um momento achei que ela também quisesse mudar. –ela respirou fundo, percebi sua angústia- Por um breve momento.

Senti-me culpada por ficar enciumada, tudo o que ela queria era que Lisa, assim como ela, largasse o vício.

Anahí voltou para o seu quarto, enquanto eu fui para o meu e escovar os dentes. Ao entrar Amy ficou me olhando, pouco conversamos desde que viramos colegas de quarto.

- Dulce, a supervisora Lean viu que você não dormiu aqui hoje. –Amy me disse- Você sabe o que eles pensam das meninas que não passam a noite em seus quartos.

Meninas que não passam a noite em seus quartos normalmente são aquelas que se drogam, não me importava que pensassem isso de mim.

- Quando ela viu? –perguntei.

- Hoje pela manhã.

O colégio não tinha uma regra sobre o câmbio de quartos, mas mesmo assim ao perceber que passávamos a noite em algum que não fosse o nosso, ia para uma pauta, eles apenas não permitiam que passássemos mais de uma noite fora do nosso quarto, então nos alertavam quando percebiam.

- Obrigada por me avisar. –falei.

Amy apenas assentiu. Ela me parecia uma menina cuja família descrevi antes, sem qualquer tipo de atenção, me parecia.