Fanfic: Streamer (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Anahi e Dulce

Meu Deus, hoje era aniversário de Any e eu sequer sabia. Como eu sou idiota. Era por isso sua felicidade, ai que droga. Eu fiquei sem palavras, ele então aliviou sua expressão. Eu apenas dei as costas e saí em passos rápidos.

Sentia-me um lixo por não saber que era aniversário de Anahí, por passar o dia com ela e não lhe desejar sequer parabéns.

Eu precisava fazer alguma coisa, surpreendê-la, mas eu não tinha idéias. Fui até meu quarto antigo, Rachel estava saindo apressada carregando alguns materiais consigo.

- Dulce, Dulce. Tenho que sair, você quer entrar? –dizia afobada.

- Sim.

- Pega a chave aqui então, -ela colocou a chave na palma de minha mão- me devolve depois.

- Obrigada.

Ela não deve ter ouvido meu agradecimento. Entrei no quarto e por um bom tempo fiquei rondando minhas coisas, procurando algo, mas nada parecia a altura.

Ao perceber que já havia se passado uma hora, corri até o consultório de Richard. Anahí estava encostada em uma das paredes olhando para o chão, à medida que me aproximei ela percebeu e então subiu o olhar para mim, apressei o passo até ela. Parei em sua frente, ela sorriu para mim.

- Vamos? –perguntou.

Eu sorri, tentando parecer o mais normal possível, não queria demonstrar que sabia do seu aniversário. Apenas assenti, peguei na sua mão gelada e nós andamos calmamente pelo corredor.

- Então você realmente preparou minha aula. –ela olhou para a pasta preta que eu carregava em minhas mãos cuja capa tinha escrito “Tablaturas”.

Ela disse em tom irônico, em seguida riu.

- É, quase isso.

Sorri para ela, nós passávamos pela recepção naquele momento.

- Como foi com Richard?

- Ah, foi bom.

Eu a olhei, ela fez o mesmo. Sua expressão não fazia jus a sua resposta, ela também percebeu isso.

- Ele pergunta coisas sobre a minha mãe, coisas que nem eu sei, coisas que doem pensar. –Anahí disse, seu olhar era confuso.

Continuei olhando-a.

- O que eu faria se ela voltasse. –ela relembrou a pergunta- Eu sei que ele quer que eu ache respostas, mas não acho que essas sejam as perguntas certas, sabe?

- Ou talvez ainda não seja hora de respondê-las. –falei em um tom baixo.

- É. –concordou tornando seu olhar para os pés.

- Você não precisa ter pressa amor, -continuei olhando em sua direção esperando que ela me olhasse também- tudo leva seu tempo, cedo ou tarde você encontrará as respostas necessárias.

Ela finalmente me olhou, nós paramos em frente à porta da sala do piano, frente a frente.

- Acontece que eu já tenho a resposta que preciso, Dul. – Não preciso de nenhuma outra.

Eu entendi o que quis dizer, então não haviam palavras a serem ditas. Olhei-a profundamente esperando que pudesse entender o que eu sentia, ela sorriu sem mostrar os dentes. Aquele olhar parecia durar minutos, eram tantas coisas ditas em silêncio, subentendidas.

Eu não queria que aquele sonho acabasse nunca mais.

Ela também deve ter entendido isso em meu olhar. Agora seu sorriso se expandiu, ela olhou para baixo corada. Colocou sua mão na maçaneta da porta e abrindo-a. Entrei depois dela, era perceptível a diferença de temperatura entre um corredor e aquela sala, a grande lareira aquecia o ambiente, tornando-o muito mais aconchegante. Fechei a porta enquanto Anahí permaneceu de pé esperando no centro da sala. Fui até o canto onde ficava o piano, sentei-me em uma ponta do banco, olhei para Anahí ainda parada no centro da sala, apenas coloquei a palma de minha mão sobre o outro canto do banco, sinalizando que sentasse ao meu lado.

Abri a minha pasta, pegando a primeira folha que já estava separada colocando-a no apoio que ficava sobre as teclas. Na parte de cima da folha estava escrito o título em negrito: “Love me Tender”. Não quis olhar para a expressão de Anahí, ela não falou nada. Posicionei então meus dedos sobre as teclas olhando para estas.

Deixei que meus dedos percorressem as teclas formando a melodia perfeita. Sentia o corpo de Anahí próximo ao meu, mas não sentia sua respiração em meu ombro, estava tão, ou mais, concentrada que eu. Minha intenção primeiramente era apenas tocar, sem dizer qualquer palavra, mas a música tocava em minha cabeça e a letra era exatamente o que eu sentia. Minha voz era baixa, no meu tom normal, citei apenas alguns trechos. Senti os olhos de Any intercalarem em meu rosto e minhas mãos.

You have made my life complete,

And I love you so.

I`ll be yours through all the years,

Till the end of time.

For my darlin` I love you,

And I always will. ¹

Após tocar a última nota fiquei olhando para minhas mãos por um momento.

- Eu sei que isso pode ter sido brega, mas foi uma forma que encontrei de te dizer o quanto te amo, e me desculpar por...

Any pegou com as suas duas mãos uma das minhas que pousava sobre as teclas, colocou-a cuidadosamente um pouco abaixo de seu pescoço e acima de seus peitos onde eu poderia sentir seu coração. Ele batia com tanta velocidade que cheguei a me assustar por um momento, olhei para minha mão pousando em seu coração em seguida olhei em seu rosto. Nunca a vira sorrir daquela maneira.

- Obrigada amor, obrigada. –falou com aquele sorriso enorme no rosto.

Eu não soube o que dizer a não ser retribuir o sorriso.

- Eu te amo, tanto. –ela disse rapidamente envolvendo seus braços sobre meus ombros e pressionando nossos corpos.

Retribui o abraço, com os braços em sua cintura.

- Desculpe por não saber do seu aniversário? –falei com o queixo apoiado em seu ombro.

- Claro que desculpo, meu amor.

Minha reação foi apenas abraçá-la com mais força, eu respirei fundo, nós nos desvencilhamos apenas alguns centímetros, o suficiente para que pudéssemos nos olhar nos olhos e envolvermo-nos em um beijo, ignorando qualquer possibilidade de alguém entrar ali, mas eu sabia como ninguém o quanto essa possibilidade era remota.

¹:

Você fez minha vida completa,

E eu te amo tanto,

Eu serei sua por todos os anos,

Até o final de tudo.

Pois, minha querida, eu te amo,

E eu sempre irei.

Após um bom tempo envolvidas em carícias e beijos, e após também várias tentativas vãs de nos desvencilharmos, comecei a ensinar as coisas básicas.

- Bom Any, no piano existem as teclas brancas –eu gesticulava com as mãos enquanto falava- e as teclas pretas, que estão sempre em grupos de dois aqui, -eu apontava- e três aqui. Cada tecla branca representa um tom, -eu peguei sua mão cuidadosamente posicionando-a nas teclas- este é o dó, -apertei meu dedo contra o seu fazendo com que o som saísse- ré, mi, fá, sol, lá, si. Depois começa a mesma escala novamente em outro tom, e as teclas pretas representam meio tom.