Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce

Quando saí da sala da diretora já havia terminado a aula, meu pai sequer me olhou direito, mas percebi que ele ficou diferente ao ouvir que eu procurei por ajuda, espero que ele não pense que foi de tanto ter batido em mim, imaginar que ele pensava isso chegava a me deixar com um pouco de raiva, mas certamente não era isso que estava em minha cabeça.

Em passos lentos ia até o quarto de Dulce, já que ela tinha dito na noite anterior que me acompanharia na Dra. Allison.

Eu pensava em Lisa. Tomei para mim seu medo, sua angústia, e até vê-la sentindo esse temor, não percebi o quanto me assustava também ir até a médica hoje e ouvir o resultado dos exames.

Lisa tem seus sonhos, quer ser a mãe que sua mãe nunca foi. Quer ser feliz, quer amar. Se o médico que ela ver disser que por conta da droga ela terá dificuldade de ter filhos? Isso a quebraria.

E o que me quebraria? Talvez até poucas semanas atrás eu dissesse que não importava se os exames dessem algo negativo, eu não tinha nada a perder. Mas... Agora eu tenho. Agora eu tenho Dulce. Eu tenho o amor dela, tenho o futuro que quero viver com ela. Senti meus olhos marejarem, senti o medo percorrer meu corpo.

Cheguei em frente à porta do quarto dela, respirei fundo, tentando controlar o medo. Bati na porta de leve, dando um passo para trás, logo a abriram, era Dulce.

Ela me olhou preocupada, analisou minha expressão.

- Você está bem?

Eu sorri, tentando abafar meu medo.

- Estou, estou. –respondi.

Ela encostou a porta, deu um passo em minha direção, era cautelosa em seus movimentos, o que me deixava com mais medo da consulta, já que quanto mais tempo passava com ela, mais parecia precisar estar ao seu lado.

- Você quer conversar?

Contei-a o que aconteceu, ela me escutou atentamente, então segurou minha mão.

- Mas está tudo bem agora... –ela disse.

Eu concordei com a cabeça, mas ainda estava com medo, sem muito pensar aproximei-me do seu corpo, envolvendo-a em um abraço. Era o que eu precisava, sentir seu cheiro, seu toque, ela.

- Obrigada Dulce, obrigada. –sussurrei.

Após algum tempo nos desvencilhamos, nos olhamos nos olhos, ela continuou segurando minha mão.

- Vamos à consulta? –perguntou.

Respirei por um momento.

- Claro. –respondi, tentando não demonstrar meu medo.

Dulce fechou a porta do quarto que antes estava encostada, e sem soltar minha mão, andamos em direção à sala da médica.

- Depois da consulta Rachel e Amy me convidaram para estudar biologia com outras meninas, não quer vir junto? –Dulce perguntou enquanto caminhávamos.

A idéia de estudar com outras meninas não me parecia muito boa, afinal, a maioria das meninas da escola não me olhavam de uma maneira muito receptiva, além de que eu não me considerava muito inteligente, não queria que os outros também pensassem isso.

- Eu tenho que passar no psicólogo depois. –falei tentando dar uma desculpa.

- É verdade, você não quer que eu vá junto?

- Não precisa.

- Ainda assim podemos te esperar, há muito o que estudar em biologia, vamos Any... Vai ser bom. –ela me olhou.

Eu pensei por um momento.

- Está bem, eu vou. –sorri ao olhar para ela.

Ela respondeu com um sorriso.

Chegamos ao consultório, inconscientemente segurei a mão de Dulce com mais força.

- Ei, -Dulce me chamou em um sussurro, então a olhei, ela deve ter percebido meu medo até então bem disfarçado- eu to aqui.

Por fim ela abriu um singelo sorriso, sua mão ficou acariciando a minha. Eu me rendi ao seu sorriso, esquecendo por um momento do medo. É, seu sorriso me transportou para outro lugar.

- Obrigada.

Sentamo-nos a espera da doutora, que atendia outra aluna em sua sala, mas não demorou muito que a menina sendo atendida saísse.

- Anahí, pode entrar.

Desvencilhei minha mão da de Dulce, entrei na sala e ela logo atrás de mim.

- Sentem-se. –Allison apontou para as cadeiras que ficavam em frente à sua mesa.

Nós sentamos, percebi que Dulce ficou me olhando por algum tempo, Allison começou a remexer em alguns papéis, o que me deixava mais ansiosa.

- Vamos ver. –a médica disse quando achou o que procurava, analisou por algum tempo a folha em sua frente- Bom Anahí, -ela olhou em meus olhos- os resultados dos seus exames não são muito bons, porém poderiam ser piores tendo em vista o tempo de consumo da droga. Mas pelo que vejo aqui, provavelmente todos os danos são reversíveis desde que você siga minhas orientações.

Continuei olhando atenta para a médica, meu coração gritava em meu peito enquanto eu sentia aquela sensação de arrependimento misturada com medo invadindo o meu corpo.

- Seus maiores danos encontram-se no seu pulmão, incluindo vias respiratórias, e no seu cérebro. O que isso quer dizer: como a cocaína foi durante este um ano inalada, seu septo está muito danificado, e seu pulmão contém traumas. Quanto a isso, vou pedir-lhe que pelo menos nos próximos quatro meses não faça qualquer atividade física para que não haja desgaste, isso poderia ser muito perigoso, além disso, vou lhe receitar um remédio que vai ajudar na sua recuperação.

‘Ontem eu fui falar com alguns dos seus professores, e com as informações que eles me passaram, juntamente com os dados que tenho aqui, posso dizer-lhe que o dano em seu cérebro encontra-se relacionado à sua capacidade de concentração, e isso é devido duas coisas: à sua agitação quando está em abstinência, e é claro que o uso da droga que afetou a sua região frontal do cérebro, responsável pela atenção.

‘Mas como eu já lhe disse, são danos reversíveis, os remédios que eu vou lhe receitar ajudarão a se concentrar, mas quero que você também tenha hábito de estudar fora do horário de aula, isso ajudaria, quando entediada, procure um livro para ler, ou algum instrumento que tocar, aqui mesmo na instituição tem. Também vou lhe passar uma dieta, já que você está abaixo do peso requerido para sua estatura.

Mas o peso que estava sentindo por dentro era incrivelmente obeso, permaneci por algum momento sem respirar, foi então que senti uma mão quente encostando-se à minha por baixo da mesa, Dulce estava ali, isso me acalmou um pouco.

- Anahí, - Allison continuou- você precisa saber que a fase que passa agora é a mais importante do tratamento: a fase da sua transição. Então nenhuma dessas prescrições que lhe passei serão eficazes se você não freqüentar ao psicólogo, o que eu fiquei sabendo que aconteceu ontem, isso não pode se repetir até que Richard lhe diga que você não precisa mais ir nas suas consultas diariamente, está bem?

- Sim. –respondi.

Allison anotou uma série de coisas, me deu mais dois vidros de remédios que teria que tomar, um atestado médico para que não fizesse educação física (por mais que eu nunca me movesse mesmo assim durante as aulas) e uma dieta. Eu não sabia se deveria ficar feliz por meus danos serem reversíveis, ou se ficava triste por estar tão debilitada.

Gente, mil desculpas por essa demora toda, realmente não tive como postar esses dias, mas vou postar durante o carnaval ok, não se preocupem. Hehe. Bjos. Espero que estejam gostando. ;*